Adequação de máquinas agrícolas

Adequação dos tratores às atividades que irá desenvolver é uma necessidade básica, pois um erro na lastragem pode comprometer a operação a ser realizada

27.05.2020 | 20:59 (UTC -3)

A adequação dos tratores às atividades que irá desenvolver é uma necessidade básica, pois um erro na lastragem, por exemplo, pode comprometer a operação a ser realizada.

Ao adquirir um equipamento agrícola, seja um trator, uma máquina ou implemento, o produtor rural se depara com uma gama de regulagens possíveis nesses equipamentos, todas explicadas no manual do operador. O que muitos não sabem é para que, o porquê e a necessidade dessas alterações.

Um exemplo clássico é o lastro do trator, pois muitos produtores se perguntam para que serve, quando deve-se adicionar ou retirar, se estão tendo benefícios ou prejuízos, se estão operando na velocidade correta e se a pressão interna de ar nos pneus está correta. Todas essas perguntas que assombram a cabeça do produtor têm resposta na adequação da máquina.

A adequação consiste num conjunto de modificações a serem realizadas em um equipamento de forma a deixá-lo propício e receptivo em diferentes condições. Por exemplo, um operador vai realizar uma subsolagem, atividade considerada pesada, ele deve então colocar mais lastro no trator para diminuir o patinamento do rodado e, consequentemente, a perda de potência do trator.

A lastragem insuficiente pode ocasionar problemas como a patinagem.
A lastragem insuficiente pode ocasionar problemas como a patinagem.

CARACTERÍSTICAS/BENEFÍCIOS DA ADEQUAÇÃO

Atualmente, a busca pelo aumento da eficiência é evidenciada em todos os setores de produção e uma das formas de aumentar a eficiência no trabalho com máquinas agrícolas é adequando o trator ao implemento que está acoplado (Santos, 2010), além disso, a correta adequação também reflete em maior capacidade de trabalho e menor consumo de combustível (Mialhe, 1974), sendo este último um dos custos mais elevados nas operações agrícolas.

A adequação de tratores agrícolas está diretamente relacionada com o peso do trator e, para que um implemento seja utilizado racionalmente, também é necessário conhecer as condições de solo que ele vai atender (Mantovani, 1999). Em teoria, para cada condição de solo haveria a necessidade de uma adequação diferente para o mesmo conjunto trator-implemento. Também deve ser considerada a grande variedade de máquinas agrícolas disponíveis no mercado, possibilitando que o agricultor escolha uma melhor combinação para atender a sua demanda.

Portanto, se o conjunto trator-implemento exceder a demanda necessária de potência, há um aumento no custo de produção, porque os equipamentos foram subutilizados. De modo contrário, se o conjunto trator-implemento não atender a demanda necessária de potência, as operações podem não ser realizadas, pois o trator não conseguirá tracionar o equipamento agrícola, o que irá causar prejuízos. Em termos práticos, em operações pesadas, um trator com pouco lastro pode apresentar altos índices de patinagem, aumentando o desgaste dos pneus e reduzindo eficiência da operação, já um trator com excesso de lastro pode causar compactação do solo (Barbosa, 2004).

Os tratores agrícolas podem ser lastrados adicionando água nos pneus e/ou com peças metálicas colocadas nos rodados e na dianteira do trator. Em alguns tratores os lastros metálicos são usados na parte externa do rodado e, em outros os lastros metálicos são colocados na parte interna e externa do rodado. Entretanto, o operador não costuma remover ou adicionar lastros metálicos para atender as necessidades de peso, porque é uma tarefa que exige tempo e esforço físico.

O peso a ser distribuído nos eixos do trator vai depender da operação.
O peso a ser distribuído nos eixos do trator vai depender da operação.

A lastragem insuficiente pode ocasionar problemas como a patinagem excessiva dos rodados, perda de potência e de tração, desgaste acentuado dos pneus, alto consumo de combustível e baixa produtividade da operação. Já a lastragem excessiva por outro lado pode ocasionar problemas como aumento da carga sobre a transmissão, perda de potência e de tração, rompimento das garras dos pneus, compactação do solo, alto consumo de combustível e baixa produtividade.

Monteiro e Arbex (2009) relatam que para uma adequação correta são utilizados alguns passos, o primeiro é a relação peso/potência e essa determinação é feita tomando como base a operação a ser realizada. O peso do trator deverá ser sua potência vezes 50, se for uma operação leve; 55, se for uma operação média, e 60 se for uma operação pesada. Tomando como base novamente a subsolagem, atividade pesada, com um trator de 120cv, então o peso do trator deve ser 7.200kg.

Já o peso a ser distribuído nos eixos do trator vai depender da operação a ser realizada e do tipo de trator, tudo em função da relação peso/potência, assim as operações montadas em um trator 4x2 vão ter distribuições diferentes de uma operação com equipamento de arrasto no mesmo trator. Estes valores são apresentados na Tabela 1. Assim, se um trator 4x2 com 5.000kg vai realizar uma operação leve com um equipamento de arrasto, sua distribuição de peso vai ser 1.250kg no eixo dianteiro e 3.750kg no eixo traseiro.

Outro aspecto importante a ser considerado na adequação de tratores agrícolas é o ajuste dos componentes da plataforma de operação. Entretanto, pesquisas realizadas demonstram a necessidade de adequação dos tratores para o trabalhador rural brasileiro. A área de mecanização agrícola possui uma característica de inadequação ergonômica dos sistemas tratorizados, pois utilizam a tecnologia de outros países.

A qualidade ergonômica do produto inclui a facilidade do manuseio, a adaptação antropométrica, o fornecimento claro de informações, as compatibilidades de movimentos e demais itens de conforto e segurança, o que justifica a sua aplicação no contexto do maquinário agrícola. A melhoria das condições de segurança e conforto ao operador do trator agrícola pode contribuir no incremento da produtividade (Vilagra, 2009).

De um modo geral, um trator bem adequado para operação desejada, com distribuição correta do peso nos eixos, pressão interna do pneu adequada em função da carga no pneu e com patinamento recomendado para o tipo de superfície de contato, traz como benefícios economia de combustível, ganho de tempo na operação, menor desgaste do pneu e principalmente a redução na degradação do solo.

Os solos preparados com tratores com sobrepeso tendem a ser compactados mais rapidamente, assim, um menor número de passadas do trator é necessário para aumentar a densidade do solo. Não só o sobrepeso do trator influencia, mas o uso de velocidades inadequadas à operação também pode agravar a situação, isso ocorre devido ao excesso de peso por unidade de área durante um determinado período de tempo, pois tratores em velocidades mais baixas tendem a ficar mais tempo sobre um mesmo ponto, piorando ainda mais a situação.

Com a agricultura moderna, a adequação deixou de ser opcional para se tornar imprescindível em um sistema que busca cada vez mais a excelência com um mínimo de perda de forma sustentável.

A adequação de tratores agrícolas está diretamente relacionada com o peso do trator: também é necessário conhecer as condições de solo.
A adequação de tratores agrícolas está diretamente relacionada com o peso do trator: também é necessário conhecer as condições de solo.
A adequação de tratores agrícolas está diretamente relacionada com o peso do trator: também é necessário conhecer as condições de solo.
A adequação de tratores agrícolas está diretamente relacionada com o peso do trator: também é necessário conhecer as condições de solo.


Jefferson Auteliano Carvalho Dutra, Deivielison Ximenes Siqueira Macedo, Leonardo de Almeida Monteiro, Viviane Castro dos Santos, Daniel Albiero, Enio Costa, UFC


Artigo publicado na edição 161 da Cultivar Máquinas. 


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