Lastragem otimiza tração e reduz custos na operação
Por Lucas de Arruda Viana, Universidade Federal de Viçosa
A florada do café está diretamente relacionada com a produtividade do cafeeiro. Em condições naturais, as floradas são induzidas pelas primeiras chuvas, após um período de seca. Normalmente ocorre de setembro a novembro, quando os botões florais diferenciados, após passarem por um período de dormência, tornam-se sensíveis ou fisiologicamente maduros e reagem aos estímulos externos desencadeadores de um rápido crescimento, que dura cerca de 10 dias, a depender da temperatura, levando à abertura das flores (antese), finalizando o processo de floração.
Diversos fatores como doenças, fotoperíodo, temperatura, disponibilidade hídrica e balanço hormonal interferem na florada. Estar atento a esses fatores que interferem no florescimento é essencial para alcançar alta produtividade. A área foliar, a atividade fotossintética das folhas e o adequado suprimento de carboidratos são fundamentais para o pegamento da florada.
O abortamento de parte das flores do cafeeiro é um processo que irá ocorrer, pois as plantas de café produzem muito mais flores do que aquelas que efetivamente evoluem até frutos, ou seja, a planta de café produz mais flores do que as reservas de fotoassimilados são capazes de transformar em frutos. No entanto, a retenção de folhas e a nutrição adequada atenua o abortamento floral.
Você sabe quanto representa em sacas por hectare uma flor de café? Com base nos componentes de produção da cultura do café podemos calcular o impacto econômico da perda de uma flor de café. Na Tabela 1 estão apresentados dados médios de componentes da produção do café para exemplificar o impacto da perda de uma flor na produtividade da cultura.
Com base nos valores da Tabela 1, podemos calcular a perda de uma flor por roseta. E é possível concluir que uma única flor perdida por roseta pode resultar em uma perda média de 8 sacas de café arábica por hectare, evidenciado, de forma prática, a importância das flores para a produtividade do cafeeiro.
Flores/planta = 1 x 5 x 80 = 400
Flores/planta = 1 x 5 x 80 = 400
Frutos/ha = 400 x 5.000 = 2.000.000
Litros/ha = 2.000.000 / 500 (frutos/litro) = 4.000
Sacas/ha = 4.000 x 500 (litros/saca) = 8 sacas/ha
Práticas inovadoras no manejo da nutrição e da fisiologia da planta de café são importantes para permitir que as plantas atinjam seu máximo potencial produtivo. A nutrição mineral é fator fundamental para o desenvolvimento do cafeeiro e consequentemente bom desenvolvimento e pagamento da florada. A adubação com macro e micronutrientes de forma equilibrada e personalizada para cada talhão da lavoura assegura que os cafeeiros disponham dos elementos necessários para garantir o maior pegamento da florada e consequentemente a maior produção de frutos de café.
Além da nutrição mineral, o conhecimento da fisiologia da planta de café e o manejo da cultura por meio da aplicação de bioestimulantes, tecnologias que atuam no metabolismo da planta, têm demonstrado efeitos positivos no maior pegamento da florada, sobretudo por atuar na mitigação do estresse abiótico em cafeeiros.
As principais categorias de bioestimulantes de plantas são: (i) microrganismos, dentre eles bactérias e fungos benéficos; (ii) ácidos húmicos; (iii) ácidos fúlvicos; (iv) aminoácidos; e (v) extratos de algas marinhas. Os bioestimulantes quando aplicados às culturas estimulam o metabolismo das plantas, aumentando a eficiência de absorção de nutrientes, a tolerância a estresses abióticos e, consequentemente, incremento na produtividade e maior qualidade do produto colhido.
É também cada vez mais evidente que as interações de micro-organismos e plantas influenciam as respostas das culturas aos estresses, como térmico, deficiência hídrica, inundação, salinidade e metais pesados. Os bioinsumos são tecnologias inovadoras utilizadas no manejo do cafeeiro para promover o maior pegamento da florada. Os micro-organismos podem atuar por meio de mecanismos como mineralização e disponibilidade de nutrientes, secreção de hormônios, produção de sideróforos e outros metabólitos secundários, formação de biofilme, sinalização celular e supressão de doenças.
As estratégias de manejo citadas acima podem ser adotadas e, quando bem utilizadas e adequadas ao manejo de cada fazenda, contribuem para o sucesso da florada. Além disso, têm papel relevante no desenvolvimento de uma cafeicultura mais integrativa e sustentável.
* Por Karla Vilaça Martins, engenheira agrônoma, consultora de desenvolvimento técnico da ICL
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura