Agronegócio e o mercado de trabalho
Por Décio Luiz Gazzoni, pesquisador da Embrapa e membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS)
A cultura da cana-de-açúcar (Saccharum spp.) no Brasil merece destaque por gerar empregos, renda e impactar positivamente na balança comercial do país. Dentre os fatores de expansão da cultura da cana-de-açúcar, a versatilidade de uso é o principal. Pode-se produzir energia renovável, tanto pelo etanol quanto pela cogeração de energia através da queima do bagaço e da palha recolhida no campo. Outra funcionalidade é a produção de açúcar para a alimentação humana e animal. Sob o ponto de vista de conservação dos solos, a transformação de pastagem extensiva em área de cultivo de cana-de-açúcar caracteriza uma estratégia sustentável para melhorar as características químicas do solo, como o aumento dos nutrientes e a redução da acidez do solo devido ao fornecimento de calcário e fertilizantes.
A nutrição de plantas é um fator decisivo para a saúde e produtividade da cana-de-açúcar. Fornecer os nutrientes certos no momento certo pode transformar sua lavoura, aumentando a eficiência dos processos fisiológicos essenciais, como a fotossíntese, a respiração e a síntese de proteínas.
Os macronutrientes são a base da vitalidade da cana-de-açúcar. O nitrogênio é um impulsionador crucial do crescimento vegetativo, sendo um componente vital de aminoácidos, proteínas e clorofila, essenciais para uma fotossíntese eficiente. Plantas bem nutridas com nitrogênio apresentam um crescimento vigoroso e folhas verdes saudáveis, melhorando a capacidade de captação de luz e produção de energia.
O fósforo é indispensável para o desenvolvimento robusto das raízes e a maturação precoce das plantas, participando ativamente na transferência de energia dentro da planta, promovendo um sistema radicular forte que garante a absorção eficiente de água e nutrientes. O potássio, por sua vez, é essencial para a regulação osmótica e a ativação de enzimas, melhorando a resistência das plantas a condições adversas como seca e doenças, além de otimizar a qualidade da sacarose acumulada nos colmos, impactando diretamente na tonelada de cana por hectare (TCH) e açúcares totais recuperáveis (ATR).
O cálcio é fundamental para a estabilidade da parede celular e a sinalização celular, promovendo um crescimento radicular forte e a resistência a estresses. O magnésio é um componente central da molécula de clorofila e essencial para a fotossíntese, além de atuar na ativação de várias enzimas envolvidas no metabolismo energético. Plantas bem nutridas com magnésio mostram folhas verdes e saudáveis, com uma capacidade fotossintética otimizada. O enxofre, fundamental para a síntese de aminoácidos e proteínas e importante para a formação de clorofila, também melhora a resistência das plantas a doenças, resultando em plantas mais robustas e com crescimento vigoroso.
Os micronutrientes, embora necessários em menores quantidades, têm impactos macro na produtividade e longevidade. O boro, importante para a integridade das membranas celulares e desenvolvimento de tecidos, contribui para o transporte de açúcares e carboidratos dentro da planta, promovendo uma distribuição eficiente dos produtos da fotossíntese das folhas para outras partes da planta, como raízes e colmos. O zinco é essencial para a síntese de hormônios de crescimento e enzimas vitais, garantindo um crescimento equilibrado e vigoroso.
Monitorar os níveis de nutrientes com análises regulares de solo e foliar é de suma importância para ajustar a fertilização conforme necessário, garantindo que as plantas recebam exatamente o que precisam. Aplicar nutrientes de maneira balanceada evita deficiências e excessos, proporcionando um crescimento uniforme e saudável. Dentre as alternativas tecnológicas, o uso de fertilizantes convencionais modificados se destaca. Aditivos orgânicos são empregados para revestir os nutrientes, com o objetivo de alterar o fluxo difusivo, reduzir a taxa de fixação e aumentar a disponibilidade para a cultura durante todo o ciclo produtivo.
O uso de fertilizantes de liberação gradual fornece nutrientes de forma constante, melhorando a eficiência e reduzindo perdas por volatilização, fixação e lixiviação. Incorporar tecnologias que protejam os nutrientes, como substâncias húmicas e polímeros, altera o fluxo difusivo e permite a disponibilização dos nutrientes nos momentos em que a planta demanda, promovendo uma agricultura mais consciente e sustentável.
A nutrição adequada das plantas resulta em colheitas mais vigorosas e produtivas, ano após ano. Plantas bem nutridas resistem melhor a estresses ambientais e bióticos, garantindo uma produção contínua e de alta qualidade. Dados de campo mostram que práticas nutricionais avançadas podem aumentar significativamente a tonelada de cana por hectare (TCH) e os açúcares totais recuperáveis (ATR), levando a uma maior rentabilidade.
Lançar mão de uma nutrição vegetal avançada é investir no futuro da sua lavoura de cana-de-açúcar. Utilize práticas de manejo nutricional equilibradas e de liberação gradual para garantir excelente produtividades e lucratividade ao longo dos anos.
Por Danilo Storti, gestor de portfólio da Loyder Brasil
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