Plantio mecanizado: estudo comparativo da utilização de sistemas de GNSS
Por Maíra Laskoski, Julio Soczki, Guilherme Luis Parize, Leonardo Leonidas Kamiecik, Thiago da Silva Xavier e Samir Paulo Jasper, da Universidade Federal do Paraná
O uso de máquinas no campo tem contribuído muito para a execução de todas as atividades necessárias para a produção de alimentos, fibras e energia. Cada etapa do processo produtivo – preparo da área para o plantio; implantação da cultura; manejo de pragas, doenças, plantas daninhas; colheita; pós-colheita – demanda equipamentos específicos. Independentemente do tamanho da propriedade existe um equipamento especificamente dimensionado para auxiliar na execução dessas atividades.
Na produção de grãos, especial importância é dada aos equipamentos que asseguram a sanidade dos cultivos, a partir da aplicação de produtos fitossanitários e/ou nutrientes: os pulverizadores. O pulverizador é o equipamento acionado com maior frequência durante a safra, encontrando-se nele, portanto, uma ótima oportunidade para otimizar os resultados da cultura.
A frequência das aplicações, o tamanho da área a ser tratada e a capacidade operacional da máquina são determinantes para a escolha do pulverizador adequado. Para verificar a capacidade operacional, considera-se a velocidade de trabalho que o campo permite operar e o comprimento total da barra, aliado ao número de horas diárias em que será possível aplicar (considerando condições meteorológicas favoráveis à aplicação, turnos de trabalho, tempos dedicados em deslocamentos e preparo da calda).
As tecnologias embarcadas nesses equipamentos visam facilitar a operação, trazendo ao operador algumas facilidades que auxiliam na qualidade do serviço realizado. Destacam-se os sinais de georreferenciamento, direção assistida, cortes automáticos de seções de pulverização, sensores de posicionamento de barras, sistemas de agitação de calda eficientes, manutenção da qualidade de aplicação em mudanças de velocidade de deslocamento e/ou aceleração do trator, válvulas especiais para pulverização pulsada, com possibilidade de adequação do tamanho das gotas independentemente de mudanças de velocidade da máquina, sensores para aplicações localizadas (plantas daninhas).
Pulverizadores com reservatórios de maior capacidade são preferidos quando se objetiva reduzir a frequência das paradas para abastecimento e o tempo gasto em deslocamentos. Cabe salientar que o tamanho do reservatório do pulverizador deve ser compatível com a capacidade do trator em tracionar a máquina em todas as condições da fazenda, nos deslocamentos e nos pontos de maior desafio para o conjunto, como em terreno de topografia irregular e inclinada. As barras de maior tamanho são preferidas quando o objetivo é aumentar a capacidade operacional do pulverizador, ou seja, aumentar a área aplicada por unidade de tempo, além de influenciar diretamente no amassamento da cultura, frente a diminuição da frequência de rastros do trator no talhão. A definição do tamanho das barras também deve considerar as condições de topografia (regularidade da superfície e inclinação), já que as oscilações verticais decorrentes da movimentação do trator aumentam o risco de as extremidades das barras se chocarem com o solo. O formato e o tamanho dos talhões também influenciam no tamanho da barra ideal: quanto menor o talhão, mais recortado e irregular, maior será o desafio para barras maiores.
Um pulverizador subdimensionado implicará no uso acima dos limites operacionais adequados, como velocidade de trabalho muito alta, pressão do circuito de pulverização muito elevada, trabalho em condições meteorológicas inadequadas, prejudicando a qualidade da aplicação com consequente prejuízo no controle do agente de dano e produtividade da cultura. Além disso, aumentam as chances de problemas mecânicos no equipamento em decorrência do uso fora de suas recomendações técnicas, reduzindo sua vida útil.
Desde os primeiros pulverizadores utilizados na aplicação dos produtos fitossanitários até os modernos pulverizadores atuais, alguns componentes continuam desempenhando funções vitais, como o reservatório para comportar a calda, a bomba para pressurizar o líquido, mangueiras e ramais para conduzir e distribuir a calda, e as pontas de pulverização, popularmente conhecidas por bicos. Todavia, diversos componentes foram inseridos ao sistema, objetivando sanar alguma deficiência ou aprimorar a maneira com que alguma atividade é realizada.
O formato dos reservatórios e o material que os constitui foi aprimorado com o tempo, no intuito de otimizar a mistura e homogeneização dos produtos na calda, evitar “pontos mortos” de baixa movimentação da calda e predisposição à sedimentação, com superfícies lisas e de baixa porosidade, buscando reduzir a retenção de partículas e facilitar a descontaminação do pulverizador.
Os sistemas de agitação de calda, tão importantes para misturar os produtos inseridos no reservatório e manter a calda homogênea do início ao fim da aplicação, ganharam melhorias importantes, com agitadores hidráulicos do tipo venturi de elevada capacidade, dimensionados e posicionados de maneira estratégica para contemplar todos os pontos do reservatório, agitadores mecânicos também bem dimensionados e posicionados, com a possibilidade de regulagem de níveis de agitação de acordo com a quantidade de calda presente no reservatório ou de acordo com o comando dado pelo operador da máquina. Tudo para manter a qualidade da calda a mais elevada possível.
As bombas de pressurização da calda seguiram duas vertentes distintas, uma buscando elevada eficiência energética, com alta capacidade de deslocamento de líquidos, representado pelas bombas centrífugas; e outra vertente que prima por maior linearidade na vazão, independentemente da pressão do circuito, característico de bombas de deslocamento positivo, representado pelas bombas de pistão e diafragma.
O circuito hidráulico, por onde a calda é transportada do reservatório aos bicos, recebeu alguns componentes. Os filtros de elevada capacidade evitam que particulados maiores alcancem os bicos e causem obstruções. O fluxômetro faz leituras precisas de vazão, permitindo ajustes minuciosos na aplicação. As válvulas e registros direcionam a calda e regulam a pressão e, acionadas de maneira manual ou automática, possibilitam modificações importantes durante a aplicação. Algumas dessas válvulas são acionadas por atuadores que efetuam a abertura ou fechamento a partir de informações vindas do sistema de georreferenciamento, permitindo o corte automático de seções, o que resulta em economias expressivas de calda devido à redução das áreas com sobreposição de aplicação aliadoà redução de falhas. Essa tecnologia também torna possível as aplicações pontuais de acordo com mapas pré-processados ou a partir de comandos vindos de sensores da própria máquina, em tempo real.
Nos corpos dos bicos, as válvulas anti-gotejo eliminaram os desperdícios e contaminação decorrente da perda da calda acumulada no interior dos ramais após a interrupção da aplicação. Os filtros de bicos, desde que bem dimensionados, permitem a continuidade da aplicação, evitando paradas para desobstrução das pontas de pulverização devido a particulados que possam se depositar nos orifícios de saída da calda. Os diversos modelos e vazões de bicos permitem uma escolha minuciosa quanto ao tamanho de gotas requerido, pressões mínimas e máximas de trabalho, propensão de gotas à deriva, uniformidade de gotas, direção de projeção dos jatos e durabilidade dos bicos de acordo com o material utilizado em sua fabricação e as condições que ocorrem no trabalho, como propriedades físicas da calda e pressão de trabalho.
Algumas outras tecnologias presentes nos bicos revolucionaram a qualidade na aplicação, como as válvulas que permitem a abertura e fechamento de cada um dos bicos do pulverizador, reduzindo a extensão das seções para o mínimo possível (espaçamento entre bicos), que confere à máquina a possibilidade de diminuir ao extremo as sobreposições e falhas, além de viabilizar grandes economias de produtos em aplicações localizadas. Outra tecnologia cuja adoção vem crescendo nos últimos anos é a pulverização pulsada (Pulse Width Modulation – PWM), que além do benefício de abertura independente de bicos, pode alterar a vazão de cada um dos bicos sem a necessidade de modificações na pressão do circuito, o que favorece a manutenção do tamanho das gotas, que são influenciadas pela mudança na pressão da calda.
A escolha do pulverizador correto é crucial para garantir a eficácia das operações agrícolas e a saúde das culturas. Considerar fatores como a frequência das aplicações, o tamanho da área a ser tratada, a capacidade operacional da máquina e as tecnologias embarcadas podem maximizar os resultados e a eficiência do trabalho. Um pulverizador bem dimensionado, com componentes de qualidade e tecnologias avançadas, contribui para uma aplicação uniforme e precisa, economizando tempo e recursos além de prolongar a vida útil do equipamento. Portanto, é fundamental realizar uma análise cuidadosa das necessidades específicas da fazenda antes de investir em um pulverizador de barras, assegurando que o equipamento escolhido seja adequado para as condições e desafios do campo. Em última instância, a escolha do pulverizador certo é um investimento estratégico que pode resultar em colheitas mais saudáveis e produtivas, garantindo a sustentabilidade e rentabilidade da produção agrícola.
*Por Fabiano Griesang, especialista de produto da Jacto
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura
Por Maíra Laskoski, Julio Soczki, Guilherme Luis Parize, Leonardo Leonidas Kamiecik, Thiago da Silva Xavier e Samir Paulo Jasper, da Universidade Federal do Paraná
Deivid Sacon, Valéria C. Holtman e César M. de Oliveira (UFV); Maurício Silva Stefanelo e Guilherme Almeida Ohl (Ceres Consultoria Agronômica); Sérgio H. Brommonschenkel (UFV)