Diuron

17.06.2025 | 09:40 (UTC -3)

Diuron é um dos herbicidas mais estabelecidos no manejo de plantas daninhas, mantendo relevância significativa nos sistemas agrícolas modernos devido ao seu modo de ação específico e amplo espectro de controle. Este princípio ativo, pertencente à classe química das uréias substituídas.

Nome comum (ISO): Diuron

Nome químico oficial: 3-(3,4-diclorofenil)-1,1-dimetiluréia

Fórmula química bruta: C9H10Cl2N2O

Número CAS: 330-54-1

Peso molecular: 233.095 g/mol

A história do diuron remonta à década de 1950, quando foi introduzido no mercado agrícola como um dos primeiros herbicidas de amplo espectro eficazes no controle de plantas daninhas tanto em pré-emergência quanto em pós-emergência.

Seu desenvolvimento representou um marco na evolução dos herbicidas inibidores da fotossíntese, sendo amplamente adotado em culturas como algodão, cana-de-açúcar, citros e outras culturas perenes, estabelecendo-se como ferramenta fundamental no manejo integrado de plantas daninhas.

Modo de ação

O mecanismo bioquímico do diuron fundamenta-se na inibição da fotossíntese no fotossistema II, classificando-o no grupo C2 segundo o HRAC (Herbicide Resistance Action Committee).

O princípio ativo atua como antagonista competitivo da plastoquinona QB, ligando-se especificamente ao sítio de ligação da plastoquinona no complexo do fotossistema II, localizado na proteína D1 dos cloroplastos. Esta inibição do transporte de elétrons resulta no bloqueio da produção de ATP e NADPH, componentes essenciais para a fixação de CO2 na fase escura da fotossíntese.

Simultaneamente, ocorre o acúmulo de energia luminosa que não pode ser dissipada adequadamente, levando à formação de espécies reativas de oxigênio que causam peroxidação lipídica e destruição das membranas celulares.

Os sintomas característicos da ação do diuron manifestam-se inicialmente como clorose internerval, evoluindo progressivamente para necrose foliar. As plantas afetadas apresentam amarelecimento característico iniciando-se pelas margens foliares, seguido de necrose e eventual morte da planta. Em condições de alta luminosidade, os sintomas são intensificados devido ao aumento do estresse oxidativo.

Os primeiros sintomas de clorose tornam-se visíveis entre 3 a 7 dias após a aplicação, dependendo das condições ambientais, com necrose evidente entre 7 a 14 dias em plantas suscetíveis.

Espectro de controle

O espectro de controle do diuron caracteriza-se por sua amplitude, sendo particularmente eficaz contra gramíneas anuais e diversas espécies de folhas largas em estádios iniciais de desenvolvimento.

Entre as espécies controladas com alta eficiência encontram-se gramíneas como Digitaria horizontalis (capim-colchão), Eleusine indica (capim-pé-de-galinha), Brachiaria plantaginea (capim-marmelada) e Panicum maximum (capim-colonião), além de folhas largas como Amaranthus spp. (caruru), Portulaca oleracea (beldroega), Euphorbia heterophylla (amendoim-bravo) e Bidens pilosa (picão-preto).

Algumas espécies apresentam controle parcial, incluindo Cenchrus echinatus (capim-carrapicho) em estádios mais avançados, Ipomoea spp. (corda-de-viola) com desenvolvimento vigoroso e Commelina benghalensis (trapoeraba) em condições de alta umidade.

Por outro lado, culturas estabelecidas como algodão, cana-de-açúcar e citros demonstram tolerância natural, assim como algumas gramíneas perenes com sistema radicular profundo e biótipos resistentes desenvolvidos por metabolismo aumentado.

Técnicas de aplicação

As recomendações técnicas de aplicação do diuron variam conforme o momento e as condições de aplicação.

Para aplicações em pré-emergência, recomenda-se dosagem entre 1,5 a 3,0 kg i.a./ha, enquanto para pós-emergência precoce utiliza-se 1,0 a 2,5 kg i.a./ha, podendo chegar a 4,0 kg i.a./ha em situações de infestação severa ou espécies tolerantes.

O estádio de desenvolvimento das plantas-alvo é crucial para o sucesso da aplicação, sendo ideal a aplicação em pré-emergência no solo após plantio da cultura ou em pós-emergência com plantas daninhas apresentando 2 a 4 folhas definitivas.

As condições climáticas ideais incluem temperatura entre 20-30°C, umidade relativa superior a 60% para aplicações foliares, vento inferior a 10 km/h e ausência de chuva por pelo menos 6 horas após aplicação foliar.

A compatibilidade do diuron com outros agroquímicos é geralmente boa, apresentando compatibilidade física e química com herbicidas de contato e sistêmicos, bem como com inseticidas organofosforados e piretróides.

Misturas comuns incluem diuron com glifosato para ampliação do espectro, com 2,4-D para controle aprimorado de folhas largas e com MSMA para gramíneas problemáticas.No entanto, deve-se evitar misturas com produtos alcalinos, fertilizantes ricos em ferro e herbicidas com alta demanda de surfactante.

Resistência e manejo de resistência

A questão da resistência ao diuron representa um desafio crescente no manejo moderno de plantas daninhas.

Casos documentados de resistência incluem populações de Digitaria sanguinalis que desenvolveram resistência através do aumento do metabolismo do herbicida, sendo o mecanismo mais comum a capacidade de degradar o produto em compostos menos tóxicos. Os mecanismos de resistência identificados incluem metabolismo aumentado, redução na absorção foliar, alterações no sítio de ação e compartimentalização celular.

As estratégias de manejo da resistência envolvem rotação com herbicidas de mecanismos de ação distintos, alternância com diferentes grupos HRAC, monitoramento regular da eficácia, rotação de culturas e integração com controle mecânico.

Eficácia agronômica

A eficácia agronômica do diuron é influenciada por diversos fatores ambientais e edáficos. A precipitação exerce papel fundamental, pois chuvas excessivas podem lixiviar o produto, enquanto períodos secos prolongados reduzem sua ativação no solo.

A temperatura afeta tanto a degradação quanto a absorção do produto, sendo que temperaturas elevadas aceleram a degradação microbiana e temperaturas baixas diminuem a absorção.

As características do solo, particularmente textura e teor de matéria orgânica, influenciam significativamente a disponibilidade e persistência do produto.

O posicionamento estratégico do diuron varia conforme a cultura e o sistema de produção.

No algodão, aproveita-se a seletividade posicional com aplicações em pré-emergência ou pós-emergência precoce.

Na cana-de-açúcar, constitui excelente opção para controle em área total ou jato dirigido, especialmente eficaz no manejo de soqueiras.

Em citros, a aplicação na projeção da copa ou em faixas proporciona controle eficaz de plantas daninhas anuais.

No café, sua utilização em faixas ou coroamento oferece excelente controle residual.

O diuron apresenta vantagens significativas incluindo amplo espectro de controle, dupla ação, boa persistência no solo, custo-benefício atrativo e experiência consolidada de uso.

Contudo, suas limitações incluem o desenvolvimento crescente de resistência, limitações em solos arenosos, potencial fitotoxicidade e restrições ambientais.

O posicionamento estratégico deste princípio ativo no sistema de produção deve considerar não apenas sua eficácia imediata, mas também sua função na prevenção da resistência através da rotação adequada com outros mecanismos de ação.

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