Commelina benghalensis

07.05.2025 | 10:03 (UTC -3)

Commelina benghalensis, conhecida popularmente como trapoeraba, beijinho, flor-de-são-joão ou commelina, é uma planta herbácea da família Commelinaceae.

Originária da Ásia, especificamente de uma ampla região que inclui Índia, China e sudeste asiático, essa espécie se dispersou por América Latina, África e Austrália, tornando-se uma das plantas exóticas invasoras mais agressivas em regiões tropicais e subtropicais.

Sua presença é particularmente problemática em culturas como soja, milho, cana-de-açúcar e hortaliças, onde compete intensamente por recursos e pode causar significativas perdas de produtividade.

Biologia de Commelina benghalensis

Embora o epíteto benghalensis sugira uma associação com a região de Bengala (Índia e Bangladesh), estudos botânicos indicam que a distribuição nativa da espécie é mais ampla, abrangendo uma grande parte do sudeste asiático, incluindo Índia, China e países do sudeste asiático (Faden, 1983).

A planta foi introduzida em outras regiões por meio de atividades humanas, como comércio e agricultura, e agora é considerada uma erva daninha invasora em diversos países.

C. benghalensis é uma planta herbácea anual ou perene, com caules suculentos e frágeis que podem crescer até 50 cm de altura. As folhas são alternas, com lâminas ovadas e nervuras paralelas.

As flores são dispostas em inflorescências espiciformes, com pétalas azuis ou brancas, e os frutos são cápsulas loculicidas (que se abrem longitudinalmente ao longo dos lóculos) contendo sementes arredondadas, de coloração marrom-clara a preta, com dormência química que permite germinação assincrônica.

A reprodução ocorre tanto sexualmente, por meio de flores hermafroditas com protandria (amadurecimento dos estames antes do estigma), facilitando a polinização cruzada por insetos como abelhas, quanto vegetativamente, através de fragmentos de caules que enraízam nos nós.

Além disso, a planta produz flores cleistogâmicas (que se autofecundam sem abrir), aumentando sua flexibilidade reprodutiva (Maheshwari & Maheshwari, 1955). As sementes apresentam dormência química, garantindo a germinação ao longo do tempo.

Adaptada a uma ampla gama de climas e solos, C. benghalensis utiliza fotossíntese C3 e exibe alelopatia, liberando substâncias como ácidos fenólicos e flavonoides que inibem o crescimento de outras plantas (Ghosh et al., 2019).

Estudos demonstraram seu potencial fitotóxico em espécies como Lonchocarpus sericeus. A planta também é tolerante a condições de seca uma vez estabelecida, mas requer solos úmidos para germinação inicial.

O ciclo de vida pode ser anual ou perene, dependendo das condições ambientais, como clima e manejo agrícola.

Em regiões tropicais úmidas, a planta tende a ser perene devido à ausência de estação seca prolongada, enquanto em climas com períodos secos marcados, comporta-se como anual.

A germinação ocorre ao longo do ano em condições úmidas, permitindo que a planta compita efetivamente com culturas comerciais por recursos como luz, água e nutrientes.

<i>Commellina benghalensis</i> possui várias características que a tornam uma planta daninha eficiente
Commellina benghalensis possui várias características que a tornam uma planta daninha eficiente

Impacto agrícola

C. benghalensis é uma das principais ervas daninhas em diversas culturas, incluindo soja, café, arroz e milho. Sua presença pode reduzir significativamente a produtividade das culturas.

Em soja, embora não haja dados quantitativos específicos sobre perdas de rendimento, estudos indicam que a falta de controle adequado pode levar a reduções substanciais na produtividade (Riar et al., 2016).

Em café, pesquisas mostraram que a convivência com C. benghalensis pode causar perdas de até 50% na produtividade devido à competição por recursos (Dias et al., 2005).

A planta também é difícil de controlar devido à sua capacidade de regeneração a partir de fragmentos de caules e à resistência a herbicidas.

Impactos agrícolas de <i>C. benghalensis</i> em diferentes culturas
Impactos agrícolas de C. benghalensis em diferentes culturas

Estratégias de manejo integrado

O controle de C. benghalensis exige uma abordagem integrada, combinando métodos químicos, mecânicos, culturais e biológicos.

A planta desenvolveu resistência a vários herbicidas, incluindo glifosato, 2,4-D e paraquat (IntechOpen, 2013). Herbicidas eficazes incluem s-metolachlor, clomazone e flumioxazin, frequentemente utilizados em misturas ou sequencialmente (Monquero et al., 2005). Em culturas como café, misturas de carfentrazone-ethyl e glifosato mostraram-se eficazes (Weed Control Journal, 2001).

Pesquisas indicam o potencial de controle biológico com o fungo Phoma commelinicola, que mostrou eficácia contra Commelina diffusa e pode ser adaptado para C. benghalensis (MDPI, 2015). Outros agentes, como fungos patogênicos (Colletotrichum gloeosporioides) e insetos específicos, estão em estudo, mas ainda não há produtos comercializados (IntechOpen, 2013).

Práticas culturais, como rotação de culturas, uso de plantas de cobertura e manejo adequado de resíduos de colheita, podem reduzir a infestação. No entanto, o controle mecânico é desafiador devido à capacidade da planta de regenerar a partir de fragmentos de caules. A remoção manual deve garantir a retirada completa da planta do solo para evitar rebrota.

Clique aqui e veja quais herbicidas estão registrados para o controle de Commelina benghalensis

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