A produção de cana na safra 2011/12 está 30% menor que a da safra passada, que já foi insuficiente para as necessidades do país.
Os anos de crise, que levaram à descapitalização dos produtores, trouxeram envelhecimento e redução nos tratos culturais dos canaviais.
O excesso das "águas de março" causou ataque do fungo curvularia em duas importantes variedades e atrasou o plantio, podendo comprometer o próximo ano. Além disso, o canavial foi atingido por geada em junho.
É provável uma quebra de mais de 10% em relação à safra passada. Paralelamente, as montadoras colocam mais três milhões de carros flex em 2011, e a China suga o açúcar brasileiro.
Está armado um cenário trágico para o fim do ano, com preços elevados (em plena safra, o preço do etanol é o mais alto dos últimos dez anos, e o açúcar também deve subir).
Além disso, haverá a necessidade de importar gasolina e etanol dos EUA e a redução da mistura de anidro na gasolina para 18%, nociva ao meio ambiente e à produção renovável do Brasil.
Apesar da necessidade de pelo menos 60 novas usinas de 3 milhões de toneladas de cana (um investimento de US$ 26 bilhões) até a Copa, apenas para atender o mercado de hidratado (cenário conservador), importantes empresas do setor de bens de capital relataram que investimentos nos 'greenfields' estão absolutamente parados.
O país necessita de um projeto especial de investimentos baseado nas seguintes ações: a) definição de locais estratégicos para receber estas novas unidades, promovendo o desenvolvimento, o empreendedorismo e a diversificação regional (em áreas de pastagens degradadas);
b) definir uma arquitetura financeira na qual a Petrobras, invista e possa ter de 20% a 30% do capital de cada unidade, o BNDES faça aportes e grupos privados nacionais e principalmente internacionais (tradings e petroleiras), motivados por essa arquitetura financeira, tragam investimentos e tenham controle acionário dessas unidades novas;
c) encomendar imediatamente esse pacote de usinas ao setor de bens de capital em regime diferenciado de impostos, um real estímulo a um setor que sofre processo de desindustrialização devido à falta de políticas industriais que compensem o câmbio, os elevados juros e o aumento de custos;
d) desenvolver e capacitar redes de fornecedores de cana nessas regiões, integrados a essas usinas. São ao menos dois anos para que entrem em funcionamento, e esse pacote trará retorno garantido.
O BNDES precisa aumentar seus aportes. Apenas como comparação, o contestado recurso oferecido na proposta de fusão de duas grandes redes de supermercados daria para financiar 50% de pelo menos 15 usinas de 3 milhões de toneladas, beneficiando a sociedade brasileira na geração de energia, renda, 6.000 empregos, impostos e interiorização de desenvolvimento.
A falta de cana representa hoje uma perda de renda de mais R$ 20 bilhões se os produtos aí estivessem para abastecer os mercados, colaborando para o controle da inflação e o saldo comercial. Será também um grande problema pela frente, uma tragédia amplamente anunciada.
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