Aflatoxinas em milho: importância e manejo
Por Elaine Aparecida Guimarães, Dagma Dionísia da Silva Araújo, Luciano Viana Cota, Rodrigo Véras da Costa e Fabrício Eustáquio Lanza
Em busca de novidades para o mercado de máquinas agrícolas, a equipe da Revista Cultivar Máquinas percorre o Brasil para testar novos modelos e a aplicação de novas tecnologias. Para conhecer uma grande novidade do mercado, fomos até o estado de Goiás, na divisa entre os municípios de Goiatuba e Bom Jesus de Goiás, para ver de perto o funcionamento do cultivador da Horsch, modelo Joker 7 RT+. Com largura de trabalho de 7,15 metros (m).
Este equipamento é fabricado na Alemanha e foi trazido ao Brasil, e já está em comercialização, por uma estratégia da Horsch em atender a demandas específicas e com foco em culturas de grãos e para a cana-de-açúcar. Já existem equipamentos comercializados para produtores do Mato Grosso e outros equipamentos estão em mãos da equipe de marketing para testes de campo.
Um destes equipamentos que está sendo demonstrado para potenciais clientes estava na Usina Goiasa, onde ocorreu o nosso teste. A Usina Goiasa tem uma unidade produtora de cana-de-açúcar, com processos que a qualificam como orgânica e, por esta razão, deve utilizar procedimentos de produção bastante rigorosos em controle.
Independentemente do modelo que estejamos trabalhando, o equipamento constitui-se de um chassi que serve para suportar ferramentas, mas também para o transporte. Há algumas ferramentas básicas e outras opcionais, que podem ser montadas de acordo com a versão que o cliente deseja.
Como já visto em outros equipamentos da Horsch em testes anteriores, uma marca comum é a qualidade de projeto e do processo industrial. Desde as uniões por parafusos, soldas, assim como o acabamento de pintura, tudo é irretocável e parece muito robusto e sólido em estrutura.
A oferta de versões é bem ampla, podendo o cliente optar por equipamentos que vão desde 5,15 m aos 12,25 m de largura de trabalho. As menores versões compõem um equipamento denominado Joker 5 - 8 RT, que vai de 5 m a 8 m de largura, com os modelos 5 RT, 6 RT, 7 RT e 8 RT. Nesta versão, o rolo de facas é sempre opcional. A segunda versão é o Joker 10/12 RT. Na Europa existem modelos menores, acionados pelo engate em três pontos do sistema hidráulico dos tratores, que poderão estar disponíveis futuramente no mercado brasileiro.
Todos os modelos da versão RT têm a parte central do chassi rígida e duas seções (asas) que são dobráveis sobre o chassis de fixação, proporcionando em todos os casos que a largura de transporte seja de 3 m, dentro do que prevê a legislação para o deslocamento autônomo dos equipamentos agrícolas em estradas e caminhos, tornando desnecessário o uso de caminhões ou plataformas. A altura máxima dos maiores equipamentos em posição de transporte é de 4 m.
O equipamento começa com um engate pendular à barra de tração, dotado de uma junta esférica, do qual se abrem barras formando três triângulos que se ligam ao chassi principal. Nesta estrutura há um suporte para as mangueiras hidráulicas, um macaco elevador para ajuste da altura de engate, que também serve para suportar a estrutura, quando do armazenamento do equipamento.
Na máquina que testamos a campo, a primeira seção é formada por um rolo de facas, que é opcional para os modelos 5-8 RT, e pelo porta-ferramentas, que estará colocado sempre que o equipamento contenha na sua denominação o sinal +. O rolo de facas é, portanto, opcional em todos os modelos e trata-se de um cilindro formado por um tubo redondo, ligado ao porta-ferramentas por meio de mancais de rolamentos, que tem suportes para lâminas, denominadas facas, no qual o conjunto tem um diâmetro de 300 mm, com seis facas por rolo. As facas são dispostas sobre este cilindro central em diagonal, de forma que o fio vai cortando a palhada em sequência e não transversalmente ao sentido do deslocamento. Como este equipamento é destinado a uma operação a uma alta velocidade, essa é a melhor opção para o corte rápido.
Por meio do peso do equipamento e da ação dos cilindros hidráulicos, é aplicada uma pré-tensão regulável conforme a necessidade, para permitir o fácil corte de palha de diferentes culturas. Ao mesmo tempo, os cilindros hidráulicos protegem o equipamento contra os choques e uma possível sobrecarga.
A segunda parte do equipamento é formada por duas seções de discos cônicos, de 52 centímetros (cm) de diâmetro, com bordos recortados, que têm a função de cortar e revolver levemente a camada de solo atingida. A opção de discos cônicos e não esféricos se deu no projeto da máquina em função do lançamento mais adequado ao solo, para esta operação. No projeto houve o cuidado de colocar uma roseta, ou roda dentada, em substituição ao último disco, para um melhor acabamento, evitando a formação de sulco ou camalhão nas extremidades da passada.
O controle da profundidade de trabalho da parte central do equipamento, ou seja, dos discos, é feito por duas rodas dianteiras e o rolo condicionador regula a parte traseira, nivelando a máquina. O ajuste da profundidade é feito hidraulicamente e, depois de encontrada a profundidade adequada para o trabalho, essa pode ser fixada por meio de clips que acompanham a máquina e são colocados na haste do cilindro hidráulico. O ângulo de ataque, também conhecido como ângulo de trava da grade, é fixo em 17 graus, considerado no projeto como o ótimo para a função que se deseja para o equipamento.
Um diferencial do conjunto de discos é que ele está sobre cubos e mancais de rolamentos, com permanente lubrificação, e na união com a estrutura possui um conjunto elástico composto de cilindros de borracha para reduzir a vibração, o desgaste e consequentemente aumentando o período de utilização, com menor intervenção de manutenção.
A terceira parte do equipamento agrega um rolo condicionador de solo, que promove uma leve acomodação e regularização da superfície. É formado por um tubo redondo central, de onde saem suportes radiais, onde se prendem lâminas de aço, formando molas flexíveis. Estas flexibilidade e capacidade de absorver os esforços dão uma importante característica ao conjunto, que é impedir a adesão do solo à ferramenta e também auxiliar na manutenção da profundidade de trabalho da seção de discos.
Existem opções de diferentes rolos condicionadores, como o sistema duplo rollpack, o steeldisc, o duplo ringflex e o rollflex. Embora no teste tenhamos trabalhado com o modelo standard, o cliente pode dispor de alternativas, que irão depender da sua aplicação e condição do solo.
Um opcional que estava montado na máquina que testamos é o Minidrill, que representa uma operação extra, para uma máquina com múltiplas funções como esta. É uma semeadora de grãos miúdos, com dosador de vazão e possibilidade de armazenar até 400 litros (L) de sementes ou outros produtos no reservatório. Deste depósito e abaixo dos dosadores saem mangueiras, que nos equipamentos menores são seis saídas e nos equipamentos maiores são até 12 saídas.
O Joker é um cultivador de campo com múltiplas funções e está voltado para realizar uma atividade de manejo do solo em alta velocidade de operação. É ligado ao trator pela barra de tração e controlado pelo sistema hidráulico do trator. O acoplamento hidráulico se dá por mais de quatro válvulas de controle remoto (VCRs), que controlam as funções de abertura e fechamento para o transporte do equipamento, regulagem e adaptação às condições de trabalho. Uma VCR serve para o controle da posição vertical, comandando a posição dos rodados de transporte, colocados próximo ao cabeçalho da máquina. A segunda válvula serve para o controle da altura de trabalho e regulagem de profundidade, a terceira válvula serve para a abertura das asas, com um sistema que promove a abertura de um lado e depois do outro, em sequência. A quarta VCR serve para o abaixamento da articulação do rolo de facas e para dar a pressão dos rolos sobre a palhada.
O equipamento é caracterizado pelo padrão Asae EP291.2, que estabelece internacionalmente a terminologia e definição de preparo do solo e as relações solo ferramenta, como um equipamento de cultivo conservacionista, no qual o trabalho mantém mais de 30% de cobertura de resíduos na superfície do solo, mas também pode ser considerado um equipamento que promove um manejo reduzido, ou seja, um sistema que consiste em reduzir o número de operações e a intensidade em relação ao manejo convencional, no caso da cana-de-açúcar, com passagens sucessivas de grades, aradoras e niveladoras. Por isso, o nome do equipamento, Joker, em uma tradução livre seria o coringa ou aquela carta do baralho que pode representar uma ou outra ação quando entra no jogo. Estando formado por seções unidas no chassi, na primeira seção - do rolo de facas - ocorre um processamento da palhada, em seguida a seção de discos mobiliza o solo e a terceira seção do rolo promove um condicionamento, trazendo-o para condições de realizar a semeadura (grãos) ou o plantio (cana-de-açúcar). Com o opcional do Mini Drill, uma quarta função pode ser cumprida, semeando grãos finos.
Pela forma de trabalho e interação do rolo de facas e da seção de discos cônicos, tende-se a promover o processamento da palhada, com mescla entre solo e palha e o enterrio é superficial, não havendo revolvimento da camada de solo e por conseguinte cobertura total da palha, com solo.
Portanto, o cultivador Joker RT diferencia-se dos equipamentos convencionalmente utilizados, por realizar um cultivo a pouca profundidade, entre 4 cm e 5 cm, podendo chegar até 15 cm, mas com intensidade de mistura da palha com o solo.
O Joker chega ao Brasil com a expectativa de substituir com vantagens as grades utilizadas no preparo convencional de solo, tanto nas culturas de grãos, com ênfase especial aos estados da região Centro-Oeste, e cana-de-açúcar como um equipamento que antecede a operação de plantio após a renovação dos canaviais.
Para as culturas de grão, a principal motivação é a mobilização de uma camada de solo, pronta para a entrada da semeadora, sem incorporação total da palhada e com alta velocidade operacional, bastante maior do que a utilizada no preparo convencional com as grades aradoras e niveladoras. O projeto deste equipamento é para alta velocidade de trabalho, em média de 12 quilômetros por hora (km/h), mas podendo chegar a 16-18 km/h.
Também pela sua constituição, há a expectativa de que possa ser um importante aliado dos produtores rurais em situações com muita massa sobre a superfície, em que os rolos de facas tradicionais encontram dificuldades no corte e separação de grandes massas vegetais.
Na Alemanha, assim como em vários países da Europa, o Joker é um equipamento com mercado consolidado e com larga escala de utilização. É adotado por aqueles agricultores europeus que já não praticam o manejo intenso do solo, adotando métodos mais conservacionistas e que de alguma forma unam operações, reduzindo a passagem sobre os solos antes da semeadura e consigam economizar combustível, fazendo várias operações com apenas um equipamento, numa única passada. Assim, como é um cultivador, ele também faz o nivelamento da superfície, mantendo uma importante quantidade de palha.
Na Usina Goiasa a expectativa é que o Joker 7 RT+ vá trabalhar no condicionamento da superfície para o plantio da cana, sobre um mix de plantas, formado por combinações de crotalária, gergelim, trigo morisco, nabo forrageiro, entre outras culturas de cobertura. A constituição do mix, na usina, é determinada pela equipe técnica em função da área, sua nutrição e estado físico.
Pela experiência da equipe da Horsch, tanto nas primeiras utilizações aqui no Brasil como na vasta experiência em diversos países europeus, as possibilidades de sucesso serão, em primeiro lugar, com o equipamento servindo como um complemento final para uma operação de preparo primário do solo ou mesmo após a escarificação, em que seja necessária a regularização da superfície. Também com o opcional do rolo de facas ser um equipamento de primeira aplicação, sobre solos com cobertura de restos vegetais, com o opcional do rolo de facas, para um adequado e leve processamento de palha e resíduos mais grossos, como, por exemplo, os restos de milho após a colheita.
Durante toda a intervenção e o acompanhamento da equipe da Cultivar Máquinas junto ao equipamento esteve um grupo de pessoas ligadas à empresa fabricante e à usina. Para o teste de campo, a usina proporcionou um trator marca John Deere, modelo 8320R equipado com motor John Deere PowerTech™ 9.0 L Diesel, de seis cilindros e 9.000 cm³, com potência nominal de 320 cavalos-vapor (cv) (235 quilowatts - kW). Com a transmissão powershift de 16 velocidades, trabalhamos em 10ª e 11ª marchas, a 2.100 rotações por minuto (rpm), para conseguir velocidades entre 10,3 e 12 km/h.
Primeiramente, temos a destacar que o equipamento tem excelente acabamento, usinagem e uniões por solda, para o qual se chama a atenção no primeiro contato com a máquina. Embora já tenhamos percebido essas características em outros equipamentos da marca Horsch que testamos, não é comum tamanha qualidade como produto industrial entre os equipamentos fabricados no país.
De outra parte, salientar o princípio básico de funcionamento do Joker RT. Sem dúvida é um equipamento inovador em comparação com o que se encontra no mercado nacional. É um típico equipamento de cultivo mínimo e reduzido, que se propõe a diminuir a intensidade de preparo do solo feita por equipamentos tradicionais e, ao mesmo tempo, reduzir o número de operações, com toda a economia de combustível, tempo de utilização de máquinas, aproveitando melhor as curtas janelas disponíveis, principalmente em regiões onde os períodos para a execução são escassos.
Outra questão importante se refere à velocidade operacional do equipamento que foi projetado para trabalhar com valores bem superiores aos que se praticam com os equipamentos convencionais, como as grades aradoras e niveladoras.
Também é importante considerar que a aplicação que visualizamos no teste pode ser ampliada para outras condições, tanto na cana-de-açúcar como na produção de grãos, onde é importante a manutenção de restos na superfície, mesmo que levemente incorporados com a camada superficial do solo. A proposta de aplicar o Joker RT com o rolo de facas pode ser uma excelente alternativa para, em uma só passada, deixar o terreno pronto para a operação de plantio e semeadura. Para isso, será necessário desenvolver jornadas de testes em diferentes condições, envolvendo os clientes da Horsch e a equipe de campo.
A Goiasa é uma empresa de produção de energia renovável e açúcar, fundada em 1991. Com o diferencial de atuar no cultivo de cana de açúcar orgânica, produz açúcar cristal, açúcar e álcool orgânicos, etanol e energia elétrica sem perder o foco na sustentabilidade e na responsabilidade social. A empresa é uma das maiores exportadoras de açúcar orgânico do Brasil e atinge diversos países espalhados pelo mundo em regiões como Europa, Ásia e América.
Com cerca de três mil colaboradores e mais de 30 anos de atuação, as atividades da Goiasa são desempenhadas por meio de um rígido processo de qualidade, com cuidado especial ao meio ambiente e às pessoas envolvidas em toda a sua atuação. A rastreabilidade da atividade diária da empresa é uma marca visível a todos que a visitam, como aconteceu no período em que estivemos lá para o teste do Joker RT.
A Horsch ofereceu à Goiasa a demonstração de uma tecnologia que pode aprimorar o desempenho produtivo da empresa. O equipamento Joker RT foi apresentado à equipe técnica da companhia na região sul do estado de Goiás. Foi uma atividade de demonstração em que ambas as empresas puderam aprender, respectivamente, sobre o processo de produção e as potencialidades do equipamento.
Estiveram presentes no dia da demonstração os colaboradores Eduardo Parra, gestor de produção; Jeovane Batista, coordenador agroindustrial; Solimar Silva, assistente Sr; Rogério Santos Nascimento, gestor de manutenção, e o operador de máquinas José Paulo Rodrigues.
A Horsch nasce de uma empresa familiar de produção de alimentos. Como agricultores na Alemanha, eles perceberam a necessidade de desenvolver máquinas para suprir suas necessidades e da agricultura conservacionista. Por uma influência norte-americana, um dos membros da família decidiu desenvolver sistemas mecanizados de manejo conservacionista e para o plantio direto.
Iniciando na atividade de empresa fabricante de máquinas agrícolas em 1984, a Horsch se tornou, na atualidade, um dos principais fabricantes de máquinas do mundo. A internacionalização da empresa iniciou no início da década de 2010 com a montagem de uma fábrica na Rússia e em 2015 no Brasil e na China. Hoje a empresa está presente em muitos países com seus produtos e com unidades na Alemanha, nos EUA, no Canadá, na França, no Reino Unido, na República Tcheca e na Ucrânia.
A inauguração recente da nova fábrica da Horsch em Curitiba (PR), no mês passado, representou um marco para a agricultura brasileira, pois foi a manifestação da intenção real de apostar no mercado brasileiro e da aceitação dos produtos da marca pelo produtor nacional. Foi importante para este passo a adoção massiva da técnica do plantio direto e do seu crescimento em regiões onde tradicionalmente não era utilizado. A empresa transfere, assim, as operações para uma área aproximada de 35.000 m² e a expectativa de trazer novos produtos ao nosso mercado.
Atualmente, a empresa oferece ao mercado brasileiro, equipamentos de manejo do solo, entre os quais o Joker RT que testamos para esta edição e as semeadoras Maestro Evolution, Maestro Duo e Maestro Kompass, assim como o pulverizador modelo Leeb VL.
No nosso teste, uma equipe da área técnica da empresa acompanhou as atividades do dia, juntamente com o pessoal técnico da usina. Estiveram conosco o especialista de produto manejo do solo e semeadura, Edir Nisczak, do marketing da Horsch, o senhor João Antônio Baugis, consultor de pós-venda da Horsch sediado em Rio Verde (GO), e o senhor Felipe Tricai, coordenador regional de vendas Horsch, também de Rio Verde. Pela Rivema Máquinas Agrícolas, representante Horsch em Rio Verde, estiveram o senhor Luciano Peres, do marketing do Grupo Rivema, e Ricieri Altíssimo, especialista de produto da Concessionária Rivema.
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