Solix Ag Robotic, primeiro robô brasileiro para monitoramento integral da lavoura

Lançado comercialmente no fim de abril, o Solix Ag Robotic, primeiro robô brasileiro para monitoramento integral da lavoura, propõe aumento da produção com menor impacto ambiental

12.07.2022 | 14:31 (UTC -3)

Lançado comercialmente no fim de abril, o Solix Ag Robotic, primeiro robô brasileiro para monitoramento integral da lavoura, propõe aumento da produção com menor impacto ambiental.

A partir de setembro, chegarão às lavouras brasileiras as primeiras unidades da inédita plataforma robótica voltada para produção de alimentos em larga escala no agronegócio: Solix Ag Robotics. Lançado comercialmente pela Solinftec no fim de abril, durante a Agrishow 2022, o robô está disponível inicialmente para culturas de grãos e algodão no Brasil, Estados Unidos e Canadá. A novidade promove o uso racional de agroquímicos, assegura a saúde do solo e viabiliza a agricultura de baixo carbono.

Movido a energia solar, o Solix integra o portfólio de soluções da Agtech Global, com sede em Araçatuba (SP), que pretende contribuir para elevar a produção de alimentos, mas reduzindo o impacto ambiental e social dessa atividade. Algo que vem sendo cobrado em encontros com líderes mundiais e representantes do setor econômico, a exemplo da 51ª edição presencial do Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, realizado em maio.

O Solix Ag Robotics trabalha em conjunto com a plataforma de inteligência artificial para o campo da Solinftec, a Alice AI, que conta com uma biblioteca agro atualizada por mais de dez bilhões de informações do campo por dia. A partir desse volume de dados, a Alice, pelo processo de machinelearning, deduz qual o melhor caminho, a melhor prática, o que está dando certo, e mostra ao produtor rural quando e como agir, do pré-plantio à pós-colheita, auxiliando na tomada de decisões em logística, gestão, rastreabilidade, agronomia e robótica.

Atualmente, a companhia gera, em tempo real, mais de 11 milhões de hectares, o que representa algo acima de 3,7 trilhões de data points (unidades de informação) coletados todos os anos pela Alice AI. São 250 mil usuários interagindo o tempo todo com a plataforma, que se integra a todos os processos da lavoura.

A Alice AI sabe dizer, por exemplo, qual o melhor momento para realizar cada operação, direcionando insumos, equipamentos, maquinários e mão de obra com total autonomia. E todo esse sistema de inteligência artificial tem disponível antenas próprias para operar, o Solinfnet.

A tecnologia promove o uso racional de agroquímicos, assegura a saúde do solo e viabiliza a agricultura de baixo carbono
A tecnologia promove o uso racional de agroquímicos, assegura a saúde do solo e viabiliza a agricultura de baixo carbono

É também baseado em inteligência artificial que nasce o Solix, uma “extensão” da Alice AI, sendo uma espécie de “olhos” da plataforma dentro das lavouras. O robô, desenvolvido em pouco mais de três anos, é inteiramente autônomo, ou seja, ele consegue andar por toda a fazenda, sem precisar de controle humano.

Para isso, a plataforma utiliza dois métodos de condução: um GPS de altíssima precisão (RTK), que o permite seguir linhas previamente programadas, e o outro de câmeras e visão computacional, que identifica onde está a cultura e direciona o Solix para andar sem pisotear as linhas de plantio. Essa condução é direcionada pela Alice AI, que identifica o trajeto mais eficiente e o momento ideal, fazendo com que o Solix vá apenas onde é necessário. Um robô é recomendado para cada 200 hectares e tem capacidade de monitorar 14 milhões de plantas por semana.

CARACTERÍSTICAS

A plataforma robótica possui 2,5 metros por dois metros e permite o monitoramento planta a planta, o que favorece a descoberta de pragas ainda em seu estágio inicial e, consequentemente, o controle mais rápido e com menor utilização de defensivos.

O robô captura imagens do cultivo agrícola por meio de câmeras e sensores multiespectrais. A partir daí, tem condições de identificar pragas, doenças, qualidade do cultivo, analisar a nutrição e a saúde da planta e entregar essas informações para a Alice AI, que faz uma análise e dá uma recomendação de manejo para o produtor. E, em um ciclo contínuo, após o manejo, o robô escaneia novamente a área e informa se a operação foi bem-sucedida e se trouxe os resultados esperados.

A previsão é que, por meio do novo ecossistema, a redução do uso de insumos químicos nas lavouras possa chegar a 30%, no caso de defensivos e fertilizantes, e a até 70%, quanto aos inseticidas, caso a praga seja identificada no estágio inicial. Além disso, o Solix favorece uma aplicação mais precisa, sem eliminar inimigos naturais de algumas pragas, o que contribui para o equilíbrio do ambiente.

A plataforma ainda evita a compactação do solo. Isso porque ela traça mapas de ação com base nas condições de cada planta, o que viabiliza o uso de máquinas menores para pulverizar apenas as áreas necessárias. Além disso, entre outros dispositivos, o robô será dotado de um sensor de compactação do solo para fazer as recomendações necessárias e evitar o agravamento do problema.

Movido a energia solar, o Solix carrega durante o dia e trabalha à noite. Possui baterias que são suficientes para ele rodar até três dias sem recarregar, na ausência de incidência de luz solar. E a promessa é de constante evolução também nesse quesito. Um time da empresa na China estuda fontes de energia para que a tecnologia oferecida seja cada dia mais eficiente.

PRODUÇÃO E ALCANCE

O Solix é produzido em empresas de eletrônicos locais licenciadas pela Solinftec. O centro de inteligência artificial da plataforma robótica fica na sede da Agtech, em Araçatuba.

A expectativa é que o robô receba novas funções constantemente. No centro de tecnologia da Solinftec, em Shenzen, na China, entre projetos já em desenvolvimento há um em conjunto com pesquisadores da Universidade de Pequim que deverá agregar novas habilidades ao Solix.

O lançamento comercial do produto primeiramente para lavouras de grãos se deve à demanda mundial por alimentos. A expectativa é que entre um milhão e 1,5 milhão de hectares de grãos poderão ser monitorados com o robô da Solinftec em um ano.

Até o fim de 2022, a previsão é que ocorra a pré-venda do Solix também para cana-de-açúcar. A Solinftec ainda espera lançar versões do robô para atender outras culturas, a exemplo de laranja e café, adaptando a plataforma de acordo com as especificidades de cada variedade e/ou aos diferentes relevos.

COMERCIALIZAÇÃO

O Solix custa o equivalente a um carro popular e a sua mensalidade estará diretamente correlacionada à viabilidade econômica proporcionada. O modelo de negócio será composto por um investimento one time para aquisição do Solix, mais software como serviço (SaaS), mensurado em R$/ha/ano.

As outras soluções atuais da Solinftec têm esse mesmo formato, com intuito de facilitar a aquisição de tecnologia por todos os produtores. Isso porque o produtor pode escolher e customizar o pacote de serviço contratado de acordo com sua necessidade e iniciar pelos principais gargalos. Essa flexibilidade permite um payback do investimento de forma instantânea.

Além disso, a plataforma robótica contará com financiamento do Banco do Brasil. A formalização da parceria, que inclui os produtos da Solinftec nas linhas de crédito rural do BB, foi anunciada durante a Agrishow 2022.

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