Potencialidades do Semiárido para a agricultura brasileira
Por Maria Auxiliadora Coêlho, Chefe-geral da Embrapa Semiárido
Avaliação de mecanismos dosadores de fertilizantes mostra o comportamento de cada modelo operando em diferentes velocidades.
As semeadoras disponíveis no mercado possuem mecanismos dosadores de diversos tipos, sendo os mais comuns aqueles do tipo helicoidal, o qual é composto por um helicoide, podendo este ser inserido em diversos tipos de carcaça. A rotação deste eixo com rosca faz com que o produto seja conduzido do reservatório até o solo, através do mecanismo dosador e dos tubos condutores. Estes mecanismos são capazes de distribuir uma taxa fixa ou variável de fertilizantes de maneira uniforme, independentemente das condições de trabalho. O ajuste na taxa de dosagem de mecanismos dosadores ocorre através do passo dos helicoides e da rotação dos eixos, que pode ser alterada pelo uso de diferentes engrenagens. Contudo, são poucos os trabalhos relacionados à avaliação de mecanismos dosadores em semeadoras-adubadoras em condições de campo.
Por conta da falta de conhecimento do desempenho dos mecanismos dosadores helicoidais presentes em semeadoras-adubadoras, pesquisadores da Universidade Federal do Mato Grosso realizaram trabalho com o objetivo de avaliar o desempenho dos mecanismos dosadores helicoidais por gravidade e com transbordo, fazendo uma relação do desempenho quando alteradas as condições de taxa de aplicação e a velocidade. Os estudos relacionados aos mecanismos dosadores foram realizados em uma propriedade rural localizada no município de Feliz Natal (MT).
Os equipamentos para os ensaios foram compostos por uma semeadora modelo Sol Tower Plantio Direto da marca Semeato, que no ensaio é representada pela sigla S1. Ela possui 11 linhas de semeadura do tipo pantográfica e espaçamento de 0,5m entre linhas, mecanismo de corte de palha de disco simples e liso e abertura dos sulcos pelo mecanismo sulcador de disco duplo desencontrado. Possui mecanismo dosador de fertilizante do tipo helicoidal por gravidade, contendo helicoides de passo de uma polegada, reservatório de fertilizantes com capacidade de até 2.000kg. A semeadora foi tracionada por um trator John Deere 6110J, 4x2 TDA e 110cv de potência máxima. O ensaio foi realizado com meia carga de fertilizantes, distribuída uniformemente dentro do reservatório.
O outro equipamento utilizado foi a semeadora da marca John Deere, modelo da série 2100, que será representada pela sigla S2, a mesma era formada por um tandem, totalizando 20 linhas de semeadura do tipo pantográfica com espaçamento de 0,5m, utilizando no ensaio apenas uma semeadora com dez linhas. Com mecanismo de corte de palha de disco simples e liso e mecanismos sulcadores do tipo discos desencontrados. Esta semeadora possui o mecanismo dosador denominado pelo fabricante como ProMeter, que consiste no mecanismo dosador helicoidal com transbordo lateral, sendo que todas as unidades (linhas) possuíam helicoide de passo de uma polegada. O reservatório desta semeadora possui capacidade de aproximadamente 2.800kg. Para tal semeadora foi utilizado o trator John Deere 7225 com 225cv. A menor taxa de aplicação de fertilizantes requerida inicialmente era de 250kg/ha e a maior taxa, de 400kg/ha. Porém, a semeadora S1 possuía regulagem mais próxima de 256kg/ha e a semeadora S2 possuía regulagem mais próxima de 242kg/ha. Já para aplicação máxima, a semeadora S1 possuía regulagem mais próxima de 427kg/ha e a semeadora S2, de 376kg/ha.
Os tratamentos foram nomeados da seguinte forma: dois mecanismos dosadores representados pelas semeadoras S1 e S2; duas taxas de aplicação de fertilizantes denominadas T1 e T2 (250kg/ha e 400kg/ha) e quatro valores de velocidade que são V1, V2, V3 e V4 (5,2km/h, 6,5km/h, 8,2km/h e 9,5km/h). Cada tratamento foi executado em parcelas com 20m de comprimento e largura determinada pelo implemento. Antes do preparo para a coleta das amostras, o operador do trator acionava a semeadora de modo que a mesma aplicava fertilizante ao solo, visando a estabilização de fluxo do fertilizante em todas as unidades de semeadura.
Para os ensaios, as amostras foram coletadas em sacos plásticos fixados no tubo condutor dos mecanismos dosadores identificados com a respectiva linha de semeadura da máquina e o mecanismo dosador. As variáveis comparadas foram submetidas a teste de médias. O fertilizante usado apresentou densidade 1,09g cm-3, teor de água de 1,30% e ângulo de repouso de 30,4°.
Avaliando as linhas de semeadura é notável que as unidades de semeadura 2 a 4 apresentaram dosagem superior em todas as velocidades ensaiadas. Já as unidades de semeadura de 5 a 11 apresentaram subdosagem em todas as velocidades (Figura 1), apresentando tendência de dosagem transversal nos diferentes lados da semeadora. Houve uma maior disparidade entre a taxa T2 de dosagem tabelada e a aferida, quando comparado à taxa T1 (Figura 2).
A semeadora S2 na taxa de dosagem T1 é representada pela Figura 3, onde é possível notar a grande disparidade entre dosagem tabelada e aferida na taxa T1. A desuniformidade no perfil de aplicação da semeadora S2 é notável, a unidade de semeadura 2 extrapolou as dosagens em todas as velocidades, com comportamento semelhante às unidades 8 e 9, que apresentaram valores de superdose, porém em menor proporção quando comparado à unidade de semeadura 2. O comportamento das unidades de semeadura foi igual em todas as quatro velocidades.
Nota-se que a taxa de dosagem tabelada foi exatamente a mesma que a aferida. O comportamento das unidades de semeadura seguiu um perfil em ambas as taxas de dosagens ensaiadas, havendo pouca variação entre as velocidades à qual a semeadora foi submetida. como exemplifica a Figura 4.
Na comparação entre os mecanismos dosadores, o mecanismo dosador helicoidal por gravidade teve desempenho significativamente inferior quando comparado ao mecanismo dosador helicoidal por transbordo (Tabela 1).
O mecanismo dosador helicoidal por transbordo no ensaio demonstrado pela semeadora S2 demonstrou ser mais preciso que o mecanismo dosador por gravidade da semeadora S1. Os mecanismos dosadores avaliados apresentaram regularidade de distribuição dentro do recomendado.
O aumento da velocidade de deslocamento não causou alteração significativa no desempenho dos mecanismos dosadores, apenas na semeadora (S1) com mecanismo dosador por gravidade na velocidade mais elevada a dosagem média obtida neste tratamento diferenciou-se das demais. A taxa de aplicação não apresentou diferença significativa durante a avaliação das semeadoras.
Thiago Martins Machado, Gustavo Reinhr Faganello, Gabriel Benhossi, Wagner Zy Ferrari e Estevão Querino de Souza, UFMT - Campus Sinop (MT)
Artigo publicado na edição 185 da Cultivar Máquinas, mês junho, ano 2018.
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