Maximizando a produção de soja: da energia solar aos grãos

Por Evaldo Kazushi Takizawa,Takizawa Engenharia Agronômica

21.06.2025 | 09:57 (UTC -3)

Na busca incessante pela otimização da produção agrícola, num mundo em que a sustentabilidade e a eficiência na produção de alimentos se tornam cada vez mais cruciais, a cultura da soja se destaca como um campo fértil para a aplicação de conhecimentos agronômicos em direção a esses anseios globais.

A conversão eficiente da energia solar em grãos produtivos é a espinha dorsal de práticas agrícolas sustentáveis que estejam em harmonia nos ritmos naturais e ciclos da natureza, aplicar conceitos simples e consagrados pode ser o ponto de partida, para obter o maior saldo da fotossíntese.

Este artigo se debruça sobre os princípios fundamentais e estratégias de manejo que podem elevar a produtividade da soja, transformando a luz solar em colheitas abundantes, diante dessa complexidade e potencial, aproximando de uma nova era da agricultura tropical o avanço em direção a novas tecnologias digitais depende da confirmação da execução dos princípios fundamentais da produção agrícola.

Princípios fundamentais

O Sol é a fonte de energia de toda a vida na Terra e a soja, como organismo autotrófico, depende da luz solar para realizar a fotossíntese, processo pelo qual converte a energia solar em energia química, sustentando seu crescimento e desenvolvimento.

Essa capacidade não só sublinha a importância da radiação solar como recurso primordial, mas também destaca o papel da água e do solo como suportes vitais para esse processo energético.

O solo é o principal reservatório da água para a soja e a capacidade da água estar disponível no solo e o poder de infiltração dessa água são indicadores chaves em todo o processo metabólico da soja, uma vez que desde a absorção dos nutrientes do solo, seu transporte e os processos metabólicos ocorrem graças a presença de água.

O entendimento desses elementos fundamentais é crucial para qualquer estratégia visando maximizar a eficiência fotossintética e, por conseguinte, a produtividade.

Luz, fotossíntese e respiração

A eficácia com que a soja converte a luz solar em energia útil é influenciada por vários fatores, incluindo a arquitetura da planta, o ângulo de interceptação da luz, e as condições ambientais como qualidade da luz, concentração de CO2 e temperatura.

O saldo da fotossíntese tem correlação direta com a qualidade da distribuição das plantas em minha lavoura, assim como sua uniformidade e uma das perdas de energia ocorre pela fotorrespiração que é afetada pela razão de CO2/O2 e a temperatura foliar, ambos aspectos altamente dependentes da qualidade da uniformidade da lavoura de soja.

A otimização desses fatores através de práticas de manejo cuidadosas pode significativamente aumentar a taxa de fotossíntese líquida, proporcionando mais recursos para o crescimento da planta e a produção de grãos.

O processo do ganho energético envolve a redução das perdas dos fotoassimilados para respiração da soja, apesar da respiração ser um processo vital à planta, existem mecanismos no manejo que minimizam essas perdas.

A taxa de crescimento e desenvolvimento da soja precisam estar em sintonia para reduzir a respiração e seguem no mesmo sentido das práticas agronômicas e manejo que otimizem a eficiência da soja, a partilha de fotoassimilados é um aspecto crucial na relação entre respiração e fotossíntese na soja e a cada momento da diferenciação floral a soja determinará como serão formados seus frutos, ou seja, as vagens com seus grãos e desta forma sempre que houver saldos positivos haverá maior probabilidade de grãos maiores e com maior número de grãos por vagem e uma maior massa de grãos ou vulgarmente chamado de peso de mil grãos (PMG).

Manejo da lavoura

A emergência uniforme das plantas de soja é um fator determinante para o estabelecimento e vigor inicial de uma lavoura produtiva e a velocidade da emergência está intimamente relacionada com a profundidade da semente.

Nesta busca das plantas de soja por luz, água e nutrientes pode ser mitigada através de práticas que promovam a harmonia entre plantas durante o desenvolvimento vegetativo sem que haja a competição entre as plantas de soja.

A seleção de sementes de alta qualidade, a escolha de variedades adaptadas às condições locais, e a janela precisa da semeadura são aspectos cruciais que influenciam diretamente a uniformidade da emergência e o vigor das plantas.

Para enfrentar os desafios mais frequentes num ambiente de monocultura, é crucial a adoção de variedades de soja mais resistentes ao estresse térmico e hídrico, além do ajuste nas práticas de manejo agrícola, como a escolha do calendário de plantio mais adequado e técnicas de conservação do solo que aumentem a capacidade de retenção de água e reduzam a erosão.

O entendimento do agroecossistema, os elos formadores das cadeiras alimentares deste sistema e a consciência de uma lavoura de soja em eterno desequilíbrio e por isso será acometido por diversas pragas, doenças, plantas daninhas e o conhecimento claro de ecologia neste ambiente e a sabedoria da execução das intervenções em direção aos anseios de uma alta produção em sintonia com o meio ambiente, são partes dos princípios fundamentais.

Desafios hídricos e nutricionais

A disponibilidade de água e nutrientes é essencial para a fotossíntese e o desenvolvimento saudável da soja, a capacidade de absorção de nutrientes do solo e seu transporte para todos os órgãos da soja, além da capacidade de regulação da temperatura das folhas e melhor receptividade de todos os defensivos agrícolas utilizados durante a condução da lavoura de soja.

O manejo eficiente da água, seja através de irrigação adequada ou conservação da umidade do solo, aplicando-se práticas agronômicas reduzindo as perdas, como exemplo, a cobertura do solo com restos vegetais evitando a evaporação da água e um sistema de porosidade no solo capaz de infiltrar volumes de água precipitada pelas chuvas torrenciais nas regiões tropicais, juntamente com uma fertilização balanceada, são práticas fundamentais que sustentam a produtividade.

A capacidade do solo de reter água e a eficiência da infiltração são fatores que merecem atenção especial, especialmente em regiões susceptíveis à erosão ou estresse hídrico como o solo das áreas de Cerrado Brasileiro.

As mudanças climáticas representam um desafio significativo para a produção de soja, com o aumento das temperaturas, alterações nos padrões de precipitação e a frequência crescente de eventos extremos, como secas e inundações. Estas condições podem afetar adversamente o crescimento, desenvolvimento e produtividade das culturas de soja.

Práticas regenerativas

A adoção de práticas agrícolas sustentáveis e regenerativas é essencial para garantir a viabilidade a longo prazo da produção de soja. A rotação de culturas, a agricultura conservacionista, o uso eficiente de insumos e o manejo integrado de pragas são estratégias que contribuem para a saúde e qualidade do solo, a conservação da água e a biodiversidade, promovendo ao mesmo tempo a produtividade e a resiliência das lavouras de soja.

Rumo à produtividade

Concluindo, a jornada da soja da germinação à colheita é uma complexa interação de processos biológicos e práticas de manejo. O sucesso na produção de soja exige uma abordagem integrada que considere os fundamentos da conversão da energia solar em biomassa, o manejo cuidadoso da água e nutrientes, e estratégias adaptadas às condições ambientais e climáticas específicas. Com o emprego de técnicas agronômicas avançadas e a adoção de práticas de manejo inovadoras, podemos assegurar que cada planta de soja alcance seu potencial máximo, traduzindo-se em colheitas abundantes e sustentáveis.

Por Evaldo Kazushi Takizawa,Takizawa Engenharia Agronômica

Artigo publicado na edição 298 da Revista Cultivar Grandes Culturas

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