Exportações e inovação impulsionam o mercado de máquinas agrícolas
Por Emiliano Ferrari, gerente sênior de vendas da Valtra Hispanoamérica
O tomate (Solanum lycopersicum L.) é uma das hortaliças mais importantes do Brasil e do mundo, movimentando bilhões de dólares anualmente. A principal praga da cultura atualmente é Tuta absoluta ou traça-do-tomateiro. No entanto existem insetos sugadores como a mosca-branca (Bemisia tabaci) e tripes que promovem perdas principalmente transmitindo doenças viróticas. No cultivo do tomateiro, pode ocorrer ainda as chamadas moscas-minadoras Liriomyza huidobrensis (Diptera: Agromyzidae), L. sativae, L. trifolii, e L. brassicae. Dentre essas L. sativae se destaca como praga economicamente importante na cultura do tomateiro.
Liriomyza huidobrensis era considerada uma praga importante na América do Sul até a década de 1970. No entanto, com os surtos de traça-do-tomateiro (Tuta absoluta) e uso de inseticidas para o controle da traça-do-tomateiro, manteve-se a população de L. huidobrensis baixa. Todavia, a exposição a esses inseticidas levou à evolução de resistência. Além disso, o uso dos inseticidas reduziu a população de inimigos naturais de larva-minadora, ocorrendo assim, surtos de pragas secundárias. Em nível mundial, a espécie Liriomyza huidobrensis se destaca por ser uma praga economicamente importante nos cultivos. A redução na produtividade pode atingir até 15%. Isso porque as minadoras promovem redução da área fotossintética das plantas, reduzindo, portanto, a produção de fotoassimilados o que compromete a produtividade.
Os danos ocasionados por moscas-minadoras afetam muito a planta do tomateiro, em que 18% da área foliar afetada por minas pode representar a redução da fotossíntese de até 60%. Os sintomas de infestação vão da formação de minas até o aparecido de puncturas de formato arredondado e coloração branca ocasionada pela alimentação e deposição dos ovos.
A mosca-minadora, é uma praga polífaga, sendo relatada como praga de importância em diversas culturas como meloeiro (Cucumis melo L.), abóbora (Curcubita máxima L.), pepino (Cucumis sativus L.) batata (Solanum tuberosum L.) e várias plantas daninhas. O que dificulta o controle da praga no agroecossistema.
A mosca-minadora é uma praga secundária. No entanto cada vez mais tem assumido papel de praga-chave em razão de surtos populacionais, devidos à seleção de populações resistentes a inseticidas químicos, o que dificulta o manejo da praga.
Os adultos têm cerca de 2 mm de comprimento, com coloração acinzentadas a pretos com manchas amarelas. Os ovos são pequenos com comprimento de 1,0 mm e largura de 0,2 mm, de coloração branco acinzentado ou amarelado translúcido. A postura é realizada no interior do tecido foliar ou epiderme dos frutos, o que facilita a infestação dos tecidos.
Após três dias, os ovos eclodem, dando origem as larvas que se alimentam do tecido das folhas e dos frutos. As larvas são pequenas (2 a 3 mm) e apresentam cor amarelada. São encontradas se alimentando dentro do tecido da folha, deixando galerias através da folha, sendo fácil o reconhecimento em campo. O estágio de larva dura de 5 a 7 dias e empupam na superfície das folhas, no solo ou dentro das folhas. A infestação se dá desde a fase de mudas, sendo observadas em todas as fases de desenvolvimento das plantas.
A ocorrência das moscas-minadoras pode ser detectada a partir da observação de adultos na área de cultivo, bem como pela presença das minas na superfície foliar. Para o monitoramento, podem ser utilizadas bandejas plásticas com água e detergente sob a folhagem das plantas distribuídas de forma aleatória na área de cultivo. As larvas abandonam as minas para empupar no solo, sendo assim, caem das folhas e são coletadas nas bandejas. O uso de armadilhas adesivas amarelas é outra forma simplificada de monitoramento, indicando a ocorrência da praga na área.
A amostragem deve ser realizada semanalmente, através da inspeção de folhas do terço superior da planta, observando a presença de orifícios na epiderme, ou minas. Em talhões de até 10 ha são recomentados 73 pontos de amostragem, para um posicionamento de controle assertivo. Para o tomateiro, o nível de ação se dá quando 25% das folhas avaliadas apresentam sinais da praga. O nível de dano econômico para L. huidobrensis é de 3,24 larvas por folha amostrada.
Para a regulação das moscas-minadoras em tomate, devem-se adotar medidas existentes no manejo integrado de pragas (MIP), o qual preconiza a prática combinada de diversas táticas de manejo. Com o objetivo de diminuir o nível da população da praga a níveis aceitáveis. Entre as técnicas de manejo presentes no MIP podemos citar: controle biológico, controle cultural, manipulação do ambiente, feromônios e controle químico.
A principal tática de manejo utilizada para a mosca-minadora é o controle químico, o qual é direcionado principalmente para a fase larval da praga. Todavia, esta tática de controle é dificultada devido à biologia da praga, que possuem ciclo curto, alta fecundidade, tamanho reduzido e fase de pupa no solo, bem como pelo hábito da fase imatura que se alimenta na parte interna na folha. O hábito alimentar da praga lhe confere proteção no interior das folhas, sendo necessário o uso de inseticidas sistêmicos e de alta toxicidade. Inseticidas sistêmicos com propriedades translaminar são mais eficazes no controle de larva-minadora. A utilização desses produtos pode comprometer vários aspectos, como a sustentabilidade do agroecossistema, seleção de populações resistentes, provocando aumento do custo de produção e comprometendo a cadeia produtiva da cultura.
Atualmente temos cerca de 59 inseticidas comerciais entre os inseticidas utilizados para o controle de Liriomyza sp. em tomateiro (clique aqui para ver quais), sendo os principais ingredientes ativos utilizados: acefato, clorpirifós, deltametrina, espinetoram, abamectina, milbemicina, cloridrato de cartape, ciromazina e ciantraniliprole. A ciromazina possui efeito residual de 20 dias, seguida de abamectina e espinosade. Desses, a abamectina é a mais específica, com menos efeitos sobre os inimigos naturais.
Todavia, o alto potencial reprodutivo, o ciclo de vida curto e aplicações frequentes de inseticidas, tem facilitado a seleção de populações resistentes, influenciando no manejo da praga.
Existem inúmeros inimigos naturais capazes de regular as espécies de mosca-minadora em campo, dentre esses, os parasitoides. Entre os predadores, espécies de crisopídeos, tesourinhas, vespas, formigas e besouros se alimentam de larvas e/ou pupas da mosca-minadora.
Considerando a diversidade de inimigos naturais, bem como a importância desses como agentes de controle de L. huidobrensis é necessário adotar estratégias de manejo que preservem essa entomofauna benéfica em campo, principalmente pela adoção de inseticidas mais seletivos a esses inimigos naturais.
O custo de controle, dependerá do nível de infestação da praga, número de aplicações realizadas com o mesmo produto durante o ciclo do tomate, e valor do produto.
O manejo de mosca-minadora no cultivo do tomateiro deve ser direcionado na diversificação de táticas de controle como o preconizado pelo MIP, buscando reduzir a pressão de seleção e aumentar a eficiência das ferramentas disponíveis. Preconizar a adoção de táticas de MIP é de suma importância para reduzir os prejuízos proporcionados pela praga, além de reduzir surtos, impactando diretamente nos custos.
Por Franciely da Silva Ponce e Claudia Ap. de Lima Toledo (FCA/UNESP)
Artigo publicado na edição 138 da Revista Cultivar Hortaliças e Frutas
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