Manejo e controle da podridão do abacaxi em cana
Doença exige medidas de manejo e controle adotadas em conjunto para prevenir e minimizar os prejuízos
A produção de soja no Brasil é afetada por uma gama extensa de doenças, causadas por fungos do solo e da parte aérea, favorecidos por características locais como o clima predominante nas regiões de cultivo do país. Manejá-las é um grande desafio que passa por integrar os métodos genético, legislativo, cultural, físico, biológico e químico em busca do equilíbrio entre a sustentabilidade do agroecossitema e o retorno financeiro satisfatório ao produtor.
A cultura da soja consolidou-se no Brasil e tornou-se uma das principais commodities, representando importante fatia da economia brasileira. O País é o segundo maior produtor mundial dessa oleaginosa, que ocupa extensas áreas de cultivo, anualmente.
A produção de soja, em alta escala no Brasil, e o descuido no manejo sustentável apresenta como consequência o cenário atual, em relação ao estado fitossanitário da cultura, com aumento de diferentes doenças e muitas que passaram a apresentar maior severidade, tanto na parte aérea, quanto no sistema radicular.
O emprego de técnicas modernas para a produção de soja, essenciais para grandes escalas como no Brasil, trouxe boas soluções ao atendimento à demanda, mas proporcionou também alguns desequilíbrios naturais, evidenciados nas alterações das populações de pragas e patógenos das culturas.
As cultivares de soja em uso são compostas, em geral, de populações de mesma constituição genética. Na ocorrência de uma doença nessa cultivar, todas as plantas da cultura podem ser atacadas pelo patógeno causador dessa doença, tornando mais difícil o seu controle.
O clima brasileiro, de característica tropical a subtropical, também favorece a sobrevivência de pragas e de patógenos no campo. Países de clima frio têm um intervalo natural, o estresse climático, que pode interromper os ciclos de vida das pragas e dos patógenos, o que contribui para a redução, ou até a sua erradicação.
Em relação ao controle químico, a cultura da soja já sofre com populações de patógenos menos sensíveis a ingredientes ativos dos grupos dos triazóis e estrobilurinas, que apresentavam elevada eficácia quando lançados ao mercado e algumas safras após, deixaram de apresentar essa eficácia, no patossistema soja x Phakopsora pachyrhizi.
Para o controle das doenças na cultura da soja, como também de outras culturas, o ideal é utilizar todas as formas possíves de controle, o manejo integrado de doenças. É importante acompanhar as lavouras, desde a semeadura até a colheita, constantemente, e usar os métodos de controle indicados a cada etapa da cultura.
Muitas doenças podem ocorrer na cultura da soja e já foram descritas mais de 40 no Brasil, a maioria causada por fungos que são transmitidos e/ou disseminados pelas sementes contaminadas. As doenças podem ser provocadas por patógenos da parte aérea e habitantes do solo, causadores de podridão do sistema radicular e morte da planta.
As principais doenças da parte aérea, patógenos, condições ideais para o seu desenvolvimento e sobrevivência encontram-se na Tabela 1.
As doenças cancro da haste (Diaporthe aspalathi) e mancha-olho-de-rã encontram-se controladas através da resistência genética aos patógenos, incorporada às cultivares de soja em uso.
Na Tabela 2 encontram-se os principais fungos causadores de podridão do sistema radicular, habitantes do solo, condições ideais para o seu desenvolvimento e sobrevivência.
No cenário fitossanitário atual, a doença que mais causa preocupação ao produtor de soja é a ferrugem asiática.
Vazio Sanitário: a maioria dos estados brasileiros adota este período, que consiste na ausência de planta de soja viva durante 60 dias a 90 dias, conforme determinação de cada estado. Os objetivos são redução do inóculo de Phakopsora pachyrhizi, retardamento do aparecimento da doença, redução de aplicações de fungicidas, redução do risco de aplicação e redução do custo de produção.
Início da semeadura, se possível, logo após o Vazio Sanitário, em solo analisado e corrigido e com adubação equilibrada, dando preferência à cultivar de ciclo precoce, com objetivo de se escapar da ferrugem, ou na ocorrência, sofrer baixa pressão de inóculo.
Dar preferência a cultivares de porte ereto e que não se acamem, para proporcionar maior aeração na cultura, o que pode reduzir a umidade. Na disponibilidade, usar cultivares com resistência a Phakopsora pachyrhizi, porém mesmo essas cultivares precisam ser complementadas com controle químico, em algumas situações.
Monitorar a cultura, desde a emergência, com atenção às condições climáticas. O fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem desenvolve-se bem, nos períodos chuvosos, a alta umidade lhe favorece e apresenta ampla faixa de temperatura, de 8 a 30 °C, sendo a faixa de 18 a 21 °C ótima para a infecção. Muita atenção para não perder o exato momento de iniciar o controle químico, preventivamente.
O controle com fungicidas formulados em mistura de diferentes grupos químicos tem-se mostrado eficiente. É importante realizar a rotação de produtos com diversos modos de ação, para evitar o aumento da população de P. pachyrhizi menos sensível ao ingrediente ativo e proporcionar maior vida útil ao produto. Devem-se seguir as recomendações da empresa detentora do produto. Os principais grupos são dos triazóis, estrobilurinas e carboxamidas.
No site http://www.agricultura.gov.br/servicos-e-sistemas/sistemas/agrofit encontram-se os fungicidas recomendados ao controle da ferrugem e outras doenças.
O objetivo do manejo integrado de doenças (MID), que contempla os métodos genético, legislativo, cultural, físico, biológico e químico consiste em obter a máxima expressão do potencial genético da cultivar, com alta produtividade e boa qualidade da soja colhida. Esses métodos devem ser usados conjuntamente, considerando-se a sustentabilidade do agroecossitema e o retorno financeiro satisfatório ao produtor.
No MID a cultura da soja é ‘construída’, desde a escolha da área e época de semeadura, observando-se a rotação de culturas/adubação verde, para reduzir o potencial de inóculo dos patógenos, plantio direto (prática sustentável), correção do solo, adubação equilibrada, cultivar com resistência genética a patógenos, boa qualidade fisiológica e sanitária das sementes, tratamento de sementes, acompanhamento atento da cultura, controle biológico e controle químico.
Margarida Fumiko Ito, Instituto Agronômico (IAC)
Artigo publicado na edição 206 da Cultivar Grandes Culturas.
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