Como evitar perdas com colhedoras de algodão

Rentabilidade do cotonicultor está associada ao processo de colheita e cuidados com utilização das máquinas, que devem reduzir perdas ao máximo

01.06.2020 | 20:59 (UTC -3)

Com o alto investimento exigido na cultura do algodão, o processo de colheita, um dos últimos a ser realizado, deve evitar perdas em quantidade e qualidade. A rentabilidade do cotonicultor está associada ao processo de colheita, e este deve reduzir as perdas ao máximo.

Considerando o alto investimento que é exigido na cultura do algodão, é de extrema importância avaliar a eficiência da máquina utilizada no processo de colheita. O que evidencia a eficiência da colhedora, nada mais é que, a boa regulagem da máquina e a capacitação elevada do operador, o momento adequado de colheita, o bom manejo da lavoura, entre outros fatores. Por isso, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) representada pelo grupo de Máquinas e Mecanização com estudantes de graduação e pós graduação, em parceria com o Instituto Matogrossense do Algodão (IMA), desenvolveram trabalhos no Estado do Mato Grosso com o objetivo de avaliar a eficiência da colhedora variando velocidade de trabalho e ausência e presença de placa de raspagem.

A eficiência é calculada, em razão das perdas ocorridas durante o processo de colheita e da produtividade da lavoura. Perdas em quantidade e qualidade influenciam negativamente na rentabilidade do cotonicultor.

Caracterização das perdas pós-colheita aérea e de solo.
Caracterização das perdas pós-colheita aérea e de solo.
Caracterização das perdas pós-colheita aérea e de solo.
Caracterização das perdas pós-colheita aérea e de solo.

O trabalho foi realizado em uma propriedade agrícola na região da Serra da Petrovina, município de Pedra Preta (MT), na safra 2013/2014, utilizando a variedade de algodão FM 975 WS, com o cultivo de algodão adensado (espaçamento entre linhas de 0,45 m).

O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, em esquema fatorial 2x3, sendo presença e ausência da placa de raspagem e três velocidades de trabalho (0,61; 1,0 e 1,42 m/s), com sete repetições, totalizando 42 parcelas experimentais.

 As placas de raspagem tem a função de manter a planta do algodão na área de colheita por mais tempo, permitindo uma maior exposição à ação de colheita nos fusos. Assim, essas placas permitem que os fusos agarrem as cápsulas, ao mesmo tempo em que mantêm o algodão na planta para a colheita, ao invés de derrubar essas cápsulas no chão. As placas são afuniladas do fundo ao topo para posicionar os fusos a uma distância igual, após o afunilamento dos fusos, o que ajuda o serrilhado dos fusos a pegar o algodão da cápsula.

Placas de raspagem retiradas das unidades de colheita.
Placas de raspagem retiradas das unidades de colheita.

As dimensões das parcelas eram de 108 m² (3,6 x 30m). A máquina utilizada foi uma colhedora do tipo Picker VRS, da marca John Deere, com 2 unidades de colheita espaçadas entre si 0,45 m, que foi conduzida pelo mesmo operador durante o experimento, observando a velocidade de deslocamento. Para determinar as velocidades de trabalho foi demarcada uma distância de 50 metros e monitorado o tempo que a máquina gastou para percorrer essa distância. Foram realizadas três repetições para obter o tempo médio de deslocamento da máquina em 50 metros.

Área experimental Serra da Petrovina.
Área experimental Serra da Petrovina.
Colheita manual dos capulhos antes da passagem da colhedora.
Colheita manual dos capulhos antes da passagem da colhedora.

Antes da passagem da colhedora, foi estimada a produtividade e as perdas de pré-colheita, utilizando-se uma demarcação de área conhecida de 4,5 m² (5,0 x 0,9 m), dentro da qual foi coletado manualmente todo o algodão presente nas plantas para a estimativa da produtividade e o algodão na superfície do solo compôs as amostras de perdas de pré-colheita.

As amostras de perdas pós-colheita foram obtidas pela coleta manual do algodão que permaneceu na planta, bem como o algodão que caiu na superfície do solo pela ação da máquina após a passagem da colhedora, utilizando a mesma demarcação de 4,5 m².

Todas as amostras foram acondicionadas em sacos plásticos, de acordo com o tamanho das amostras, identificadas com etiquetas e escritas diretamente nos sacos e devidamente armazenadas para serem encaminhadas ao laboratório do IMA MT (Instituto Matogrossense do Algodão) no município de Primavera do Leste (MT) onde foram analisados e mensurados.

A determinação da eficiência foi realizada conforme Rodriguez (1977) (Equação 1):

Equação 1
Equação 1

Após análise em programa estatístico de análise de variância e testes de médias, não houve interação significativa na eficiência de colheita em função da presença e ausência de placas de raspagens e em função das velocidades de colheita avaliadas, ou seja, a variação de velocidades analisadas e utilização de placas de raspagens na plataforma de colheita não influenciaram na eficiência da colhedora picker VRS nesse estudo.

As médias seguidas pela mesma letra, na vertical, não diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

Colhedora Picker VRS utilizada no experimento.
Colhedora Picker VRS utilizada no experimento.


Cíntia Michele de C. Baravieira, Renildo Luiz Mion, Hiago Henrique R. Zanetoni e Nayra Fernandes Aguero, UFMT


Artigo publicado na edição 160 da Cultivar Máquinas. 


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