Como evitar perdas com colhedoras de algodão
Rentabilidade do cotonicultor está associada ao processo de colheita e cuidados com utilização das máquinas, que devem reduzir perdas ao máximo
Podas de diferentes tipos são amplamente utilizadas na cafeicultura como excelentes ferramentas para auxiliar na renovação das lavouras cultivadas. Adotá-las de modo racional, no momento adequado e de acordo com o objetivo a que se destinam é o melhor caminho para obter sucesso neste tipo de operação.
O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café, produzindo aproximadamente 30% do produto mundial. Porém, ainda sofre com a baixíssima média de produção que possui por unidade de área, com aproximadamente 23 sacas/ha. Isto se deve, em grande parte, as características que se encontram no parque cafeeiro nacional, com lavouras depauperadas, muito antigas e sem os devidos cuidados corriqueiros (manejos) de grande importância, como a parte química e física dos solos de cultivo.
Contudo, atualmente, diversas tecnologias estão sendo empregadas com objetivo de elevar a produtividade, recuperar as lavouras e consequentemente proporcionar maior produção nacional. Neste sentido, técnicas como a análise de solo, análise de folha, calagem, gessagem, fosfatagem, manejo de aplicação de insumos via foliar, podas e também a utilização de novas tecnologias na área dos fertilizantes fazem com que os baixos índices produtivos possam ser melhorados.
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As podas são amplamente utilizadas na cafeicultura, na maioria das vezes como uma das melhores ferramentas para auxiliar na renovação das lavouras cultivadas. Sabe-se que existem vários tipos de podas, cada qual com seus objetivos e particularidades. É possível citar podas de limpeza, podas de recuperação e podas de produção.
O primeiro ponto a ser observado é o porque de realizar a poda na lavoura, ou seja, em quais situações se fará necessário. Geralmente, é recomendada para lavouras que se encontram depauperadas, com derrame da saia, ou seja, quando há o “cinturamento” da lavoura pela morte dos primeiros ramos plagiotrópicos, ou também quando já não demonstram resposta à adubação. Também em casos extremos de condições climáticas adversas, como geadas.
A tomada de decisão sobre podar ou arrancar uma lavoura se tornou uma recorrente dúvida, devendo-se analisar alguns aspectos importantes que auxiliam na escolha. A poda deve ser realizada em lavouras que apresentem boa genética, bom estande de plantas, bom espaçamento e também condições fitossanitárias adequadas, que irão afetar no crescimento da planta e consequentemente na maior recuperação da estrutura vegetativa. O cafeeiro perde parte de suas raízes quando submetido a algum tipo de poda. No entanto, quando a lavoura apresenta um estande falho, é afetada por pragas e doenças, espaçamento inadequado, energia convertida apenas em crescimento e formação de folhas, mas nunca na produção de grãos, o correto manejo a se realizar é arrancar.
O momento correto de se realizar a poda é muito variável, devendo ser adotado de acordo com a cultivar, com o clima, com a região e também com as condições financeiras do cafeicultor. Sobretudo, o tipo de poda também irá interferir nos manejos realizados nas lavouras, assim como o momento correto de se realizar cada atividade.
A recepa é uma poda baixa, drástica, que promove a renovação quase total da estrutura vegetativa dos cafeeiros. É muito utilizada em lavouras atingidas por severas geadas e depauperadas.
Há dois tipos de recepas, variando a altura do corte, podendo ser baixa (sem pulmão), onde toda a estrutura vegetativa é eliminada e a altura do corte varia de 20cm a 40 cm, e alta (com pulmão), sendo mantidos os primeiros ramos plagiotrópicos inferiores, onde a altura de corte varia entre 50cm e 80cm. O corte no ramo ortotrópico deve ser realizado em bisel, evitando assim o acúmulo de água no tronco.
As desbrotas devem ser realizadas periodicamente, para a eliminação do excesso de brotos, deixando apenas os mais vigorosos e melhor inseridos no caule, conservando o alinhamento do cafeeiro. Geralmente são efetuadas quando os brotos atingem aproximadamente 20 cm, mantendo de 2 hastes a 4 hastes.
O manejo de plantas daninhas também deve ser realizado, para evitar o abafamento dos brotos, e a concorrência por água, luz e nutrientes. Deve-se tomar os devidos cuidados, no caso do controle químico, com a ocorrência da deriva de herbicidas sobre as brotações do café, que causa sérios problemas de fitotoxidez ao cafeeiro.
O decote é um tipo de poda alta, leve, que ocasiona a eliminação do terço superior do cafeeiro, sendo recomendado para lavouras em vias de fechamento e também com a copa depauperada. Utiliza-se para viabilizar a colheita mecanizada, por meio da redução do porte da lavoura, e em caso de ocorrência de geada de capote e faísca elétrica. Seu uso é amplo, pois não ocasiona queda acentuada na produção do ano seguinte.
Existem dois tipos de decote utilizados na cafeicultura, variando somente a altura de corte. O decote alto é realizado para a redução do porte da planta, com a finalidade de adequação à colheita mecanizada, onde a copa se encontra em boas condições, evitando assim, a “reconstrução” das ramagens superiores. A altura do corte varia entre 2,0m a 2,5m. Já o decote baixo é realizado quando a lavoura se encontra prejudicada, em condições de desuniformidade na copa ou também cinturadas, sendo necessária, a reconstituição da parte superior da planta, por meio do decote na altura de 1,0m a 1,2m.
Outro tipo de decote não muito utilizado é o herbáceo, onde somente o ápice da planta é podado, cessando assim o crescimento do ramo ortotrópico. Porém, ocorre crescimento compensatório dos ramos plagiotrópicos, favorecendo o fechamento da lavoura.
Plantas de café submetidas a podas devem estar sob frequentes cuidados com relação às desbrotas, que são de grande importância para o maior desenvolvimento do cafeeiro. Com esta prática evita-se o excesso de brotos e a consequente perda no crescimento pela competição que estes exercem, por funcionarem como drenos.
O sistema safra zero consiste na adoção de um programa de podas cíclicas, realizadas bienalmente, ou seja, em intervalos de dois anos. Este sistema de condução da lavoura consiste em duas etapas, sendo uma primeira por meio do esqueletamento, e a segunda e posterior com a realização do decote. O esqueletamento consiste na poda dos ramos plagiotrópicos (laterais) a uma distância que varia 20cm à 30 cm do ramo ortotrópico na parte superior da planta, e de 30cm a 50 cm nas partes “baixeiras”, com o objetivo de renovação total dos ramos laterais.
Alguns cuidados devem ser tomados na realização desse tipo de poda, pois se os ramos plagiotrópicos forem cortados anteriormente à gema “cabeça de série”, não haverá brotação, resultando assim na morte do ramo.
Preconiza-se que a realização das podas seja iniciada o quanto antes, pois a relação da época e a produtividade são diretas. Lavouras podadas mais cedo, preferencialmente a partir de junho, respondem melhor e são mais produtivas.
Após a poda, é necessário a trituração dos resíduos vegetais, para que, de certa forma, o processo de decomposição seja acelerado. O uso de trincha é essencial para a realização deste manejo.
Após o início da brotação do cafeeiro, se faz necessário a aplicação de cúpricos para proteger a sanidade da planta, visto que sofreu um grande estresse, possuindo ferimentos por toda sua extensão. Neste sentido, o cobre atua como protetor, reduzindo assim a incidência de patógenos sobre a cultura neste desenvolvimento inicial, quando a planta se mostra mais vulnerável.
Ao final do primeiro ano do biênio deste sistema tem-se a diferenciação floral e a projeção da florada que originará a safra seguinte. Sobretudo, devido ao grande desenvolvimento vegetativo da planta no primeiro ano, obtém-se grandes floradas e consequentemente elevadas produções. Em diversos ensaios de campo com esta metodologia, os materiais de campo chegaram a atingir mais de 100sc/ha, dependendo da cultivar e também da época de poda.
O manejo nutricional das lavouras sob este sistema é diferente das convencionais, pois devido a característica de não produção no primeiro ano do biênio, as adubações via solo são realizadas somente com nitrogênio, com doses variando entre 300kg de N por hectare e 500kg de N por hectare. Contudo, no segundo ano ocorre o inverso, pois a planta estará voltada apenas à produção, sendo necessário maior atenção à adubação potássica.
O controle fitossanitário deve ser realizado principalmente para doenças como Phoma, ferrugem e mancha aureolada, pois as altas doses aplicadas de nitrogênio acarretam em maior infestação dessas doenças.
A phoma é a primeira doença a se manifestar quando não realizado o controle adequado, sendo necessário o monitoramento de seus primeiros sinais no ano de produção. A ferrugem também é outra doença que pode ocorrer em cafeeiros podados, pois são mais susceptíveis e apresentam uma curva de progressão mais agressiva quando comparados aos não podados.
Dentre os benefícios deste sistema, é possível citar a redução de custos, visto que a colheita (que representa até 50% dos gastos) só será realizada no ano de produção. Além disso, a lavoura estará com elevada carga pendente.
Também pode servir como ferramenta em anos de preço baixo, por reduzir o custo e evitar mais investimentos por parte do cafeicultor nesses períodos.
Pelo fato da adubação do primeiro ano consistir basicamente de N, os custos com estas operações também se tornam menores.
Os incrementos na matéria orgânica no local de cultivo são consideráveis, visto que a deposição dos restos culturais nas linhas de cultivo são de grande escala, melhorando assim a fertilidade do solo.
O sistema safra zero é amplamente utilizado na cafeicultura brasileira e está em expansão, pois se mostra como ferramenta de redução de custos e também da renovação dos ramos do cafeeiro.
Devido ao fato de não se produzir no primeiro ano do biênio e da elevada produção no seguinte, as adubações devem ser realizadas de modo diferente das tradicionais, seguindo as necessidades de cada ano.
Os manejos fitossanitários devem ser seguidos com rigor, porque a planta podada estará mais expostas a estresses bióticos e abióticos, pelos ferimentos provocados e também pelo posterior vigor com que se apresenta no início das brotações.
Giovani Belutti Voltolini, IFSUL de Minas e Ufla; Dalyse Toledo Castanheira, Thales Lenzi Costa Nascimento, Ademilson de Oliveira Alecrim, Ricardo Nascimento L. Paulino e Tiago Teruel Rezende, Universidade Federal de Lavras
Artigo publicado na edição 206 da Cultivar Grandes Culturas.
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