Manejo de plantas daninhas em plantio direto

Quando utilizado corretamente o sistema de plantio direto é um importante aliado dos produtores no manejo de plantas daninhas

28.07.2022 | 15:12 (UTC -3)

Quando utilizado corretamente o sistema de plantio direto é um importante aliado dos produtores no manejo de plantas daninhas. A presença de palhada no solo funciona como uma espécie de barreira física, que limita o desenvolvimento de invasoras.

Entre os diversos benefícios proporcionados pelo sistema de plantio direto, encontra-se o controle cultural e físico de plantas daninhas em função do aporte de palhada no sistema.

O sistema de plantio direto é baseado em práticas agrícolas sustentáveis, como a conservação da estrutura do perfil do solo, pela palhada e raízes mortas, sequestro de carbono, aporte de matéria orgânica, conservação da umidade e menor amplitude térmica do solo. Auxilia a manter a qualidade dos próximos cultivos, pois a fertilidade e saúde do solo são conservadas.

Existem alguns princípios básicos no plantio direto, como reduzir ao máximo o revolvimento do solo, mantê-lo coberto com palhada na quantidade adequada, impedindo que fique exposto, delimitar a movimentação apenas na linha de plantio, controlar o trânsito de máquinas, realizar a semeadura logo após a colheita e usar de diferentes espécies vegetais através de práticas como rotação de culturas, sucessão ou consórcio.

O sucesso do sistema de plantio direto, assim como ocorre com o convencional, depende do controle de plantas daninhas. Antes do surgimento dos herbicidas houve alguns problemas na implantação do sistema, exatamente por conta desse aspecto, pois a forma de controle utilizada até então se dava através do preparo e revolvimento do solo, o que vai contra o preceito de não movimentação da terra preconizado pelo sistema.

A palhada ajuda a dificultar o desenvolvimento de daninhas
A palhada ajuda a dificultar o desenvolvimento de daninhas

Entre as principais características das plantas daninhas encontram-se a adaptabilidade a condições adversas, o que as torna mais competitivas na busca por água, luz e nutrientes contra as culturas de interesse agronômico. Desse modo é necessário manejo adequado, favorecendo as plantas cultivadas em detrimento das daninhas. Além de reduzir a produtividade da cultura, através da competição e a alelopatia, as plantas daninhas podem dificultar a colheita, aumentar os custos de produção e servir como hospedeiras para pragas e doenças.

No sistema de plantio direto, a palhada, além de alterar condições como incidência de luz, amplitude térmica e umidade do solo, funciona como uma espécie de barreira física que impede o desenvolvimento normal das plantas daninhas, causando seu estiolamento, o que as torna mais frágil, facilitando o controle.

Em experimento conduzido para avaliar a produtividade de grãos de soja em diferentes níveis de infestação de plantas daninhas, em sistema de plantio direto, os resultados obtidos nas áreas de “baixa”, “média” e “alta” infestação mostraram que a produtividade da soja foi reduzida em 73% (baixa), 82% (média) e 92,5% (alta). É possível perceber que a redução da produtividade é muito alta, mesmo quando o nível de infestação de plantas daninhas é considerado baixo. Portanto, torna-se extremamente importante realizar o manejo adequado.

O controle pré-emergente é considerado o mais importante, pois no início do ciclo de desenvolvimento da cultura a interferência de plantas daninhas deve ser mínima, para que seja possível o máximo de desenvolvimento e maior uniformidade no estande de plantas, para o perfeito fechamento do dossel da cultura, que por si só irá controlar as plantas daninhas.

A presença de palha no solo é um dos princípios básicos do sistema de plantio direto
A presença de palha no solo é um dos princípios básicos do sistema de plantio direto

Além do controle químico, através de herbicidas, é possível utilizar algumas práticas culturais para auxiliar no controle de plantas daninhas, como espaçamentos entre plantas reduzidos, maior densidade de sementes no plantio, uso de sementes vigorosas, além da rotação e consorciação de culturas. As espécies de consórcio, durante sua fase de crescimento, podem excretar substâncias alelopáticas que inibem o crescimento de plantas daninhas. Já na sua fase adulta, o sombreamento prejudica as plantas daninhas e, por fim, a palhada, após dessecação, serve como barreira física para as plantas invasoras.

O uso de culturas de cobertura, capazes de liberar substâncias alelopáticas, associadas à camada de palhada disposta sobre o solo, juntamente com herbicidas, pode otimizar a eficiência no controle de plantas indesejadas. A integração desses manejos pode contribuir com a redução do uso de defensivos, prolongar seu efeito, além de torná-lo mais eficiente. Portanto, o manejo integrado é o mais indicado para o controle de plantas daninhas, pois reduz as chances de surgimento de resistência contra herbicidas, além de ser considerado um manejo mais sustentável.

Ainda em relação aos métodos para evitar a resistência de plantas daninhas a herbicidas, é de suma importância realizar a rotação de mecanismos de ação, associado a rotação de culturas. Vale ressaltar que o surgimento de plantas resistentes pode acarretar em dificuldades em manejos posteriores, podendo levar ao aumento de uso de herbicidas

Um outro experimento mostrou que a palhada reduz significativamente a população de plantas daninhas. Os autores observaram efeito proporcional, pois quanto maior foi a quantidade de palhada no solo, melhor o controle de plantas daninhas. Além disso, também foi verificado que o uso de palhada mais densa, de decomposição mais lenta e com ação alelopática, permitiu a redução ou até mesmo eliminação da aplicação de herbicidas. Portanto o sistema de plantio direto pode ser eficaz no controle de plantas daninhas quando aplicado corretamente.

Artigo publicado na edição 226 da Cultivar Grandes Culturas, mês março, ano 2018.

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