Vale à pena premiar o seu gerente com base no lucro da safra?
Por Luiz Tângari, CEO e co-fundador da Strider, empresa do mercado no segmento de tecnologia para agricultura
Entre os sinais positivos da economia, está o saldo da balança comercial. Recorde em março (R$ 7,1 bi), abril (R$ 6,9 bi), maio no mesmo caminho. E o agro protagonizando esse positivo resultado, a bordo da supersafra. Comércio exterior é impulso para a eficiência, embora ainda seja um desafio de competência para a economia brasileira como um todo, como já foi um dia para o agro.
Abertura para o mundo e competitividade é o nome do jogo nessa área, o que depende do potencial, modernidade e eficácia dos sistemas produtivos. Cinco países controlam 38,2% das vendas do comércio internacional, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC): China, Estados Unidos, Alemanha, Japão e Holanda. O Brasil tem participação diminuta nesse bolo, de apenas 1,2%, 25º lugar no ranking da OMC.
Quando se trata do agronegócio é diferente: nosso país é o terceiro maior exportador e tem o maior saldo positivo do comércio agrícola mundial. Em alimentos, fibras e energia somos protagonistas estratégicos do mercado internacional. O Brasil é extremamente competitivo nessa área, vindo daí inclusive uma das fontes de resistência às demandas brasileiras por queda dos subsídios, no âmbito da OMC. Brasil, potência do agro, um de seus líderes globais, assim o país é visto por seus competidores.
O que o agronegócio brasileiro tem de bem estruturado para ocupar essa posição de destaque no mercado mundial? São vários os fatores que convergem para isso, mas destaco aqui três: esforço permanente de integração internacional, para aumentar a penetração em economias desenvolvidas e emergentes, que apresentam potencial de demanda futura mais consistente; paridade tecnológica e de qualidade de produto com os players estratégicos do setor; custos competitivos, para enfrentar até mesmo as barreiras alfandegárias encontradas.
Sim, pois os exportadores brasileiros (produtores, cooperativas e agroindústrias) também concorrem com o tesouro de países que subsidiam fortemente sua agricultura, conforme revela a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com o indicador PSE¹, que mostra quanto da renda bruta dos produtores rurais de um país é proveniente de subvenções das políticas agrícolas dos governos.
No Japão o PSE é de 49%, na China 20%, na União Europeia 18%, México 13% e Estados Unidos, Canadá e Rússia 9%. Países esses que absorveram, em anos recentes, cerca de 75% das nossas exportações do agro, ou seja, estamos competindo com gente pra lá de subsidiada. Enquanto isso, no Brasil o PSE está na casa de 4%, já envolvendo todos os programas para agricultura empresarial e familiar². O resto é competência produtiva e de gestão traduzida em produtividade, essa sim a alavanca da competitividade brasileira no setor.
Levantamento do Ministério da Indústria e Comércio (2015) mostra dados provocadores de reflexão: os índices de renda disponível no mercado internacional estão em ascensão; 97% dos consumidores de todo o mundo estão fora do Brasil; 32 países somam 74% do PIB mundial. Está aí uma boa inspiração de marketing para o agro brasileiro: fortalecer ainda mais suas conexões com as regiões economicamente mais ativas do planeta, pensar em impactos mais diretos sobre os consumidores dos países e buscar trocas mais assertivas em valor.
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