​O agronegócio precisa fazer a gestão das cadeias

Por José Luiz Tejon Megido, Conselheiro Fiscal do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e Dirige o Núcleo de Agronegócio da ESPM

10.07.2017 | 20:59 (UTC -3)

Temos abundância de oferta de alimentos, variedade e preços que têm contribuído para cesta alimentar. Ou seja, abastecemos o povo brasileiro e ainda exportamos excedentes que salvam a economia.

Por outro lado, vivemos dramas e problemas em algumas cadeias produtivas que revelam a necessidade de compreender definitivamente o que significa agronegócio, palavra essa traduzida literalmente de agribusiness, conceito estratégico nascido na Universidade de Harvard nos anos 50, onde os professores John Davis e Ray Goldberg já identificavam que toda a atividade de alimentos, fibras, tudo que é originado no campo, não existia mais de forma independente.

Por isso, nós precisamos exercer a gestão de cadeias produtivas. Não existe mais boi, soja, algodão, milho, tomate, açúcar ou etanol, nem feijão com arroz. Existem sistemas que envolvem ciência, tecnologia, sementes, genética animal, nutrição de solos, plantas e animais, defesa sanitária, transportes, logística, distribuição, vendas, marketing; e isso tudo precisando ser comunicado e percebido pelos consumidores finais: o cidadão.

Portanto, quando falamos de agronegócio, estamos falando de sistemas de cadeias produtivas cada vez mais segmentadas, desde micro nichos, como por exemplo, alguém que produz cogumelos orgânicos, acerola, até a produção em escala da soja, cacau, carnes e biocombustíveis.

Quando assistimos o mais recente problema na área de carnes brasileiras com o embargo americano apontando erros e defeitos na forma da aplicação das vacinas de aftosa, que revelaram abcessos e calombos nos locais da vacinação nos dianteiros do boi.

Assistimos como um micro elo dessa cadeia imensa produtiva, que se não for cuidada e se não for submetida a um plano de qualidade total percebida, contribuirá perigosamente para imensos prejuízos, fechamento de mercados e jogará no lixo dezenas de anos de esforços de marketing e vendas da carne brasileira.

Sem uma comissão de gestão de cadeias produtivas do agronegócio, segmentada e também preparada para prevenção e gestão de crises, iremos viver de sobressaltos, sustos e prejuízos cada vez mais subsequentes.

Nisso tudo, há falta de credibilidade no governo do país, ou melhor, nos governantes do país, submetidos a tenebrosas acusações de corrupção e de acordos nefastos do setor privado com o público.

No caso da maior empresa de carnes do mundo, a JBS, logicamente tudo atiça, assanha e amplifica os faróis dos adversários e concorrentes sobre cada micro detalhe dos processos da gestão das cadeias produtivas do agronegócio.

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