Estratégia para mitigação de estresse abiótico em cultivos
PUBLIEDITORIAL SANTA CLARA AGROCIÊNCIA
14.08.2023 | 13:52 (UTC -3)
As plantas são submetidas as condições ambientais em que estão inseridas, podendo acarretar em estresse abiótico, e consequentemente influenciar a produtividade da lavoura. O estresse abiótico está relacionado às condições adversas do meio durante o desenvolvimento da cultura, podendo ser fatores como a deficiência hídrica, irradiação, temperaturas, luz, conteúdo de nutrientes e toxinas. O excesso ou deficiência de qualquer um destes fatores pode reduzir a produção e causar grandes prejuízos econômicos.
A redução da produtividade acaba ocorrendo independentemente do nível de estresse, seja ele baixo ou alto, o que muda é a gravidade nas perdas de produção. Isso acontece porque a planta direciona sua energia para conseguir reverter a situação de stress ao invés de concentrá-la na produção e enchimento de grãos e frutos. Como exemplos temos a redução da taxa fotossintética ou o consumo de energia e compostos metabólicos da planta para sintetizar moléculas protetores ou dissipar radicais livres danosos.
Os períodos como excesso de luz, alta radiação solar e altas temperaturas, ocorrem efeitos adversos no desenvolvimento, rendimento e qualidade do cultivo. Isso é decorrente da queima solar que provoca alterações fisiológicas e torna os frutos impróprios para o consumo, consequentemente reduz o valor comercial e aceitação pelos consumidores. Além disso, podem provocar fissuras nos frutos e aumentar a suscetibilidade a doenças. De acordo com isso, é necessário buscar soluções para mitigar os efeitos negativos ocasionados por esses fatores, que gera a falta de abastecimento de alimentos, como também afeta a sustentabilidade econômica do produtor.
Uma das práticas agronômicas que pode ser realizada é a proteção dos frutos ou das plantas objetivando reduzir a incidência direta dos raios solares para um ganho em produção. Essa proteção é frequentemente realizada com o uso de jornal para embrulho das frutas, amarrando as folhas sobre a fruta ou até mesmo uso de sombrite (malha de cobertura). Contudo, esses métodos são trabalhosos, caros e fornecem resultados variados, sendo frequentemente utilizados materiais inadequados para essa proteção, interferindo na qualidade final dos frutos. Segundo Eduardo et al. (2008), uma técnica bastante efetiva e que tem sido utilizada para controlar desordens fisiológicas e retardar o processo de senescência, é a aplicação de uma fina camada de produtos à base de cálcio ou sílica.
Tecnologias a base de caulim e aluminossilicato são utilizadas com viés de fotoprotetor para as plantas, pois formam uma película protetora nas folhas, flores ou frutos, que reduz o estresse causado pelo excesso de radiação solar e temperatura. Já que esse filme consegue bloquear, em certo grau, a radiação ultravioleta (UV) e infravermelha (IR) do sol sobre as plantas.
No entanto, para que tenha um filme de partículas e espalhamento eficaz o produto deve possuir algumas características como partícula mineral quimicamente inerte, e com diâmetros menores que 2 μm (nanopartículas) para que o formulado apresente um bom espalhamento, e crie um filme uniforme na planta. Além disso, deve ser poroso o suficiente para não interferir na troca gasosa das folhas e transmitir a radiação fotossinteticamente ativa.
Um exemplo dessa tecnologia é o experimento conduzido pelos pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus Jaboticabal, que teve como objetivo avaliar o uso de fotoprotetor para a redução dos danos causados pela queima solar em frutos de abacaxi. Eles utilizaram um produto de tecnologia Santa Clara Agrociência à base de carbonato de cálcio e aditivos. Os resultados reforçam que as plantas sem nenhum tratamento para a proteção da queima solar, apresentam maiores danos com sintomas visuais típicos, caracterizado pela exibição de tons de amarelamento na casca (Figura 1).
Ademais, o uso do fotoprotetor obteve maior equilíbrio entre açúcares e acidez, e maior firmeza da polpa com uso do produto (Figura 2). A firmeza da fruta é uma característica importante para aumentar a vida útil e permite maior facilidade de transporte dos produtos. Dessa forma, os resultados mostram que para uma maior qualidade nos frutos é preciso utilizar um produto com função de fotoprotetor.
Além disso, o cálcio atua de forma secundária na sinalização de diferentes estresses abióticos, bem como no mecanismo de defesa para aquisição de resistência ou tolerância aos diferentes estresses que a planta pode estar sendo submetida. Dentre os fertilizantes foliares utilizados, a aplicação de carbonato de cálcio (CaCO3) tem proporcionado o aumento da absorção e assimilação de carbono e, consequentemente, ocasionado incremento no crescimento e desenvolvimento da planta, devido à decomposição de CaCO3 em óxido de cálcio (CaO) e dióxido de carbono (CO2), o que possibilita o aumento da taxa fotossintética. Sorour (2021) ao utilizar diferentes concentrações de CaCO3 via foliar na cultura da Cycas revoluta, observou que houve redução do estresse hídrico e melhoria no crescimento vegetal, quando comparada com as testemunhas.
Trabalho realizado na Esalq/USP pelos pesquisadores Sergio Duarte e Martiliana Freire, com a cultura do tomate submetida a estresse hídrico e fotoprotetor de tecnologia Santa Clara Agrociência, corrobora que uso de produto a base de nanopartícula de carbonato de cálcio e aditivos favorece o incremento de 78,93% da taxa de fotossíntese liquida. Além disso, a utilização dessa tecnologia aumenta em 51,78% a eficiência do uso da água em relação a testemunha, ou seja, a planta produziu mais por grama de água absorvida, o que implica em maior produtividade (Figura 3).
Os efeitos do déficit hídrico intensificados por fatores climáticos, como irradiância e temperaturas, causam grandes prejuízos na qualidade e produção das lavouras. Seu manejo pelo produtor pode ser feito com diversas tecnologias, tanto físicas quanto químicas, e em sua maioria envolvem investimentos significativo de mão de obra e investimentos. Novas tecnologias estão sendo desenvolvidas e apresentadas para o agricultor, com o uso de produto fotoprotetor para as plantas, que é uma excelente estratégia para mitigação do estresse abiótico, e proteção contra queimaduras solares, melhorando a qualidade dos frutos e o aumento da produtividade. Além disso, é uma alternativa segura, de fácil aplicação e amigável ao ambiente.
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