Eficiência de diferentes métodos de destruição da soqueira do algodoeiro com diferentes tecnologias

Por Robério Neves, Jhonatan Wendling, Carlos Joaquim, Leandro S. Pereira e Enderson Gama (IGA)

29.08.2024 | 11:01 (UTC -3)

O algodoeiro é uma planta perene, o que lhe caracteriza a sobrevivência após a colheita e rebrota em períodos de entressafra. A permanência de resíduos da planta no campo permite a progressão de caules maiores e de mais difícil erradicação, causando interferência nas culturas em sucessão, que se agrava quando ambas portam a mesma tecnologia de resistência a mecanismos de ação de herbicidas. Quando há o brotamento, com desenvolvimento de plantas e produção de estruturas reprodutivas, os órgãos se tornam fontes de inóculo para doenças e pragas, como mancha angular das folhas, fusarium, mosca-branca, pulgão, tripes, complexo de lagartas, ácaros, bicudo-do-algodoeiro, entre outros.

Desta forma, uma das dificuldades encontrada pelos cotonicultores é a destruição dos restos culturais após a colheita, uma vez que a realização do manejo ocorre em período de estresse hídrico (julho-agosto), momento em que a translocação e absorção dos herbicidas são menores, reduzindo a sua eficiência. Assim, após a colheita, são adotados diversos métodos de controle, sendo usualmente realizada a roçagem, seguida de duas ou três aplicações de herbicidas em misturas ou não. Visando fortalecer cada vez mais a cadeia produtiva do algodoeiro no estado de Goiás, o IGA – Instituto Goiano de Agricultura, vem trabalhando desde 2017 para proporcionar os melhores métodos de manejo da soqueira, visando assegurar a não permanência de restos culturais.

Nas três tabelas encontra-se os tratamentos testados em três safras agrícolas. Todos os experimentos foram conduzidos em delineamento em blocos casualizados, com 4 repetições. A análise estatística utilizada foi a Anova (análise de variância), seguido de comparação de médias pelo teste de Scott-Knott.

A avaliação de plantas mortas foi realizada através de análise destrutiva. Foram arrancadas as plantas situadas em 5 metros das duas linhas centrais da parcela, e retirada a camada externa (súber) para observação de sinais de circulação de seiva e turgidez das gemas. Foram consideradas plantas mortas as que possuíam coloração marrom e gemas sem turgidez, conforme demonstrado na Figura 1.

Os resultados descritos nos gráficos, representam o número de plantas mortas de algodão em função dos programas (Pgr.) de destruição da soqueira testados, nas respectivas safras.

Através dos resultados obtidos é possível identificar que para um bom manejo de soqueira é imprescindível que a 1ª aplicação seja realizada logo após a roçada, uma vez que se observa maior controle nos Pgr. 2 e 8 em comparação com o Pgr. 9 na safra 2018/19; bem como maior controle no Pgr. 1 em comparação com o Pgr. 2 na safra 2021/22 (Figura 2 e 4). A aplicação logo após a roçada, tem por objetivo aumentar a absorção do herbicida pelos vasos condutores que ainda se encontram expostos.

A 2ª aplicação deve ser realizada quando a soqueira possuir 70% de rebrota. Isso para proporcionar maior interceptação do herbicida pela planta e facilitando o controle, uma vez que se observa maior número de plantas mortas para Pgr. 1 em comparação com o Pgr. 2 na safra 2020/21 (Figura 3).

O aumento da dose de DMA 806 BR ou Aminol (2,4-D) de 2 para 3 L/ha, na 1ª aplicação, e sua associação com herbicidas inibidores da Protox (enzima protoporfirinogênio oxidase), na 1ª ou 2ª aplicação, não proporcionaram incrementos no controle da soqueira, como se observa nas três safras agrícolas. No entanto, estudos paralelos mostram que a associação do 2,4-D com inibidores da Protox podem proporcionar incremento no controle em especiais dificuldade na absorção dos herbicidas.

A realização de 3 aplicações no manejo de soqueira proporciona maior porcentagem de plantas mortas, sendo a 1ª aplicação com herbicida DMA 806 BR (2 L/ha), logo após a roçada; a 2ª com o herbicida Aurora (0,07 L/ha), quando observado 70% de rebrote; e a 3ª com herbicida Reglone (2,0 L/ha), como verificado para o Pgr. 5, na Safra 2021/22.

Alguns produtos nutricionais, quando associados com herbicidas para o manejo da soqueira podem proporcionar melhor incremento no controle, como observado para o Pgr. 7 na safra 2021/22 (Figura 4).

Assim sendo, pode-se dizer, através dos resultados de pesquisa obtidos nas 3 safras agrícolas, que: (a) na 1ª aplicação é determinante a utilização do 2,4-D na dose de 1.340g do equivalente ácido, logo após a roçada; (b) na 2ª aplicação pode ser utilizado o herbicida carfentrazona-étilica, na dose de 28 gramas do ingrediente ativo, ou 2,4-D na dose de 1.005g de equivalente ácido, quando observado 70% de rebrota; (c) a 3ª aplicação deve ocorrer aos 20 dias após a 2ª aplicação, com herbicida diquat, na dose de 400g do ingrediente ativo, antes do plantio da cultura.

Na destruição da soqueira, podem ser associados com o 2,4-D, os herbicidas inibidores da Protox, com intuito de favorecer o controle de plantas daninhas remanescente do cultivo.

Por Robério Neves, Jhonatan Wendling, Carlos Joaquim, Leandro S. Pereira e Enderson Gama (IGA)

Artigo publicado na edição 291 da Revista Cultivar Grandes Culturas

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