Mecanismos dosadores de fertilizantes
Avaliação de mecanismos dosadores de fertilizantes mostra o comportamento de cada modelo operando em diferentes velocidades
O desenvolvimento de uma cultura começa com a deposição das sementes no solo, sua germinação e emergência das plântulas. Assim, o processo de semeadura tem que fornecer condições ótimas para o seu desenvolvimento, levando em consideração todos os parâmetros que podem variar de acordo com o conjunto trator-semeadora e de suas regulagens específicas.
Na operação de semeadura mecanizada, o desempenho operacional está, geralmente, relacionado ao conjunto trator-semeadora, podendo sofrer alterações operacionais em função de diferentes fatores como a velocidade real de deslocamento e o processo de preparo do solo, interferindo em parâmetros que podem variar em função da configuração do conjunto trator-semeadora e de suas regulagens específicas.
Os parâmetros mais importantes para aperfeiçoar o processo de semeadura é a capacidade efetiva e operacional de campo, com possível redução do número de conjuntos mecanizados em função da maior área trabalhada em mesmo período de tempo de operação no campo. Para isso, são necessários estudos sobre o assunto, com respostas sobre a eficiência no uso dos equipamentos e de insumos de maneira concomitante ao crescimento sustentável da atividade agrícola.
A capacidade de campo efetiva e operacional está diretamente relacionada com a velocidade de deslocamento do conjunto mecanizado, interferindo diretamente e indiretamente no consumo de combustível, patinamento dos rodados, força de tração e potência disponível na barra de tração do trator, contribuindo, assim, para a baixa capacidade de campo.
Um dos aspectos de grande relevância durante a semeadura, mas que é dada pouca atenção, é o tipo de preparo do solo. A condição de preparo do solo com pouca consolidação pode contribuir para o aumento do patinamento e baixa velocidade, reduzindo a capacidade operacional do conjunto mecanizado. O uso de escarificador, quando comparado com o uso de arado mais grade, pode apresentar capacidade de campo efetiva e operacional inferior, necessitando de maiores cuidados para obtenção de uma eficiência favorável.
Com o objetivo de avaliar a capacidade de campo efetiva e operacional do conjunto trator-semeadora em função do preparo do solo e do escalonamento de marchas, foi realizado um experimento de campo, utilizando uma semeadora-adubadora da marca Tatu Marchesan, modelo SDA³ de fluxo contínuo de 15 linhas, com espaçamento de 0,158m, acionada por um trator 4x2 TDA (tração dianteira auxiliar) de 88,26kW (120cv) com tração dianteira auxiliar ligada. Os ensaios foram realizados numa área experimental pertencente ao Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Ceará (UFC), localizado no Campus do Pici, Fortaleza (CE).
A fim de alcançar o objetivo, o delineamento experimental foi em blocos casualizados, em arranjo fatorial 2x3 com quatro repetições, totalizando 24 tratamentos. Os tratamentos foram constituídos por dois preparos de solo (preparo com arado + grade e escarificador) e três escalonamentos de marchas (L3T - terceira marcha reduzida com o sistema multitorque acionado na posição tartaruga; L3C - terceira marcha reduzida com o sistema multitorque acionado na posição coelho, e L4C - quarta marcha reduzida com o sistema multitorque acionado na posição coelho), com rotação do motor de 2.000rpm.
Cada parcela possuía 4,15m de largura com 15m de comprimento. Para o preparo do solo utilizaram-se arado de disco fixo montado, grade leve de arrasto da marca Marchesan, modelo GN, Off-set e escarificador da marca Marchesan, modelo AST/Matic 450. Os parâmetros avaliados foram: velocidade de deslocamento em km/h(V), capacidade de campo efetiva em ha/h (Cce) e capacidade de campo operacional em ha/h (Cco).
A velocidade de deslocamento foi determinada pelo tempo, cronometrado por meio de cronômetro digital, acionado e desligado de acordo com a passagem do rodado dianteiro do trator lateralmente às estacas que delimitavam o comprimento das parcelas. A capacidade de campo efetiva foi obtida em função da largura de trabalho da semeadora-adubadora e da velocidade de deslocamento e a capacidade de campo operacional obteve-se em função da largura de trabalho da semeadora-adubadora, velocidade de deslocamento em km/h e eficiência de operação da semeadora-adubadora, que é de 75%, segundo Asae (1997).
Os resultados obtidos para a velocidade de deslocamento mostraram que os valores médios foram significativos em relação ao tratamento preparado do solo e escalonamento das marchas (Gráfico 1), com maior velocidade desenvolvida no solo preparado com arado mais grade (6,09km/h) e menores para o solo escarificado (5,84km/h). Esse resultado pode estar associado à maior consolidação do solo preparado convencionalmente, permitindo que o trator desenvolva maiores velocidades devido ao contato mais eficiente do pneu com o solo.
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). * - significativo; ns - não significativo. P1 - preparo: arado mais grade; P2 - preparo: escarificador. DMS - diferença mínima significativa. CV - coeficiente de variação.
A marcha L4C (7,63km/h) proporcionou a maior velocidade, enquanto que a marcha 3LT (4,56km/h) apresentou a menor velocidade, situação já esperada, tendo em vista que quanto maior a marcha de trabalho, maiores os valores médios de velocidade de deslocamento (Gráfico 2). Estes valores também podem estar atribuídos à relação de transmissão, que para os maiores escalonamentos de marchas permite o desenvolvimento de maiores velocidades, independentemente do sistema de preparo ao qual o solo foi submetido.
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). * - significativo; ns - não significativo. L3T - terceira marcha reduzida, posição tartaruga; L3C - terceira marcha reduzida, posição coelho; L4C - quarta marcha reduzida, posição coelho. DMS - diferença mínima significativa. CV - coeficiente de variação.
A capacidade de campo efetiva (Cce) apresentou resultados significativos para o preparo do solo (Gráfico 3). O solo preparado com arado mais grade obteve melhor desempenho para estas variáveis, devido principalmente à maior velocidade desenvolvida neste tipo de preparo que proporcionou uma melhor condição superficial com menor deslizamento dos rodados, permitindo realizar a semeadura em espaço menor de tempo numa mesma área.
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). * - significativo; ns - não significativo. P1 - preparo com arado mais grade; P2 - preparo com escarificador. DMS - diferença mínima significativa. CV - coeficiente de variação.
Para o escalonamento das marchas, a capacidade de campo efetiva (Cce) apresentou valores médios com diferença significativa, verificando-se aumento de capacidade de campo com o aumento da velocidade (Gráfico 4). O maior valor médio de capacidade operacional efetiva foi de 1,7ha/h na quarta marcha reduzida, posição coelho (L4C). Estes resultados mostram a necessidade de uma atenção maior por parte dos produtores, porque dependendo do tipo de preparo a semeadura poderá não ser realizada dentro do tempo estabelecido.
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). * - significativo; ns - não significativo. L3T - terceira marcha reduzida, posição tartaruga; L3C - terceira marcha reduzida, posição coelho; L4C - quarta marcha reduzida, posição coelho. DMS - diferença mínima significativa. CV - coeficiente de variação.
Para os preparo do solo, a capacidade de campo operacional (Cco) apresentou resultados significativos (Gráfico 5). O solo preparado com o uso do arado mais grade foi o que apresentou melhor desempenho operacional, devido principalmente à maior velocidade desenvolvida neste tipo de preparo propiciar uma melhor condição superficial que se encontrava mais consolidada, permitindo realizar a semeadura em espaço menor de tempo em áreas equivalentes.
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). * - significativo; ns - não significativo. P1 - preparo com arado mais grade; P2 - preparo com escarificador. DMS - diferença mínima significativa. CV - coeficiente de variação.
Para capacidade de campo operacional (Cco), o escalonamento das marchas apresentou valores médios com diferença significativa (Gráfico 6), podendo ser verificado aumento de capacidade de campo com o aumento da velocidade propiciada pelo escalonamento das marchas. O maior valor médio encontrado para capacidade de campo operacional foi de 1,5ha/h na quarta marcha reduzida, posição coelho (L4C), já o menor valor foi obtido na terceira marcha reduzida, posição tartaruga (L3T).
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (5%). * - significativo; ns - não significativo. L3T - terceira marcha reduzida, posição tartaruga; L3C - terceira marcha reduzida, posição coelho; L4C - quarta marcha reduzida, posição coelho. DMS - diferença mínima significativa. CV - coeficiente de variação.
Por meio da análise de correlação entre a velocidade real de deslocamento e a capacidade de campo efetiva e operacional (Gráfico 7) para os dois tipos de preparo do solo, também foi possível verificar aumento da capacidade de campo efetiva e operacional diretamente proporcional ao aumento da velocidade. Com base nesta informação, e que de acordo com o tipo de preparo do solo pode haver redução nestes parâmetros, o produtor pode se antecipar e realizar a semeadura dentro do tempo previsto.
O preparo convencional (arado + grade) proporciona maior capacidade de campo efetiva e operacional do conjunto trator-semeadora. A marcha L4C (7,63km/h) apresenta maior capacidade de campo efetiva e operacional. O aumento da velocidade resultou em maior capacidade de campo efetiva e operacional.
Marcelo Queiroz Amorim, Carlos Alessandro Chioderoli, Daniel Albiero, Elivânia Maria Sousa Nascimento e Leonardo de Almeida Monteiro, UFC
Artigo publicado na edição 185 da Cultivar Máquinas, mês junho, ano 2018.
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