A partir do conhecimento das taxas de acúmulo de nutrientes, como o Nitrogênio, é possível identificar a exigência nutricional em cada período, o que pode auxiliar de forma prática no programa de adubação da lavoura cafeeira
05.08.2022 | 14:15 (UTC -3)
A partir do conhecimento das taxas de
acúmulo de nutrientes, como o Nitrogênio, é possível identificar a exigência
nutricional em cada período, o que pode auxiliar de forma prática no programa de
adubação da lavoura cafeeira. Ajustar a quantidade e frequência do uso de
fertilizantes, conforme a necessidade da planta ao longo do ano, otimiza o
emprego do insumo e tende a resultar em redução de perdas por volatilização,
fixação e lixiviação.
O cafeeiro é uma planta com alta
exigência nutricional, logo a nutrição mineral se destaca como um dos
principais fatores
que contribuem para o sucesso na formação e produção da cultura. Maior parte
dos nutrientes absorvidos é acumulado nos órgãos da planta, em especifico os
frutos, que são retirados da lavoura e uma parcela transforma-se em produto a
ser comercializado. O nitrogênio se destaca como nutriente mais acumulado no tecido vegetal e ao mesmo tempo um dos
que mais necessita de parcelamento de adubação em função de suas perdas,
principalmente por lixiviação e volatilização.
A fase reprodutiva do café Conilon/Robusta
é composta por etapas. Inicia-se com a floração, em sequencia ocorre o desenvolvimento dos frutos
composto pelos estádios de chumbinho,
expansão rápida, granação e maturação.
Cada estádio de formação possui funções
fisiológicas e metabólicas próprias,
essenciais à formação final da semente e fruto do café, bem como ocorre
variações na concentração e
no conteúdo de elementos acumulados em cada estádio.
Obtendo-se o conhecimento das taxas
de acúmulo dos nutrientes é possível identificar a exigência nutricional em cada
período. Portanto, pode auxiliar de forma prática o programa de adubação da
lavoura, ajustando-se a quantidade e frequência do uso de fertilizantes,
conforme a necessidade do nutriente pela planta ao longo do ano. É possível assim,
otimizar o uso do insumo, com dosagens adequadas em cada período, conforme a
demanda, com redução de perdas por volatilização, fixação e lixiviação, por
exemplo.
Ensaios de
campo tem aferido que o acúmulo, bem como a taxa de acúmulo de nutrientes no
fruto varia conforme genótipos, sistema de manejo e região de cultivo. Serão
apresentados a taxa de acúmulo apenas do nitrogênio nas três principais regiões
produtores de café Conilon/Robusta do Brasil (Espírito Santo, Rondônia e
Bahia), com suas particularidades.
Espírito
Santo - Diferentes genótipos
O trabalho foi realizado no
município de Nova Venécia, Espírito Santo, com o objetivo de avaliar o acúmulo
de nutrientes nos frutos em diferentes períodos para três clones/genótipos da
variedade Vitória (10V, 12V e 13V) e o clone Ipiranga 501. Portanto, verificou-se
diferenças entre os genótipos, que apresentam ciclo de maturação distinta (de
precoce a super-tardio). Será apresentado apenas o acúmulo de nitrogênio nos
frutos.
Observa-se, de forma clara, distinto
padrão de acúmulo de N nos frutos entre os genótipos ao longo do período de
avaliação (Figura 1). Para uma melhor exemplificação da diferença de acúmulo de
N, destaca-se duas datas, sendo uma no início de formação dos frutos: 09 de
setembro: clones tardios (13V e Ipiranga) com acúmulo inferior a 5%,
enquanto os demais (10V e 12V) com acúmulo superior a 25%. 06 de fevereiro:
clones tardios com acúmulo inferior a 40%, e os demais com acúmulo superior a
90%.
Bahia:
com e sem irrigação
O trabalho foi realizado no
município de Itabela, Bahia. Foi avaliado o acúmulo de nutrientes nos frutos desde
a fase de grão chumbinho até maturação do genótipo 12V da cultivar Vitória, em
sistema irrigado e não irrigado. Contudo, será apresentado apenas o acúmulo de
nitrogênio nos frutos.
De forma geral o trabalho permitiu afirmar que a
irrigação proporciona maior acúmulo de nitrogênio nos frutos de café Conilon na
região Atlântica da Bahia. O acúmulo de nitrogênio nos frutos (Figura 2),
caracterizou-se por apresentar taxas de acúmulo reduzidas na fase inicial de
formação dos frutos, seguida (a partir de outubro) de uma fase de rápida
expansão com as mais altas taxas de acúmulo, e taxas menos expressivas ao final
do ciclo de formação dos frutos.
Rondônia:
com e sem adubação
A pesquisa foi realizada
em lavoura clonal de cafeeiro Conilon/Robusta de maturação média, no município
de Rolim de Moura, Rondônia. Foi avaliado o acúmulo de nutrientes nos frutos durante
toda a fase de formação, em linhas com e sem adubação. Será apresentado apenas
o acúmulo de nitrogênio.
O acumulo de nitrogênio
no fruto no estágio inicial e final foram baixos, na linha com e sem adubação
(Figura 3). A partir de setembro a taxa de acúmulo e, consequentemente, a
demanda por N passou a ser maior, comparada aos outros períodos.
Diferenças
entre as regiões e considerações finais
Para efeito de
comparação e exemplificação serão ressaltados os clones de maturação
precoce/média (12V) utilizados na pesquisa realizada na Bahia e Espírito Santo
e de maturação média de Rondônia, em três momentos aproximados (Figuras 1, 2 e
3). 08/09 de outubro: acumulo de 28% no Espírito Santo, 20% em Rondônia,
e aproximadamente 5% na Bahia. 03/06 de dezembro: acúmulo superior a 55%
no Espírito Santo, 45% em Rondônia, e aproximadamente 30% na Bahia. Início
de fevereiro: acúmulo superior a 90% no Espírito Santo e Rondônia, e inferior
a 75% na Bahia.
Esses números
evidenciam diferenças de acúmulo de N nas três regiões, com uma maior discrepância
na região da Bahia, apesar da proximidade com Espírito Santo. Fica evidente que
a porcentagem da demanda é diversa, e consequentemente, a quantidade e
frequência devem ser diferentes nas três regiões, para promover a otimização do
uso do fertilizante. Essa mesma lógica deve ser usada para genótipos de
maturação diferenciada (precoce, médio, tardio e super-tardio).
Demanda
de nutrientes no fruto, grão e palha
Em pesquisa realizada
por dois anos, com genótipo 12V, em Itabela Bahia foi verificado que o N é o
nutriente mais acumulado no fruto e grão de café e o segundo na palha do café
(Tabela 1), portanto, com a colheita é o mais retirado da lavoura. Além disso,
é um dos nutrientes que mais apresentam perdas, por volatilização e lixiviação,
o que gera necessidade de parcelamento e eficiência na aplicação, para otimizar
o aproveitamento do insumo e oportunizar menos gastos com adubação.
Artigo publicado na edição 227 da Cultivar Grandes Culturas, mês abril, ano 2018.
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