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O mercado da manga mostra-se altamente promissor, tanto no cenário interno quanto em relação às exportações. Entretanto, um fator limitante refere-se aos problemas de ordem fitossanitária, com destaque às doenças fúngicas. Nesse contexto, a antracnose, causada por Colletotrichum gloeosporioides, dentre outras espécies, tem importância relevante dada a elevada incidência e severidade, o que eleva significativamente o custo de produção e limita a obtenção de produtos de alta qualidade.
Sintomas da antracnose mostram-se presentes em flores, panículas, ramas, folhas e frutos, sendo estes últimos afetados em todos os estádios de desenvolvimento (Ploetz, 1994).
Considerando a importância do patógeno C. gloeosporioides na cultura da manga, especialmente nas regiões com chuvas frequentes nos meses de primavera e verão, um experimento foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a eficiência dos fungicidas do grupo químico de estrobilurinas, benzimidazóis e ftalimida no controle da antracnose em mangas da variedade Palmer, sob condições de campo.
O experimento foi executado em pomar comercial localizado em Taquaritinga/São Paulo, com plantas de seis anos de idade, espaçamento 8m x 4m, e densidade de 312 plantas/ha. A área apresentava histórico regular de ocorrência da doença nos anos anteriores, implicando em emprego de dezenas de pulverizações com fungicidas.
Os tratamentos avaliados foram os seguintes: (I) pyraclostrobin; (II) tiofanato metílico; (III) folpet e; (IV) Testemunha. Adotou-se delineamento de blocos ao acaso, com cinco repetições e uma planta por parcela. As aplicações foram realizadas em 14/12/12 e 29/12/12; 09/1/13, 21/1/13 e 29/1/13; e em 02/2/13. Foram realizadas seis pulverizações entre os meses de dezembro de 2012 e fevereiro de 2013, cuja pulverização deu-se com pulverizador tratorizado, compressão de 180Lb/pol², utilizando 1.000L calda/ha. Previamente às pulverizações a área recebeu 12 aplicações com fungicidas protetores e, em condições de elevada umidade, fungicidas sistêmicos, iniciadas na fase de florescimento das plantas, os quais mostraram-se altamente eficientes, com ausência de sintomas na fase inicial de implantação do experimento e em 25 frutos ensacados, colhidos e avaliados na colheita e em pós-colheita.
As avaliações consistiram na determinação da severidade de sintomas mediante emprego de escala de notas que variaram de: 0 – ausência de sintomas; 1- até três lesões por fruto; 2- de quatro a dez lesões por fruto e; 3- mais de dez lesões por fruto, conforme adotado por Dodd et al (1991), citado por Akhatar & Alam (2002), com modificação. A partir de tais dados foi determinado o Índice de Doença (ID), aplicando-se a fórmula de Wheeler (1969), sendo: ID = índice de doença; N = número total de frutos avaliados; i = nota da doença, ni = número de frutos com nota i; m = nota máxima.
Os dados obtidos foram avaliados mediante análise de variância, comparação de médias pelo teste de Tukey, empregando-se o programa SAS.
Resultados
Nas avaliações realizadas na fase pré-implantação, não foi detectada a presença de antracnose nos frutos.
Na primeira avaliação, realizada em frutos não ensacados e tratados com fungicidas, não foi observada diferença significativa entre os tratamentos (Tabela 1). Entretanto, na segunda avaliação, realizada em 26/2, observou-se diferença significativa entre os tratamentos (P ≤ 0,05), com destaque para folpet e pyraclostrobin, que apresentaram menor índice de doença que os demais tratamentos.
Tabela 1 - Efeito de fungicidas pertencentes a diferentes grupos químicos no controle da antracnose causada por Colletotrichum gloeosporioides em manga da variedade Palmer, expresso em Índice de doença (ID). Avaliação em pré-colheita, em frutos não ensacados
Tratamentos | Fungicida | Dosagem (kg ou L/ha) | Datas das avaliações/ID | |
26/01/2013 | 12/02/2013 | |||
1 | Pyraclostrobin | 0,4 | 0,20 | 0,26 a |
2 | Tiofanato metílico | 3 | 0,54X | 0,41 bc Y |
3 | Folpet | 4 | 0,32 | 0,14 a |
4 | Testemunha | - | 0,54 | 0,97 c |
Tratamentos
Fungicida
Dosagem (kg ou L/ha)
Datas das avaliações/ID
26/01/2013
12/02/2013
1
Pyraclostrobin
0,4
0,20
0,26 a
2
Tiofanato metílico
3
0,54X
0,41 bc Y
3
Folpet
4
0,32
0,14 a
4
Testemunha
-
0,54
0,97 c
XValores determinados conforme fórmula de Wheller (1969). Y Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si (Tukey, P≥0,05).
Nas avaliações realizadas na fase de pós-colheita observou-se que os fungicidas folpet e pyraclostrobin foram estatisticamente diferentes em relação à testemunha e tiofanato metílico (Tabela 2). Entretanto, entre folpet e pyraclostrobin não foi observada diferença significativa, sendo ambos altamente eficientes no controle da doença. O nível de severidade de sintomas, no caso da testemunha, foi mais elevado, independentemente se os frutos forem mantidos sem ensacamento (porém pulverizados com fungicidas), ou quando ensacados (não pulverizados).
Tabela 2 - Efeito de fungicidas pertencentes a diferentes grupos químicos no controle da antracnose causada por Colletotrichum gloeosporioides em manga da variedade Palmer, expresso em Índice de doença (ID). Avaliação em pré-colheita, em frutos não ensacados
Tratamentos | Fungicida | Dosagem (kg ou L/ha) | Datas das avaliações/IDX | |
16/02/2013 | 20/02/2013 | |||
1 | Pyraclostrobin | 0,4 | 0,12 a | 0,36 a |
2 | Tiofanato metílico | 3 | 0,52 bY | 1,15 bcY |
3 | Folpet | 4 | 0,07 a | 0,20 a |
4 | Testemunha | - | 0,59 b | 1,43 b |
Tratamentos
Fungicida
Dosagem (kg ou L/ha)
Datas das avaliações/IDX
16/02/2013
20/02/2013
1
Pyraclostrobin
0,4
0,12 a
0,36 a
2
Tiofanato metílico
3
0,52 bY
1,15 bcY
3
Folpet
4
0,07 a
0,20 a
4
Testemunha
-
0,59 b
1,43 b
XValores determinados conforme fórmula de Wheller (1969). Y Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre (Tukey, P ≥ 0,05).
Posteriormente, nas avaliações subsequentes, no caso dos frutos ensacados, não foi observada diferença estatisticamente significativa entre os tratamentos (P ≥ 0,05), independentemente da avaliação realizada (Tabela 3). Tais resultados são indicações de que, quando da implantação do experimento, o controle fitossanitário com vistas ao combate da antracnose nos frutos mostrava-se adequado, redundando em frutos sadios na colheita, quando precedido do ensacamento dos frutos.
Assim sendo, pode-se observar que folpet e pyraclostrobin foram eficientes no controle da doença, tanto nas fases que precederam a colheita, quando até pelo menos dez dias após a colheita. O fungicida tiofanato metílico, amplamente utilizado no controle da doença, mostrou eficiência intermediária.
Os resultados obtidos no presente estudo, além de demonstrar a eficiência de controle da antracnose mediante emprego de fungicidas de diferentes grupos químicos, constitui também em alternativa importante ao manejo da antracnose da manga, possibilitando o rodízio de produtos, minimizando os riscos de resistência dos patógenos aos agroquímicos utilizados, conforme preconizado por Brent (1995).
Tabela 3 - Efeito de fungicidas pertencentes a diferentes grupos químicos no controle da antracnose causada por Colletotrichum gloeosporioides em frutos de manga da variedade Palmer, expresso em Índice de doença (ID). Jaboticabal/SP, 2013. Avaliação em pós-colheita, em frutos ensacados
Tratamentos | Fungicida | Dosagem (kg ou L/ha) | Datas das avaliações/IDY | |
26/01/2013 | 16/02/2013 | |||
1 | Pyraclostrobin | 0,4 | 0,18 | 0,66 |
2 | Tiofanato metílico | 3 | 0,33X | 1,15 |
3 | Folpet | 4 | 0,30 | 0,20 |
4 | Testemunha | - | 0,59 | 1,43 |
Tratamentos
Fungicida
Dosagem (kg ou L/ha)
Datas das avaliações/IDY
26/01/2013
16/02/2013
1
Pyraclostrobin
0,4
0,18
0,66
2
Tiofanato metílico
3
0,33X
1,15
3
Folpet
4
0,30
0,20
4
Testemunha
-
0,59
1,43
XValores determinados conforme fórmula de Wheller (1969). YID – Índice de doença.
Atualmente, no Brasil, são poucos os fungicidas registrados para a cultura da manga, o que, dado seu emprego de forma regular e sequencial, culmina no aumento da pressão de seleção de patógenos, tornando o controle de determinados agentes cada vez mais ineficiente por conta do incremento da população resistente ou insensível a esses fungicidas. Dessa forma, para as regiões de cultivo da manga onde há prevalência de condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da doença, como no presente caso, há a necessidade do emprego de dezenas de pulverizações com fungicidas. Problema que poderá ser agravado, tornando os fungicidas ineficientes e obsoletos, acompanhados por elevados prejuízos.
Deve-se ressaltar ainda que as aplicações dos fungicidas no caso de controle da antracnose devem focar principalmente os frutos e inflorescências, por conta de sua suscetibilidade. Práticas culturais que minimizem a fonte de inóculo são também fundamentais (Jeffries et al, 1990).
Confira o artigo na edição 85 da revista Cultivar Hortaliças e Frutas.
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