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O mercado da manga mostra-se altamente promissor, tanto no cenário interno quanto em relação às exportações. Entretanto, um fator limitante refere-se aos problemas de ordem fitossanitária, com destaque às doenças fúngicas. Nesse contexto, a antracnose, causada por Colletotrichum gloeosporioides, dentre outras espécies, tem importância relevante dada a elevada incidência e severidade, o que eleva significativamente o custo de produção e limita a obtenção de produtos de alta qualidade.
Considerando a importância do patógeno C. gloeosporioides na cultura da manga, especialmente nas regiões com chuvas frequentes nos meses de primavera e verão, um experimento foi desenvolvido com o objetivo de avaliar a eficiência dos fungicidas do grupo químico de estrobilurinas, benzimidazóis e ftalimida no controle da antracnose em mangas da variedade Palmer, sob condições de campo.
O experimento foi executado em pomar comercial localizado em Taquaritinga/São Paulo, com plantas de seis anos de idade, espaçamento 8m x 4m, e densidade de 312 plantas/ha. A área apresentava histórico regular de ocorrência da doença nos anos anteriores, implicando em emprego de dezenas de pulverizações com fungicidas.
Os tratamentos avaliados foram os seguintes: (I) pyraclostrobin; (II) tiofanato metílico; (III) folpet e; (IV) Testemunha. Adotou-se delineamento de blocos ao acaso, com cinco repetições e uma planta por parcela. As aplicações foram realizadas em 14/12/12 e 29/12/12; 09/1/13, 21/1/13 e 29/1/13; e em 02/2/13. Foram realizadas seis pulverizações entre os meses de dezembro de 2012 e fevereiro de 2013, cuja pulverização deu-se com pulverizador tratorizado, compressão de 180Lb/pol², utilizando 1.000L calda/ha. Previamente às pulverizações a área recebeu 12 aplicações com fungicidas protetores e, em condições de elevada umidade, fungicidas sistêmicos, iniciadas na fase de florescimento das plantas, os quais mostraram-se altamente eficientes, com ausência de sintomas na fase inicial de implantação do experimento e em 25 frutos ensacados, colhidos e avaliados na colheita e em pós-colheita.
As avaliações consistiram na determinação da severidade de sintomas mediante emprego de escala de notas que variaram de: 0 – ausência de sintomas; 1- até três lesões por fruto; 2- de quatro a dez lesões por fruto e; 3- mais de dez lesões por fruto, conforme adotado por Dodd et al (1991), citado por Akhatar & Alam (2002), com modificação. A partir de tais dados foi determinado o Índice de Doença (ID), aplicando-se a fórmula de Wheeler (1969), sendo: ID = índice de doença; N = número total de frutos avaliados; i = nota da doença, ni = número de frutos com nota i; m = nota máxima.
Os dados obtidos foram avaliados mediante análise de variância, comparação de médias pelo teste de Tukey, empregando-se o programa SAS.
Nas avaliações realizadas na fase pré-implantação, não foi detectada a presença de antracnose nos frutos.
Na primeira avaliação, realizada em frutos não ensacados e tratados com fungicidas, não foi observada diferença significativa entre os tratamentos (Tabela 1). Entretanto, na segunda avaliação, realizada em 26/2, observou-se diferença significativa entre os tratamentos (P ≤ 0,05), com destaque para folpet e pyraclostrobin, que apresentaram menor índice de doença que os demais tratamentos.
Nas avaliações realizadas na fase de pós-colheita observou-se que os fungicidas folpet e pyraclostrobin foram estatisticamente diferentes em relação à testemunha e tiofanato metílico (Tabela 2). Entretanto, entre folpet e pyraclostrobin não foi observada diferença significativa, sendo ambos altamente eficientes no controle da doença. O nível de severidade de sintomas, no caso da testemunha, foi mais elevado, independentemente se os frutos forem mantidos sem ensacamento (porém pulverizados com fungicidas), ou quando ensacados (não pulverizados).
Posteriormente, nas avaliações subsequentes, no caso dos frutos ensacados, não foi observada diferença estatisticamente significativa entre os tratamentos (P ≥ 0,05), independentemente da avaliação realizada (Tabela 3). Tais resultados são indicações de que, quando da implantação do experimento, o controle fitossanitário com vistas ao combate da antracnose nos frutos mostrava-se adequado, redundando em frutos sadios na colheita, quando precedido do ensacamento dos frutos.
Assim sendo, pode-se observar que folpet e pyraclostrobin foram eficientes no controle da doença, tanto nas fases que precederam a colheita, quando até pelo menos dez dias após a colheita. O fungicida tiofanato metílico, amplamente utilizado no controle da doença, mostrou eficiência intermediária.
Os resultados obtidos no presente estudo, além de demonstrar a eficiência de controle da antracnose mediante emprego de fungicidas de diferentes grupos químicos, constitui também em alternativa importante ao manejo da antracnose da manga, possibilitando o rodízio de produtos, minimizando os riscos de resistência dos patógenos aos agroquímicos utilizados, conforme preconizado por Brent (1995).
Atualmente, no Brasil, são poucos os fungicidas registrados para a cultura da manga, o que, dado seu emprego de forma regular e sequencial, culmina no aumento da pressão de seleção de patógenos, tornando o controle de determinados agentes cada vez mais ineficiente por conta do incremento da população resistente ou insensível a esses fungicidas. Dessa forma, para as regiões de cultivo da manga onde há prevalência de condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da doença, como no presente caso, há a necessidade do emprego de dezenas de pulverizações com fungicidas. Problema que poderá ser agravado, tornando os fungicidas ineficientes e obsoletos, acompanhados por elevados prejuízos.
Deve-se ressaltar ainda que as aplicações dos fungicidas no caso de controle da antracnose devem focar principalmente os frutos e inflorescências, por conta de sua suscetibilidade. Práticas culturais que minimizem a fonte de inóculo são também fundamentais (Jeffries et al, 1990).
* Por Laís Barbosa P. Mendonça e Antonio de Goes (Unesp)
Artigo publicado na edição 87 da Revista Cultivar Hortaliças e Frutas
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