A cadeia produtiva de hortaliças e o valor bruto da produção
Por Warley Marcos Nascimento, Chefe-geral da Embrapa Hortaliças
Segundo artigo publicado recentemente pela Embrapa, o custo total anual estimado com a resistência de plantas daninhas aos métodos de controle no Brasil chega à R$ 9 bilhões em uso de herbicidas e perda de produtividade (Adegas et al, 2019). A adoção de estratégias de Manejo Integrado de Plantas Daninhas (MIPD) é uma alternativa sustentável para diminuir esse custo, ao passo que aumenta a produtividade e lucratividade do produtor rural.
Desde 2017, a Bayer e a Embrapa têm conduzido diversos estudos em conjunto de Manejo Integrado de Plantas Daninhas, incluindo mapeamento de populações resistentes e estudos de plataformas, nos distintos sistemas de produção no país.
As plataformas consistem na comparação de diferentes estratégias de manejo, iniciando com métodos de menor investimento e aumentando a complexidade (com consequente elevação de investimentos nos tratamentos seguintes). Nas estratégias de baixo investimento, consideramos a utilização de um único mecanismo de ação, com aplicações de herbicidas em pós-emergência das plantas daninhas e uso de um segundo mecanismo de ação ou controle mecânico, apenas como intervenções em caso de necessidade (geralmente quando as populações resistentes impediam a realização de atividades como plantio e/ou colheita); já o médio investimento consistiu na rotação de dois a três mecanismos de ação, além da inclusão de aplicações de herbicidas pré-emergentes. As estratégias de alto investimento contemplaram um número maior de mecanismos de ação, de quatro a cinco, incluindo aplicações em pré-emergência, controle mecânico de plantas sobreviventes após aplicações e introdução de culturas de cobertura no sistema, destacando-se o plantio de Brachiaria ruziziensis.
Portanto, é notório que a resistência das plantas daninhas onera as operações de campo, prejudicando as tecnologias de herbicidas e sementes e ameaçando a própria agricultura. Por outro lado, é de conhecimento geral que as estratégias de MIPD podem retardar o desenvolvimento de biótipos resistentes e garantir o pleno desempenho das ferramentas químicas e genéticas. Então, por que as estratégias de MIPD não são adotadas massivamente pela maioria dos agricultores? Como podemos convencê-los dos benefícios das estratégias de MIPD?
Parte dos objetivos de nossos estudos de plataforma é responder a essas duas perguntas. A primeira é cultural, a maioria dos agricultores tem que ver para crer, ou seja, eles querem resultados instantâneos; e isso é algo inatingível em curto prazo para MIPD, é preciso tempo e investimento para ver e aproveitar seus benefícios. Isso nos leva à segunda pergunta: Como convencê-los? Nesses estudos de plataforma de longo prazo avaliamos não apenas o controle de plantas daninhas, banco de sementes e desenvolvimento de resistência, mas também abordamos um assunto de grande relevância para os agricultores, a produtividade e o custo/receita. Com essas informações, não apenas mostramos os benefícios da MIPD no campo, mas também onde realmente importa aos agricultores, seus bolsos. Com o decorrer das safras, ao se comparar as diferentes estratégias de manejo, podemos observar a clara tendencia de diminuição das populações resistentes e o aumento de produtividade e rentabilidade nas áreas onde foram adotadas estratégias de MIPD.
Abaixo compartilhamos com vocês os gráficos de rentabilidade de diferentes sistemas de produção estudados em nossas Plataformas no Brasil, incluindo Soja/Trigo, Soja/Milho e Soja/Algodão. Comparamos três níveis de investimentos em manejo de plantas daninhas (Baixo, Médio e Alto). Em resumo, em longo prazo, o MIPD compensa e os agricultores podem ver isso em seus campos e bolsos!
Daniel Nigro, gerente de soluções agronômicas da Bayer, e Décio Karam, pesquisador Embrapa Milho e Sorgo
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