Expansão dos bioinsumos exige foco na qualidade
Por Álefe Borges, gestor de produtos da Bionat
A cotonicultura brasileira tem se destacado no cenário global, impulsionada pela alta produtividade e pela adoção de tecnologias inovadoras que promovem a sustentabilidade e a eficiência no setor. Na safra 2023/2024, o Brasil assumiu a liderança como maior exportador mundial de algodão, um feito inédito que consolida o país como um importante player no mercado global.
Biotecnologias como a Bollgard, cuja primeira versão foi lançada há quase 20 anos no Brasil, representaram um avanço significativo na proteção contra pragas e impulsionaram o crescimento do setor. No 14º Congresso Brasileiro do Algodão, a Bayer apresentou a plataforma Bollgard 3 XtendFlex (B3XF), mantendo a proteção contra as principais lagartas alvo da cultura do algodão e para ampliar a tolerância aos herbicidas - sendo a primeira biotecnologia de algodão tolerante a glifosato, glufosinato de amônio e dicamba.
Essa tolerância aos herbicidas oferece mais flexibilidade no manejo, reduz a matocompetição e garante maior assertividade no controle de plantas daninhas. Ensaios realizados indicaram que os cotonicultores que adotaram essa biotecnologia obtiveram um aumento de produtividade de aproximadamente 11 arrobas de pluma por hectare. Resultado da combinação de manejo integrado com dicamba na dessecação, glufosinato de amônio e glifosato na pós-emergência à genética de alto potencial produtivo.
A biotecnologia foi desenvolvida para apoiar o cotonicultor nos desafios da agricultura tropical, do pré-plantio à pós-colheita, incluindo a proteção de cultivos a sementes. A B3XF foi disponibilizada na safra 2024/2025 com variedades adaptadas às principais regiões produtoras de algodão no Brasil.
Na cultura do algodão, a segurança no manejo da soqueira é uma preocupação dos cotonicultores. A destruição dos restos culturais do algodoeiro após a colheita é uma prática recomendada como medida para reduzir as populações de pragas e de doenças no período de entressafra. A destruição de soqueira ocorre por métodos culturais, mecânico, químico e pela integração dos métodos, sendo a destruição química a mais utilizada pelo rendimento operacional e benefício de controle.
Esse processo é dividido em três etapas: no toco, as plantas são cortadas de 20 a 30 centímetros do solo e pulverizadas imediatamente, o que exige monitoramento constante para possíveis reaplicações; nos rebrotes, em que a pulverização é realizada quando os rebrotes atingem entre 5 e 8 centímetros de altura, com atenção ao estádio de risco fitossanitário; e planta em pé, sem roçada prévia, com aplicação do herbicida quando o rebrote estiver uniforme considerando os mesmos critérios de tamanho e de monitoramento da modalidade de rebrotes.
Independentemente do método de destruição química, um dos ingredientes ativos mais utilizados para eliminar a soqueira do algodoeiro é o 2,4-D, aplicado sozinho ou associado, de forma sequencial. Geralmente, outros herbicidas são adicionados na segunda aplicação para potencializar a eficiência do controle da soqueira.
Quanto à adoção da tecnologia Bollgard 3 XtendFlex atrelada ao uso de 2,4-D, não há alterações nas práticas de destruição química de soqueira. É o que confirma a Circular Técnica nº 62, publicada recentemente pelo Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt). Ou seja, produtores que utilizam a B3XF podem seguir os mesmos protocolos de aplicação do 2,4-D, sem necessidade de ajustes em suas operações.
Em 2020, o IMAmt realizou três experimentos para avaliar o controle da soqueira com uma linhagem da Bollgard 3 XtendFlex comparado a variedade comercial sem tolerância à dicamba. Os estudos foram conduzidos nas estações experimentais do IMAmt em Primavera do Leste, Sorriso e Rondonópolis, em Mato Grosso. Os tratamentos incluíram o manejo padrão de destruição da soqueira, com a primeira aplicação realizada no toco - logo após a roçada das plantas - e o manejo padrão de destruição de soqueira com a primeira aplicação nos rebrotes, sem aplicação imediatamente após a roçada.
O experimento não identificou diferenças significativas na avaliação de rebrota nos tratamentos aplicados na linhagem B3XF e na variedade comercial sem tolerância à dicamba. Os resultados demonstraram que o manejo padrão de destruição de soqueira, baseados no uso do herbicida 2,4-D, mostrou-se eficiente nas plantas com a tecnologia B3XF.
Em 2023, novos ensaios foram conduzidos nas estações experimentais do IMAmt em Primavera do Leste, Sorriso e Sapezal. O experimento comparou uma linhagem Bollgard 3 XtendFlex com outra variedade comercial sem tolerância à dicamba. O manejo padrão de destruição, com a primeira aplicação no toco após a roçada, mostrou-se eficiente, resultando em baixas porcentagens de rebrota na avaliação final em ambas as tecnologias. Os resultados confirmaram que o manejo de destruição química baseado no 2,4-D é eficaz na eliminação da soqueira de plantas de algodoeiro com a tecnologia B3XF.
A Circular Técnica do IMAmt serve como um guia seguro para os cotonicultores, e garante que as operações de destruição de soqueira sejam realizadas com eficiência e em conformidade com os parâmetros legais estabelecidos pelo vazio sanitário da cultura do algodão. A Bollgard 3 XtendFlex é uma biotecnologia que auxilia os produtores a enfrentar os desafios da cotonicultura tropical para melhorar a produtividade e a sustentabilidade no campo.
* Por Fernando Prudente, diretor executivo de algodão da divisão agrícola da Bayer
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