Medidores portáteis de clorofila otimizam uso de nitrogênio

Por Chaiane Guerra da Conceição, UFSM e IFFar, Ana Rita Costenaro Parizi, João Antônio da Conceição, IFFar, Jhosefe Bruning, Adroaldo Dias Robaina, Marcia Xavier Peiter, Elisa de Almeida Gollo e Ana Carla dos Santos Gomes, UFSM

28.03.2025 | 17:08 (UTC -3)

O nitrogênio é considerado um dos nutrientes mais requisitados pela maioria dos vegetais, sendo responsável por desempenhar diversas funções essenciais no seu desenvolvimento, como crescimento das plantas, formação de novas células, tecidos e formação da clorofila. 

A clorofila é um pigmento verde encontrado nas folhas e é responsável por capturar a energia solar e formar os açúcares (CO2+H2O) que a planta necessita para crescer e produzir os grãos ou frutos, dependendo da espécie. Quando ocorre a deficiência de nitrogênio, as plantas apresentam suas folhas com uma coloração verde-pálida ou amarelada, devido à falta de clorofila. Portanto, fica evidente uma correlação acentuada entre o nível de clorofila e a deficiência ou necessidade de nitrogênio nas plantas.

Havendo um suprimento adequado de nitrogênio na planta, esta irá se desenvolver rapidamente, no entanto, quando ocorrer a deficiência deste nutriente, o crescimento se tornará mais lento. Em contrapartida, o excesso de nitrogênio, também pode ser prejudicial às culturas, podendo haver um prolongamento do ciclo vegetativo e, consequentemente, acarretando produção baixa.

O solo pode disponibilizar uma quantidade de nitrogênio às culturas, no entanto, em vários casos, este, por si só, muitas vezes não é capaz de atender toda a demanda, tornando-se necessária a prática da fertilização nitrogenada.

Geralmente, há muitas dúvidas relacionadas à aplicação de nitrogênio entre os produtores, levando em consideração o custo elevado do produto no cenário atual. Porém, a minimização na sua aplicação nas culturas não deve ser considerada como alternativa para diminuir sua utilização, uma vez que esta decisão poderá ocasionar danos significativos de produtividade e, como consequência, maior prejuízo.

Para tomar a decisão de aplicar ou não nitrogênio, é preciso que se obtenha um diagnóstico que caracterize a necessidade deste nutriente pela cultura. Para esta finalidade, existem alguns métodos que determinam o teor de clorofila na folha e predizem o nível nutricional de nitrogênio nas plantas. Isto se deve ao fato de que o pigmento de clorofila tem grande correlação com o teor de nitrogênio presente na planta.

O método tradicional, realizado em laboratório para obtenção do teor de clorofila na folha, requer a destruição de amostras de tecidos foliares, além de muito trabalho nos processos de extração e quantificação e de alto custo empregado. No entanto, existem no mercado medidores portáteis de clorofila que permitem realizar medições instantâneas do teor de clorofila na folha, sem haver a necessidade dedestruir ou danificar a mesma.

O teor de clorofila quantificado pelos medidores apresenta-se na forma de um valor relativo sem dimensão. Onde o princípio de funcionamento baseia-se na absorbância e/ou refletância da luz pelas folhas, onde a luz que passa através da folha atinge um receptor (fotodiodo de silicone) que converte a luz transmitida em sinais elétricos analógicos, assim por meio do conversor A/D, esses sinais são amplificados e convertidos em sinais digitais, sendo usados por um microprocessador para calcular os valores que são mostrados num visor. Desta forma, a determinação de clorofila tornou-se fácil e rápida, podendo ser realizada a campo.

Utilização do equipamento

O método de determinação do teor de clorofila na folha pelos medidores portáteis consiste no fechamento da cabeça de medição do aparelho sobre a folha, não causando danos às folhas através do seu manuseio. Deste modo, posteriormente poderão ser realizadas outras medidas na mesma folha no decorrer de todo o ciclo de crescimento da planta.

A medição deve ser realizada em no mínimo 30 folhas recém-expandidas, de modo que se façam duas medições em cada uma das folhas, em intervalos de tempo de dois segundos. O ideal é que se predetermine a localização da medição na folha e faça-a no mesmo local para todas, evitando-se as nervuras. Depois de medidos os teores de clorofila, deve ser realizada a média aritmética entre as medições. 

Os equipamentos são considerados leves e de fácil manuseio, o que permite a utilização em qualquer local. A bateria é composta normalmente por um conjunto de pilhas alcalinas, que devido ao baixo consumo de energia podem ser realizadas até 20 mil medições com a mesma bateria. 

Identificação dos níveis críticos

A amostragem de medidas do teor de clorofila deve ser definida para cada cultura e para cada tipo de folha, levando-se em consideração o estágio de crescimento, a idade relativa das folhas e a posição onde será feita a medida.

Cabe destacar que as medidas do clorofilômetro podem variar não só com o estádio fenológico, mas também conforme o local de tomada de leitura na folha, mostrando-se também dependente da cultura cultivada.

O equipamento realiza as leituras que correspondem ao teor de clorofila na folha. Através deste valor, uma metodologia pode ser utilizada para predizer a necessidade de adubação suplementar de nitrogênio e a calibração do equipamento.

Esta metodologia baseia-se na criação de uma variabilidade no início de desenvolvimento das culturas, experimentalmente. Geralmente, esta variabilidade é gerada através do emprego de diferentes níveis de nitrogênio na semeadura. No estádio do ciclo da cultura, em que se deseja determinar os níveis críticos de leitura do clorofilômetro, fazem-se as leituras com o equipamento e aplicam-se de dois a três diferentes níveis de nitrogênio. Com o valor do rendimento de grãos determinado e as leituras obtidas pelo medidor de clorofila, no estádio desejado, determina-se o valor que corresponde ao nível crítico de leitura do clorofilômetro.

O uso do clorofilômetro na tomada de decisão para aplicação de nitrogênio vem sendo vastamente utilizado para grandes culturas como arroz, trigo, milho e feijão. Alguns trabalhos experimentais realizados com estas culturas predizem os níveis críticos de leitura do clorofilômetro e indicam a aplicação de nitrogênio, quando os teores de clorofila apresentarem valores de 40-42 para o arroz (diferenciação da panícula), 41-42 para o trigo (folha bandeira), 58-62 para o milho (espigamento) e 42-46 para o feijão (pleno florescimento).

Principais vantagens da utilização do medidor

  • A leitura pode ser realizada em poucos minutos, o que possibilita o rápido diagnóstico da situação da lavoura quanto à necessidade de nitrogênio;
  • O aparelho tem custos baixos de manutenção, ao contrário de outros métodos, que exigem a compra de produtos químicos; 
  • Não existe a necessidade de envio de amostras para laboratório, o que economiza tempo e dinheiro;
  • O agricultor pode realizar quantas amostras desejar, sem destruição das folhas da planta. 

*Por Chaiane Guerra da Conceição, UFSM e IFFar, Ana Rita Costenaro Parizi, João Antônio da Conceição, IFFar, Jhosefe Bruning, Adroaldo Dias Robaina, Marcia Xavier Peiter, Elisa de Almeida Gollo e Ana Carla dos Santos Gomes, UFSM

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