Agronegócio: desafios e oportunidades em 2025

Por Aurélio Pavinato, diretor-presidente da SLC Agrícola

25.02.2025 | 15:37 (UTC -3)

O agronegócio desempenha um papel fundamental na economia brasileira. Nos primeiros nove meses de 2024, o setor representou R$ 2,50 trilhões do PIB (Produto Interno Bruto), equivalente a 26,6% do total, conforme a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O país é um dos maiores exportadores de carne bovina, soja e frango, além de ser um dos principais fornecedores de café e açúcar. Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), respondemos por cerca de 10% da produção mundial de alimentos.

No último ano, o setor enfrentou desafios que impactaram diretamente a safra 2023/24. Entre os principais fatores que contribuíram para essa retração estão a volatilidade e redução dos preços, além das condições climáticas adversas.

Para 2025, o cenário se mostra mais promissor, com expectativa de recuperação nos índices de produtividade e exportação, semelhante ao desempenho de 2023, atingindo 326 milhões de toneladas de grãos. A CNA projeta um crescimento de 5% no PIB do setor. No caso da soja, a exportação deve aumentar quase 8% em relação à safra anterior, enquanto a produção da oleaginosa pode atingir 166 milhões de toneladas, segundo a CONAB.

Alguns fatores contribuem para essa melhora, como a chegada do fenômeno La Niña, que deve favorecer culturas como soja e milho, e um cenário de preços mais estáveis. No entanto, as variações climáticas ainda representam um desafio. Além disso, a esperada supersafra exigirá atenção à logística e ao armazenamento, bem como adaptação às novas exigências regulatórias.

O algodão também deve apresentar bons resultados em 2025. Estimativas da CONAB mostram aumento de 3,70 para 3,76 milhões de toneladas de produção de pluma.

O cenário global continuará exigindo maior eficiência, sustentabilidade e inovação, impulsionando a transformação do setor e reforçando o Brasil como um dos principais fornecedores de alimentos, fibras e energia. Para manter essa posição, a inovação tecnológica seguirá como diferencial competitivo, permitindo ganhos expressivos em produtividade. O uso de drones e aviões autônomos, por exemplo, proporcionará maior precisão na aplicação de defensivos biológicos. Já o mapeamento de pragas, doenças e fertilidade do solo será essencial para os agricultores que buscam maximizar seus resultados.

A sustentabilidade também se consolida como pilar estratégico. Com os mercados internacionais cada vez mais atentos à agenda ambiental, social e de governança (ESG), as cadeias produtivas precisarão se alinhar às políticas globais, adotando práticas consistentes de agricultura regenerativa. Além disso, a rastreabilidade e a transparência das informações ganham relevância, assim como iniciativas para redução de emissões de carbono e economia circular.

Por fim, é fundamental acompanhar de perto os desafios logísticos e climáticos, investindo em planejamento, infraestrutura e gestão de riscos para mitigar impactos na produção. Tecnologia e eficiência serão essenciais para garantir previsibilidade e segurança ao setor.

Diante desse cenário, 2025 será um ano de desafios e oportunidades. O Brasil tem potencial para reafirmar seu protagonismo na produção e exportação de grãos. Aqueles que souberem inovar e se adaptar às adversidades estarão melhor preparados para prosperar.

Por Aurélio Pavinato, diretor-presidente da SLC Agrícola

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