Produtores do RS recebem orientações para controle da cigarrinha-do-milho
Foram abordados temas como escolha adequada de cultivares com resistência à cigarrinha-do-milho e outros aspectos a serem observados na semente
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) disponibilizou pela primeira vez o Zoneamento Agrícola de Riscos Climáticos (Zarc) para o sorgo forrageiro. Em 2020 já havia sido instituído o zoneamento agrícola do sorgo granífero. A separação de uma mesma cultura em dois zoneamentos distintos é uma novidade no Zarc, que é coordenado pelo Mapa e executado pela Embrapa.
De acordo com o pesquisador Daniel Pereira Guimarães, da Embrapa Milho e Sorgo, essa especificidade busca aprimorar as análises de riscos em função do uso dessa cultura em diferentes sistemas de produção. O sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench), é um gênero botânico pertencente à família Poaceae, de origem africana, sendo o quinto cereal mais produzido no globo, superado apenas por trigo, arroz, milho e cevada.
Os sorgos são classificados agronomicamente em cinco grupos: granífero, sacarino, forrageiro, vassoura e biomassa. “Embora se trate da mesma cultura (Sorghum bicolor), os sistemas de produção orientados para a produção de grãos (sorgo granífero) são distintos dos sistemas que visam a produção de forragem destinada à alimentação animal ou para a geração de energia, em que o foco principal é a produção de biomassa”, diz o pesquisador.
O sorgo forrageiro tem porte maior que o granífero, e a finalidade dele é produzir massa verde, com alta proteína e alta digestibilidade, para alimentação animal na forma de silagem ou feno.
“O sorgo é uma espécie de grande valia para a prática da agricultura sustentável, a segurança alimentar e a qualidade de vida em nossas condições tropicais. Vale ressaltar que o sorgo, por ser mais tolerante à seca que os cereais citados acima, pode se tornar uma das principais culturas para mitigar os fortes efeitos das mudanças climáticas que estão ocorrendo nos trópicos”, pontua Guimarães.
A elaboração de um zoneamento agrícola de riscos climáticos envolve o uso de análises que integram simultaneamente as características específicas das plantas, do solo e do clima da região.
“Os conhecimentos gerados nessas áreas são usados para simular o comportamento da cultura agrícola em todo o país em função das variações climatológicas em séries históricas de longas durações. Diferentes resultados são ainda obtidos em função do ciclo de crescimento das plantas e da disponibilidade hídrica dos solos”, diz Daniel Guimarães.
Segundo o pesquisador da Embrapa, para o Zarc do sorgo forrageiro, o processo de modelagem levou em consideração a boa disponibilidade hídrica dos solos na fase de germinação e o estabelecimento inicial da cultura e do período de crescimento vegetativo. "Assim é possível maximizar a produção de biomassa, condição básica para a alta produção de forragem. Também foram incluídos os riscos de excesso de chuvas, os riscos de ocorrência de geadas, as baixas temperaturas e os impactos do fotoperíodo”, explica.
O objetivo deste estudo foi identificar as áreas de menor risco climático, classificado em níveis de risco (20%, 30%, 40% e >40% ou inviável) e definir os melhores períodos de semeadura para esta cultura no Brasil, para reduzir as perdas de produção e obter rendimentos mais elevados. Os resultados obtidos foram submetidos às análises críticas de especialistas na cultura e posteriormente foram discutidos em reuniões de validações com extensionistas das diferentes regiões brasileiras, para identificação de eventuais inconsistências em relação à realidade local e possibilidades de ajustes na metodologia.
Os resultados mostraram que o cultivo do sorgo forrageiro deve ser iniciado em outubro e finalizado em fevereiro, na maioria das regiões do Brasil Central. “Nas regiões onde o regime hídrico começa e finaliza mais tarde, ele pode ser plantado até março, como na região Nordeste. Quando comparado ao milho, o sorgo permite a postergação das datas de semeadura em até 20 dias nos plantios de segunda safra, nas principais fronteiras agrícolas brasileiras, além da expansão dessas áreas de cultivo”, explica o pesquisador Cícero Beserra de Menezes, da Embrapa Milho e Sorgo.
“Deve-se levar em consideração a sensibilidade da cultivar ao fotoperíodo, pois a planta de cultivares sensíveis cresce menos na segunda safra”, diz Menezes.
O sorgo se destaca pela maior tolerância à seca e às altas temperaturas. É utilizado para a produção de grãos e de biomassa para alimentação animal, energia e papel. O sorgo forrageiro apresenta um sistema radicular profundo, que permite o aumento da fixação do carbono no solo, a proteção do solo às intempéries e a boa adaptação aos sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta.
“O sorgo tem mostrado bom desempenho até em locais de águas salinas, tem menor custo de produção que o milho e possui excelente adaptação tanto para a agricultura intensiva quanto para a agricultura familiar. Quando cultivado de forma adequada, produz muito grão, o que resulta em uma silagem de boa qualidade sem a necessidade do uso de aditivos. Essa cultura também é tolerante ao pisoteio do gado e apresenta baixa incidência de nematoides e de cigarrinha das pastagens”, descreve Menezes.
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura