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Pesquisas coordenadas pela professora Dalva Matos, do Departamento de Botânica da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), analisa os efeitos da presença de espécies invasoras em ecossistemas do Estado de São Paulo, como a floresta Atlântica e o Cerrado. Os estudos envolvem pesquisadores de iniciação científica e de pós-graduação e permitem verificar os impactos na fauna e flora em decorrência da introdução de plantas que originalmente são oriundas de outras regiões.
A professora Dalva explica que a inserção de espécies exóticas, ou seja plantas e animais que não fazem parte do ecossistema original, geram impactos nas relações ecológicas. “Mas nem todas as espécies exóticas são invasoras. As espécies invasoras apresentam alta taxa de reprodução, crescimento e dispersão e podem gerar impactos nas diversas comunidades”, alerta a professora.
A docente avalia que, ao longo das realizações das pesquisas, é possível perceber um conjunto de alterações nas relações ecológicas entre fauna e flora. Os estudos desenvolvidos na UFSCar analisam os impactos do estabelecimento de plantas invasoras e, ao longo das pesquisas, foi possível observar a redução da população de espécies nativas e a alteração no comportamento de aves e insetos polinizadores que atuaram na dispersão de sementes de plantas invasoras. Na maioria dos casos, a introdução de novos indivíduos no ecossistema é feita pela ação humana, por razões acidentais ou propositais. Os efeitos dessa intervenção podem ser, por exemplo, o desequilíbrio da população de espécies nativas, redução da biodiversidade, competição por nutrientes, alterações físico-químicas no ambiente, dentre outros. “O guapuruvu é uma árvore que apresenta um crescimento rápido, por isso é utilizado em projetos de reflorestamento. Mas sua madeira é pouco resistente e quando tomba, ela derruba outras árvores e as sementes germinam rapidamente. Assim essa espécie predomina em relação às demais”, explica a docente. Outro exemplo citado de espécie invasora é o lírio-do-brejo, que é muito usado na ornamentação de eventos fúnebres. A planta se acomoda em ambientes úmidos e aumenta as áreas de sombreamento, prejudicando a captação de luz solar de outras espécies.
A professora Dalva conta que já existem palmeiras de açaí plantadas na região sudeste. A planta, nativa da região amazônica, atrai aves que comem o fruto e auxiliam na dispersão de sementes. Ao longo do tempo, o açaí ocupa o espaço que naturalmente seria destinado a espécies nativas.
A instalação de plantas invasoras também prejudica a fauna, já que muitos animais se alimentam de espécies nativas que perdem espaço para plantas exóticas, além de alterar a composição química do solo, provocando mudanças na composição de nutrientes.
No mês de novembro de 2011, o Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) de São Paulo publicou a lista com as 14 espécies de animais com potencial invasor no Estado paulista como o javali, a lebre-europeia e o caramujo-africano, e também foi proposta uma lista de espécies de plantas exóticas invasoras. O Conselho autorizou a formação de um grupo de trabalho com representantes do governo e da sociedade civil para definir as formas de controle da população.
Além da adoção de políticas, baseadas em estudos sobre os impactos ambientais, a professora Dalva acredita que é necessário um projeto de educação ambiental e valorização de espécies nativas. “Por exemplo, quando é feita uma campanha de reflorestamento nas escolas, por que não incentivar o plantio de árvores nativas? As políticas são importantes, mas também é necessária uma ação educacional que mostre a importância das plantas nativas e os impactos das espécies exóticas”, conclui a docente.
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