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A cadeia produtiva do trigo de São Paulo se encontrou, de forma remota, na manhã de 03 de março, para a primeira reunião da Câmara Setorial do grão no estado para avaliar os números alcançados em 2020, o mercado do cereal e estimar a safra deste ano.
De acordo com o levantamento feito com base nos reportes das maiores cooperativas paulistas, o estado prevê um aumento de área de até 15%, com um novo recorde de produção. “Se tivermos um ano positivo em relação ao clima e as expectativas dos produtores se concretizarem, teremos uma produção de aproximadamente 340 mil toneladas em São Paulo”, afirmou o presidente da Câmara Setorial de Trigo, Victor Oliveira.
A reunião, que contou com a participação de diferentes elos da cadeia, debateu, além das estimativas da safra deste ano, os números de 2020 e o cenário do mercado nos primeiros dois meses de 2021. “De acordo com os números levantados no final do ano, junto as cooperativas e as movimentações de trigo registradas nesses últimos meses, podemos dizer que São Paulo bateu a casa de 300 mil toneladas produzidas. Parte do trigo produzido no estado, de acordo com as cooperativas ainda está em estoque e será comercializado ao longo dos próximos dias”, destacou Oliveira.
Da parte dos moinhos, o momento é de grandes incertezas, com muita volatilidade, fator que dificulta a vida das indústrias moageiras, por conta da complexidade de precificar o produto no mercado. “Podemos afirmar que este foi um dos inícios de ano com menor volume de vendas, com números muito baixos no estado. Fatores como a greve na Argentina e o alto preço do trigo resultam em uma queda representativa na moagem de São Paulo, que tem perdido participação no cenário nacional”, ressaltou o presidente.
O Wheat Head Sales – Brazil da Sodrugestvo, Douglas Araujo, foi convidado pela Câmara para apresentar aos participantes da reunião um panorama do mercado de trigo no mundo, destacando as oportunidades e as estimativas para o grão no Brasil.
Segundo ele, o mundo tem passado por um ciclo de alta das commodities, fato observado sempre após um período de recessão como o que está sendo vivenciado com a pandemia. “Observamos um movimento de alta no milho, que reflete diretamente nos preços do trigo. Os fretes marítimos, por exemplo, que estavam estabilizados, sofreram um aumento de 80%, neste início do ano, quando comparados com dezembro de 2020, elevando em até 15$ a tonelada. Não vemos um alívio deste cenário em curto prazo”
A apresentação ainda apontou a possibilidade da comercialização do trigo Lituânio no estado, que diferente do Russo, pode ser moído no interior de São Paulo, sem restrições fitossanitárias. “Os dois trigos, da Rússia e da Lituânia chegam ao mercado no mesmo período do produzido em São Paulo. Temos a certeza de que os produtores paulistas podem apostar na produção do grão pois, o que não for absorvido pelos moinhos pode ser facilmente comercializado com outros estados ou, até mesmo, fora do país”, afirmou.
Ao final da reunião, a Embrapa Trigo apresentou um sistema de alerta da Brusone do trigo, doença que acarreta em prejuízos e frustações na safra contaminada. Segundo a apresentação, esse sistema, que foi desenvolvido pela entidade, analisa as condições da lavoura do grão, sinalizando se o cenário é favorável ou não para o desenvolvimento da doença na área analisada.
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