Trabalhos científicos de grande aplicabilidade no campo serão premiados no XVI Seminário Nacional de Milho Safrinha

Nesta XVI edição serão premiados os cinco melhores trabalhos científicos inscritos e aceitos de um total de 51

19.11.2021 | 13:46 (UTC -3)
Renata Baldo

O Seminário Nacional de Milho Safrinha (SNMS) é um evento técnico-científico em sua essência. Nesta edição são apresentados e discutidos trabalhos de pesquisa demandados pelo agricultor e que visam solucionar os problemas peculiares ao cultivo do milho de segunda época. Nesta XVI edição que ganhou formato online serão premiados os cinco melhores trabalhos científicos inscritos e aceitos de um total de 51.

Sete estados brasileiros encaminharam trabalhos, predominando São Paulo e Mato Grosso do Sul, comenta Alfredo Tsunechiro, membro da Comissão Científica. Destes trabalhos, a maioria foram encaminhados por docentes ou alunos de graduação em universidades. Número expressivo de trabalhos foi encaminhado pelos Institutos de Pesquisa do Estado de São Paulo, como IAC, Instituto Biológico, e IEA - Instituto de Economia Agrícola. Houve ainda trabalhos inscritos pela Embrapa, especialmente pela unidade Agropecuária Oeste de Dourados, bem como de empresas de sementes e agroquímicos e de fundações mato-grossenses.

A área de Manejo do Solo e Adubação correspondeu a 27% do total de inscrições, sendo, portanto, a de maior demanda e interesse pelos pesquisadores, seguida da Fitopatologia e dos Sistemas Integrados de Produção. O aumento expressivo de trabalhos em Sistemas Integrados e produção revela a ampliação da abordagem dos estudos; o milho safrinha está interligado com outras culturas e atividades na propriedade. Ao mesmo tempo, a ausência de trabalhos na área de biotecnologia é um indicativo que os estudos sobre milho transgênico estão sendo feitos em quase totalidade por empresas privadas ou pelo setor público com confidencialidade de informações, com pouco interesse na sua divulgação.

Melhores trabalhos 

A Comissão Técnico-Científica, incluindo os revisores, selecionaram os melhores trabalhos em quatro áreas temáticas “Fitossanidade”, “Fitotecnia”, “Solos e Nutrição de Plantas”, e “Outros Temas”. Estes foram avaliados por um comitê assessor, composto por quatro pesquisadores e docentes de renome no meio científico, para escolha dos dez melhores e, dentre esses, cinco serão premiados durante o XVI SNMS.

Os dez trabalhos destacados previamente pelo XVI SNMS são:

Na área da Fitossanidade: Novos Fungicidas Foliares são Eficientes no Controle da Mancha Branca e Promovem Ganho de Produtividade no Milho: uma Metanálise”, encaminhado pela UEL, o qual envolveu 35 pesquisadores tendo como autora principal Karla Braga; “Eficiência de Transmissão do Fitoplasma do Milho a Partir de Plantas Infectadas em Estágios Distintos e Número Variável de Cigarrinhas” encaminhado pela Esalq de Piracicaba/USP; e “Evolução da Ocorrência e Intensidade de Doenças Fúngicas Foliares e Enfezamento/Viroses no Milho Safrinha Durante 24 Anos (1998 a 2021) no Estado de São Paulo” encaminhado pelo Instituto Biológico do Estado de São Paulo.

Na área de Fitotecnia foram selecionados os seguintes títulos: “Quinze Anos de Consórcio Milho-Braquiária e Soja em Sucessão”; e “Cultivo Intercalar Antecipado De Milho Segunda Safra Nas Entrelinhas Da Soja - Antecipe”, ambos encaminhados pela Embrapa.

Na área de Solos e Nutrição de Plantas foram selecionados os títulos “Polihalita Como Fonte de K e S na Adubação de Soja e Milho Safrinha”, da Embrapa; “Fósforo Lábil e Produção Acumulada do Milho após Nove Safras com Plantas de Cobertura e Fontes Fosfatadas”, da Esalq; e “Doses e Épocas de Aplicação do Potássio e Parcelamento do Fósforo na Sucessão Soja e Milho Safrinha no Mato Grosso” do IAC.

Em um quarto grupo englobando Outras Áreas de pesquisa, incluindo a de Economia foram selecionados os seguintes trabalhos: Viabilidade Econômica de Sistemas Alternativos à Sucessão Soja-Milho Safrinha”, pela Embrapa; e Condições Climáticas e Produtividade do Milho Safrinha na Região Paulista do Vale do Médio Paranapanema na área de climatologia pelo IAC.

Fomentar a pesquisa científica e gerar oportunidade para o amplo debate das principais demandas do segmento vêm sendo o objetivo do Instituto Agronômico (IAC) e o Centro de Desenvolvimento do Vale Paranapanema (CD Vale) desde o primeiro Seminário realizado em 1993.

Promovido pela Associação Brasileira de Milho e Sorgo (ABMS) desde a sua 6ª edição (2001), o SNMS chega a sua décima sexta edição com o marco de “Três décadas de milho safrinha com tecnologia no Brasil”. Com apoio das cooperativas agropecuárias de Pedrinhas Paulista e de Cândido Mota (Coopermota), o evento retorna as suas origens ao ser realizado em Assis-SP propondo uma reflexão sobre os avanços e os desafios da modalidade de cultivo com vistas aos próximos 30 anos.

O resumo e o e-pôster de todos os trabalhos estarão disponíveis para o público no site http://www.milhosafrinha2021.com.br/trabalhos-aceitos.html.  Durante o evento online, no dia 23 de novembro, no período de 14h às 17h, os inscritos poderão participar das discussões dos trabalhos apresentados e assistir os vídeos dos dez melhores selecionados pela comissão científica. Nessa ocasião, serão anunciados os cinco trabalhos premiados

Curiosidade 

Ao longo das últimas três décadas muitas foram as mudanças que levaram a modalidade de cultivo “safrinha” - a qual mediante o declínio do trigo surgiu como alternativa de segunda-safra anual, a se tornar a “safra do Brasil”. Atualmente, a modalidade “safrinha” corresponde a 3/4 de todo milho cultivado anualmente no País.

Em 1992 foram realizados os primeiros experimentos em rede para desenvolver tecnologias apropriadas para o milho “safrinha” na região Paulista do Vale Paranapanema. De lá para cá, muitas outras pesquisas foram realizadas contribuindo sobremaneira para a expansão do milho “safrinha” em regiões antes inimagináveis para seu cultivo.

A pesquisa científica desempenha papel preponderante na evolução da modalidade de cultivo “safrinha” e tem nas últimas três décadas o Seminário como fórum periódico de apresentação de resultados e novas demandas. As mudanças fazem parte do processo de evolução no campo e fora dele. Foi assim com o Seminário que, adaptando-se a um novo cenário imposto por uma pandemia mundial, adotou o formato online em 2021.

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