Tarifas americanas prejudicam exportações agrícolas brasileiras

Café e suco de laranja devem ser impactados pelo aumento

11.07.2025 | 16:06 (UTC -3)

A decisão do governo norte-americano de aplicar tarifas adicionais de até 50% sobre produtos brasileiros ameaça exportações do agronegócio. Café, suco de laranja, carne bovina e celulose concentram os maiores riscos. O anúncio provocou reação imediata no câmbio e acendeu alerta em diversos setores exportadores. As informações são do Itaú BBA.

Os produtos mais afetados pelas novas tarifas são o café em grão, a celulose, o suco de laranja e a carne bovina. Juntos, representam uma parcela significativa das exportações brasileiras para os Estados Unidos. Somente o café movimentou US$ 1,9 bilhão em 2024. A celulose gerou US$ 1,7 bilhão no mesmo ano. O suco de laranja rendeu mais de US$ 1,3 bilhão entre julho de 2024 e junho de 2025. A carne bovina registrou crescimento de 132% nas vendas no primeiro semestre de 2025.

No caso do café e suco de laranja, a tributação pode saltar de 10% para 60%. Essa mudança compromete a rentabilidade e reduz drasticamente a competitividade do Brasil frente a outros fornecedores.

Mercado americano depende do Brasil

Embora os EUA não sejam grandes produtores de café, são os maiores consumidores do mundo. Importam aproximadamente 25 milhões de sacas ao ano. No café arábica, o Brasil detém 42% da produção global. A substituição por outros fornecedores se mostra complexa. Mesmo o Vietnã, líder no robusta, não preenche essa lacuna.

Para o suco de laranja, o Brasil também cumpre papel central. O país responde por mais de 60% da receita gerada com as exportações aos EUA. A produção americana segue em queda, principalmente na Flórida, onde greening e furacões comprometeram os pomares. Estima-se que mais de 90% do suco consumido nos EUA em 2025/26 será importado.

Outros produtos afetados

Etanol e açúcar também entraram na lista. No etanol, o Brasil representa 70% das importações americanas. Mesmo com tarifas, a substituição por outros fornecedores se mostra difícil. Já no açúcar, as exportações são menores, mas o Nordeste possui uma cota anual de 147 mil toneladas com preço atrativo. Essa cota deve continuar sendo atendida.

Caso as tarifas se mantenham nos patamares anunciados, a tendência é de queda nos preços internos das commodities afetadas, dizem analistas do Itaú BBA. Os produtos se tornam menos rentáveis para exportação. A perspectiva é de redução de receita para o setor exportador, o que pode afetar toda a cadeia do agronegócio.

Há precedentes de revisões tarifárias após negociações. Analistas avaliam que novos anúncios podem surgir em breve. O Brasil aposta em diálogo para reverter ou atenuar as medidas. Enquanto isso, o mercado ajusta projeções, considerando impactos no curto e médio prazos.

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