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O sorgo granífero vem se consolidando como uma cultura estratégica nos sistemas produtivos do Maranhão e do Oeste da Bahia, impulsionado pela demanda da indústria de etanol, pela adaptação às condições climáticas e pela contribuição à rotação de culturas. O avanço foi tema de eventos técnicos promovidos pela Embrapa e pela Inpasa Brasil no início de dezembro, reunindo produtores, técnicos e representantes do setor agropecuário das duas regiões.
O Simpósio do Sorgo ocorreu em Luís Eduardo Magalhães (BA), no dia 2, enquanto o Seminário da Cultura do Sorgo foi realizado em Balsas (MA), no dia 4. As iniciativas integram um acordo de cooperação técnica entre Embrapa e Inpasa voltado à transferência de tecnologia para o desenvolvimento sustentável da cultura, com foco na produção de etanol e coprodutos.
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção nacional de sorgo cresceu mais de 400% na última década. De acordo com Frederico Botelho, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Milho e Sorgo, o cereal deixou de ser uma cultura secundária e passou a ocupar papel relevante diante das mudanças climáticas e da necessidade de diversificação da matriz energética.
A expansão também é estimulada pela atuação da indústria. Usinas instaladas em estados como Mato Grosso do Sul, Goiás, Mato Grosso, Maranhão e Bahia vêm fomentando o cultivo do sorgo para atender à produção de etanol. Para o gerente comercial da Inpasa, Irineu Piaia Junior, o fortalecimento do mercado traz mais segurança ao produtor e facilita o encaixe da cultura na segunda safra.
No Oeste da Bahia, produtores relatam bons resultados. Empresas de assessoria técnica apontam médias de produtividade em torno de 85 sacas por hectare na segunda safra, com potencial de crescimento nos próximos anos, especialmente em áreas irrigadas. A formação de palhada, a incorporação de carbono ao solo e a tolerância ao déficit hídrico reforçam o papel do sorgo nos sistemas de plantio direto.
Para a safra 2025/26, a região Oeste da Bahia deve cultivar cerca de 200 mil hectares de sorgo, segundo a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba). Já no Maranhão, a área estimada é de 54,1 mil hectares, com produtividade média de 2.465 kg por hectare, conforme dados da Conab.
Produtores das duas regiões destacam a boa margem de rentabilidade e a maior segurança de comercialização, especialmente com a destinação do grão para a indústria de etanol. Além da produção de grãos, o sorgo também é utilizado para cobertura do solo, forragem e ração animal.
A programação dos eventos reforçou o papel da pesquisa no avanço da cultura. Pesquisadores da Embrapa abordaram temas como adubação, manejo de pragas, doenças e plantas daninhas, destacando que o sucesso do sorgo depende de planejamento integrado ao sistema produtivo.
As exigências nutricionais do sorgo são semelhantes às do milho segunda safra, e a recomendação é concentrar a adubação até 30 dias após a semeadura. No manejo fitossanitário, o monitoramento é apontado como fator decisivo para o controle de pragas como percevejo-barriga-verde, lagarta-do-cartucho e pulgão-do-sorgo.
No caso das plantas daninhas, especialistas alertam para a importância do controle preventivo e para o risco do efeito residual de herbicidas utilizados na soja, que podem comprometer o desenvolvimento do sorgo em sucessão. O uso de sementes certificadas, rotação de culturas e planejamento do manejo químico são apontados como estratégias fundamentais.
Com base técnica sólida, mercado em expansão e boa adaptação às condições do Cerrado, o sorgo amplia sua presença no Maranhão e no Oeste da Bahia e se firma como uma das principais apostas para a segunda safra nos próximos anos.
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