Produtores enfrentarão clima quente e seco no inverno de 2025, prevê Inmet
Boletim do instituto indica temperaturas acima da média e chuvas irregulares nas principais regiões agrícolas do país
A safra 2024/25 de soja em Mato Grosso alcançou produtividade recorde. Segundo o consultor agronômico Élcio Bonfada, da Fundação MT, o estado colheu, em média, 66,3 sacas por hectare — resultado 14 sacas acima da média estadual. A produção total, em uma área de cerca de 12,8 milhões de hectares, expressa o potencial produtivo da região quando clima, manejo e estratégia se alinham. As informações foram apresentadas durante o 25⁰ Encontro Técnico de Soja, promovido pela Fundação MT.
O ciclo iniciou com atraso. A instabilidade das chuvas no começo da janela de plantio trouxe insegurança. Produtores começaram a semear lentamente, abaixo da média dos últimos anos. Quando as chuvas se estabilizaram, o plantio avançou rapidamente. Em apenas 10 a 15 dias, grande parte da área foi semeada. Regiões que cultivam algodão sofreram mais com o atraso, o que deve impactar a segunda safra, incluindo o milho.
Durante o desenvolvimento da lavoura, o clima se mostrou aliado. Depois da seca e fumaça que marcaram a safra anterior, o cenário se inverteu. Novembro, dezembro e janeiro trouxeram condições mais úmidas, favorecendo o crescimento das plantas. Apesar disso, o excesso de chuvas na colheita gerou perdas. Em várias áreas, a soja pronta ficou até 15 dias no campo, o que reduziu o peso dos grãos e causou abertura de vagens.
Doenças como mancha-alvo, antracnose e podridão de grãos foram favorecidas pelo alto nível de umidade e longos períodos de molhamento foliar. Entre as pragas, percevejo e mosca-branca pressionaram principalmente lavouras mais tardias.
O desempenho foi equilibrado entre as regiões do estado. Médio Norte, Norte e Oeste, historicamente mais produtivas, mantiveram esse perfil. O Sudeste teve leve recuo, mas sem grandes distorções. A estabilidade entre regiões reforça a consistência da produtividade alcançada.
No manejo, o produtor investiu em qualidade e frequência de aplicações de fungicidas. Também ampliou o controle de nematoides e plantas daninhas, com uso de pré-emergentes. A combinação dessas estratégias sustentou o desempenho nas lavouras.
Entre os entraves recorrentes, Bonfada citou dificuldades pontuais na oferta de insumos e os desafios logísticos no escoamento da produção. No campo da comercialização, os produtores monitoraram o cenário global para tomar decisões, atentos aos custos de produção.
Para o consultor, a principal lição da safra vem do próprio potencial do estado. A combinação entre planejamento, atenção aos detalhes da operação e clima favorável permite alcançar altos patamares de produtividade. A orientação, agora, é olhar para dentro da fazenda e ajustar cada etapa do sistema produtivo, do plantio à colheita.
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