Safra de soja 2024/25 em Mato Grosso enfrenta desafios climáticos e logísticos

A falta de infraestrutura é um dos principais obstáculos para o setor agrícola

12.03.2025 | 18:07 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações de Bruna Lima Brito Damasceno

A safra de soja 2024/25 em Mato Grosso tem enfrentado uma série de dificuldades para os produtores. O ciclo da safra começou com o atraso nas chuvas, prejudicando o plantio. No período da colheita, as chuvas intensas impactaram a qualidade dos grãos e as atividades no campo. Além disso, os problemas de infraestrutura agravaram o cenário, com longas filas nos armazéns e dificuldades no escoamento da produção.

O vice-presidente da Aprosoja MT, Luiz Pedro Bier, destaca a falta de infraestrutura como um dos principais obstáculos para o setor. Em sua região, no leste do estado, a escassez de armazéns forçou os produtores a utilizarem os caminhões como solução temporária para armazenar a soja.

Segundo Bier, a falta de pavimentação das estradas também contribui para o aumento das filas nos pontos de descarregamento, que chegam a durar até três dias. "Os caminhões cobram mais caro porque ficam parados na fila esperando para descarregar. Esse é um custo direto para o produtor", afirma.

O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA) informou que até o dia 20 de fevereiro de 2025, 50,08% da safra de soja foi colhida, apresentando um atraso significativo em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, a situação melhorou nas primeiras semanas de março, com uma redução nas chuvas e aceleração do ritmo de colheita, atingindo 91,84% até o dia 7 de março.

Na região norte do estado, a situação foi particularmente difícil devido à intensidade das chuvas. Alexandre Falchetti, coordenador da Aprosoja MT em Marcelândia, relatou que as precipitações atípicas em janeiro prejudicaram os primeiros lotes de soja.

Além disso, a falta de armazéns e a demora na entrega de insumos também complicaram a logística de escoamento e afetaram o milho, que teve o plantio atrasado.

Em outras regiões do estado, o impacto das chuvas também foi significativo. No oeste de Mato Grosso, Helena Maria Sandri, coordenadora da Aprosoja MT em Diamantino, relatou que as chuvas prolongadas prejudicaram a qualidade dos grãos, tornando-os mais avariados. Além disso, a logística enfrentou grandes dificuldades, com longas filas de espera para descarregar os caminhões e escassez de caminhões disponíveis para o transporte.

Rafael Marsaro, coordenador da Aprosoja MT em Campo Verde, também destacou os desafios no sul do estado. Segundo ele, a falta de estrutura para lidar com o volume de produção, especialmente com os grãos úmidos, comprometeu a capacidade de secagem e armazenamento, o que resultou em perdas nas lavouras.

Na região leste, Jean Marcell Benetti, coordenador da Aprosoja MT em Paranatinga, ressaltou que as chuvas prejudicaram tanto as lavouras quanto a infraestrutura local. A cidade registrou uma enchente, o que dificultou ainda mais o transporte da safra, já que as estradas ficaram intransitáveis. O produtor destacou que a falta de recursos da prefeitura impossibilitou a manutenção das vias, o que gerou ainda mais custos para os agricultores.

A falta de armazéns também é um problema na região do Vale do Arinos, onde, apesar de novas unidades de armazenagem, a capacidade ainda não atende à demanda. Jaqueline Piovesan, coordenadora da Aprosoja MT na região, explicou que a chuva excessiva durante a colheita dificultou o armazenamento da soja, e a recusa de armazéns terceirizados para receber grãos fora do padrão aumentou ainda mais a pressão sobre os produtores.

Esses problemas logísticos e climáticos tiveram impacto nas exportações de soja. Em janeiro e fevereiro de 2025, as exportações brasileiras de soja somaram 7,5 milhões de toneladas, uma queda de 20,77% em relação ao mesmo período de 2024. No estado de Mato Grosso, as exportações totalizaram 2,65 milhões de toneladas, uma redução de 24,43% em comparação com o ano passado.

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