Safra 2023/24 registra queda na produção de grãos devido ao clima adverso, diz Conab

Apesar da redução de 21,4 milhões de toneladas em relação ao ciclo anterior, safra é a segunda maior da história; produção de soja e milho foram as mais impactadas

12.09.2024 | 09:46 (UTC -3)
Revista Cultivar

A produção brasileira de grãos na safra 2023/24 registrou queda significativa em relação ao ciclo anterior, alcançando 298,41 milhões de toneladas. A redução foi de 21,4 milhões de toneladas. O clima adverso foi o principal fator para a diminuição. As irregularidades nas chuvas e temperaturas elevadas afetaram especialmente os estados do Centro-Oeste, Matopiba, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Apesar disso, essa foi a segunda maior safra da história, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O levantamento final da safra apontou que a área semeada aumentou em 1,6%, alcançando 79,82 milhões de hectares. No entanto, a produtividade média das lavouras caiu 8,2%, com rendimento de 3.739 quilos por hectare, frente aos 4.072 quilos da temporada passada. Entre as culturas mais impactadas, a soja registrou uma queda de 7,23 milhões de toneladas, totalizando 147,38 milhões de toneladas. A baixa produtividade foi influenciada pelo atraso no início das chuvas e por temperaturas elevadas no Centro-Oeste, Sudeste e Matopiba, resultando em replantios e perdas. No Rio Grande do Sul, o excesso de chuvas também prejudicou a produção.

O milho foi outro grão afetado. A primeira safra sofreu com temperaturas altas e chuvas irregulares, especialmente em Minas Gerais. Já a segunda safra teve um clima mais favorável em estados como Mato Grosso e Goiás, mas Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná enfrentaram veranicos e pragas, o que comprometeu o rendimento. A produção total de milho caiu 12,3%, chegando a 115,72 milhões de toneladas. A área destinada ao cultivo também foi reduzida.

Para o algodão, a Conab estima uma ligeira queda de 1,5% na produtividade, mas o aumento expressivo de 16,9% na área cultivada compensou essa redução. A produção de algodão em pluma alcançou um recorde de 3,65 milhões de toneladas, o maior volume já registrado.

O arroz e o feijão, por sua vez, registraram aumentos na produção. A safra de arroz atingiu 10,59 milhões de toneladas, um crescimento de 5,5%. No caso do feijão, a produção total foi de 3,25 milhões de toneladas, 7% superior ao ciclo anterior. O aumento na produção de feijão foi puxado pela 2ª safra, que cresceu 18,5%.

Nas culturas de inverno, houve uma redução de 9,8% na área plantada, com destaque para o trigo, que teve uma queda de 11,6%, com 3,1 milhões de hectares cultivados.

Mesmo com o encerramento da safra 2023/2024, a Conab continuará monitorando o desenvolvimento das lavouras que ainda estão no campo, como as de inverno e de terceira safra. A expectativa para o próximo ciclo já começa a ser projetada, com as novas estimativas a partir de outubro.

No mercado, a produção de arroz e feijão deve continuar a crescer, impulsionada pelo aumento da área plantada e pelo consumo interno. O arroz, cujo consumo está estimado em 11 milhões de toneladas, recebeu apoio de políticas públicas que incentivam a demanda. No entanto, as exportações de arroz devem cair 25,9%, devido aos preços internos mais altos e à recuperação da produção nos Estados Unidos.

O feijão segue a mesma tendência, com um aumento no consumo interno e expectativa de exportações de 227,4 mil toneladas. Por outro lado, o milho terá suas exportações reduzidas. A estimativa é de que 36 milhões de toneladas sejam exportadas, uma queda de 34,1% em comparação com a safra anterior. Essa redução é reflexo da menor produção e das dificuldades climáticas enfrentadas durante o ciclo.

A Conab já se prepara para o próximo ciclo, acompanhando de perto as culturas que permanecem no campo. O cenário agrícola brasileiro, apesar dos desafios, segue mostrando resiliência, com recordes em algumas culturas e ajustes em outras para enfrentar as adversidades climáticas.

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