Agro-Pecuária CFM inicia diagnóstico de gestação para safra 2009
Um modelo inovador de produção agrícola deve ser implantado na região do semi-árido do País – o Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis (PINS), que pretende permitir desenvolvimento regional, renda para os pequenos produtores rurais e lucro para as empresas que se instalarem nos vales do São Francisco e do Parnaíba.
Trata-se de um novo formato de empreendimento agrícola, baseado na sustentabilidade econômica, social e ambiental.
Para a elaboração do PINS, pesquisadores da Markestrat (Centro de Pesquisas e Projetos em Marketing e Estratégia) e do PENSA (Centro de Conhecimentos em Agronegócios), da Universidade de São Paulo (USP), analisaram a viabilidade técnica, econômica e social do cultivo de 13 cadeias produtivas nas áreas irrigadas dos vales.
O estudo foi comparativo, sempre avaliando o desempenho dos produtos em regiões tradicionais de cultivo no País e nas áreas irrigadas do semi-árido. A pesquisa foi possível por meio de um convênio firmado com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), autarquia vinculada ao Ministério da Integração Nacional e responsável por fomentar o desenvolvimento da região.
O pesquisador da Markestrat Luciano Castro, um dos coordenadores do projeto, explica que, além das informações obtidas na comunidade local e nas empresas que já investem nos setores envolvidos, foram feitos estudos sobre a viabilidade financeira (com detalhamento dos custos para indústrias de transformação, produção agrícola e logística) e sobre a organização das cadeias produtivas na região, além de análises das condições climáticas.
Alguns itens avaliados pelos pesquisadores já têm áreas de cultivo e criação nos vales do São Francisco e do Parnaíba, como abacaxi, banana, limão, cana-de-açúcar, manga, uva, vegetais semiprocessados, caprinocultura/ovinocultura, avicultura, apicultura e piscicultura. Nos casos da laranja e pinhão, que ainda não estão presentes nos vales, as simulações dos pesquisadores tiveram o apoio de técnicos e de empresas produtoras em outras regiões do País.
“Fizemos uma comparação sobre os gastos com a produção agrícola nos principais mercados brasileiros e nas regiões dos vales do São Francisco e Parnaíba para demonstrar que não há grandes diferenças entre as áreas. Pode ser muito compensador investir no semi-árido, mas é preciso ter planejamento”, afirma Castro.
Entre as opções logísticas se encontram os transportes ferroviário, rodoviário – de fácil acesso –, hidroviário – que liga mais de 1,3 mil quilômetros – e marítimo (com grandes portos), além de os aeroportos, com pistas que possibilitam a operação de aviões cargueiros e vôos diretos para os Estados Unidos e a Europa, barateando o frete, por causa da localização estratégica da região.
O PINS é um facilitador para a instalação de cadeias produtivas nas áreas irrigadas do semi-árido. Por esse modelo, grandes empresas do agronegócio ou cooperativas podem funcionar como âncoras para o desenvolvimento regional, já que devem incluir os pequenos agricultores ou pecuaristas locais na rede de fornecedores.
As empresas se beneficiam da infra-estrutura fornecida pela Codevasf e ficam responsáveis pelo processamento industrial e pela comercialização de alimentos in natura ou processados. Elas atuam como os agentes coordenadores da cadeia produtiva, garantindo assistência técnica e remuneração mínima aos pequenos produtores rurais, além de inseri-los nos mercados nacional e internacional.
“A vantagem de se ter uma empresa âncora está na solidez operacional e financeira que ela proporciona ao projeto, na experiência que pode trazer e também nos contratos que pode realizar antecipadamente à decisão de investimento, garantindo a venda da produção”, explica Ricardo Rossi, pesquisador e um dos coordenadores do Pins.
Após a etapa de estudos sobre a implantação das cadeias produtivas, as instituições que atuam no desenvolvimento do projeto iniciarão a prospecção de possíveis investidores e a análise para implantar outras culturas, como algodão e cacau.
Os investimentos federais nos vales dos rios São Francisco e Parnaíba tiveram início na segunda metade da década de 60, com a criação de infra-estrutura de irrigação e de geração de energia elétrica no polígono das secas e no semi-árido.
A região dos vales abrange 503 municípios, espalhados pelos Estados de Minas Gerais, Bahia, Goiás, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, além de no Distrito Federal. A bacia do Rio Parnaíba inclui cidades do Maranhão, do Piauí e do Ceará.
Marcela Gomide
Com Texto - Comunicação Corporativa
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