“Não existe trigo ruim”, diz especialista

25.03.2009 | 20:59 (UTC -3)

A declaração foi do representante da Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo), durante o I Workshop sobre Produção Integrada de Trigo, que aconteceu segunda-feira (23/03), na Embrapa Trigo (Passo Fundo/RS). Valorizar o trigo brasileiro separando os lotes para os diferentes usos do trigo na indústria foi a recomendação geral dos especialistas que participaram do evento.

O Brasil consome 10,3 milhões de toneladas de trigo por ano. Os grãos ganham diferentes usos, como alimentação animal, produtos integrais, sementes e fabricação de farinha, onde está a principal valorização do cereal. O consumo do trigo pela indústria está dividido em panificação 55%, uso doméstico 17%, biscoitos 11%, massas 15% e outros 2%. Os múltiplos usos do trigo exigem diferentes parâmetros para que produto final tenha as características de qualidade desejadas pelo consumidor. "Hoje temos variedades com ótimo desempenho agronômico e muito bom desempenho industrial adaptadas a todas as regiões tritícolas. Ao lado de outros materiais, também agronomicamente interessantes, mas comercialmente gravosos ao vendedor", avalia o gerente de abastecimento da Trigo Brasil, Irineu Pedrollo. Segundo ele, o produtor precisa escolher entre produtividade ou liquidez, consciente dos riscos e benefícios de sua opção: "O marketing não pode fazer semear trigo Pão e colher trigo Brando".

Conforme a pesquisadora da Embrapa Trigo, Casiane Tibola, há grandes dificuldades para a segregação de lotes conforme a aptidão tecnológica. "Os principais fatores são a desuniformidade na produção e a disponibilidade de silos para grandes volumes, que restringem as possibilidades de separar lotes homogêneos quanto a qualidade tecnológica. Num mesmo armazém são misturados diferentes trigos, com as mais variadas aptidões industriais, trigo brando com trigo pão, grão escuro com claro, etc.

O resultado é um trigo com qualidade inferior, sem direcionamento de mercado", explica a pesquisadora, ressaltando a proposta do programa de Produção Integrada de Trigo de acompanhar todas as etapas da produção, garantindo a qualidade e conferindo rastreabilidade aos lotes de trigo.

"Está muito fácil organizar a produção de trigo no Estado do Rio Grande do Sul, haja vista que 43% de toda semente produzida no RS possui excelente liquidez comercial no mercado interno, enquanto 45% está composta por variedades desclassificadas por não apresentar a qualidade necessária que proporcione sua utilização no mercado de panificação, farinha doméstica e biscoito", define o correto Antônio Garcia, da JF Corretora de Cereais. Ele destaca a existência as oportunidades de negócio para o trigo brando no mercado interno: "existem empresas importando farinha de trigo brando por não conseguir quantidade e qualidade dos seus fornecedores de farinha de trigo aqui no Brasil, mesmo pagando pelo trigo brando o preço pago pelo trigo pão há moinhos com dificuldades em atender seus contratos com importantes indústrias de biscoito, bem como para o mercado de panificação, que pela falta de produto com padrão de qualidade que atenda as necessidades deste segmento do mercado abre espaço para o trigo importado até então oriundo do Paraguai, Argentina e Uruguai".

Joseani M. Antunes

Embrapa Trigo

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