Programas de melhoramento buscam resistência ao mildio da alface

O tema será apresentado em 26 de junho, no Simpósio Impactos das Mudanças Climáticas na Agricultura

18.06.2019 | 20:59 (UTC -3)
Cristina Tordin

O controle do mildio da alface, uma das principais doenças foliares dessa cultura nas regiões Sul e Sudeste do Brasil tem sido estudado pela pesquisadora Katia Brunelli Braga, da Sakata Seed Sudamerica Ltda. O tema será apresentado em 26 de junho, no Simpósio Impactos das Mudanças Climáticas na Agricultura, no Instituto Agronômico – IAC, Campinas, SP.

Conforme a pesquisadora, durante os meses de primavera, outono e inverno essa doença pode causar perdas significativas pois afeta desde a fase de muda até o ponto de colheita. "A grande maioria das variedades comerciais não tem resistência genética a todos os patótipos (termo patotipo vem sendo utilizado para definir linhagens ou grupo de cepas que compartilham atributos de virulência e que estão envolvidos em doenças de uma mesma natureza) deste oomiceto e para controle há necessidade de uso de defensivos químico".

O microrganismo causador do mildio é Bremia lactucae, patógeno típico de temperaturas mais baixas, menores que 20 ºC. "Num cenário mais aquecido, explica Katia, era de se esperar que os problemas com míldio fossem menores. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) revelam que nos últimos três anos as médias mínimas e máximas ficaram cerca de 2 graus acima da média histórica nas principais regiões produtoras de alface, mesmo assim os problemas com a doença persistiram. Novos patótipos capazes de superar a resistência de variedades resistentes tem se mostrado capazes de colonizar a cultura nesse cenário mais aquecido".

"É fato que durante os meses de muito calor o patógeno não se mostra importante, porém não há dados sobre a real plasticidade de Bremia em ambientes com invernos menos rigorosos. É possível que mesmo com o aumento de temperatura no inverno, continue sendo epidêmico", acredita a pesquisadora.

Para obter variedades resistentes a esse patógeno no cenário de mudanças climáticas, os programas de melhoramento têm procurado buscar resistência mais estável a Bremia em outras espécies do gênero Lactuca, como Lactuca serriola, Lactuca virosa e Lactuca saligna, e inserindo via retrocuzamento em Lactuca sativa, que é a espécie da alface. Infelizmente as cultivares com melhores níveis de resistência a Bremia têm mostrado menor adaptação as condições tropicais.

“O grande desafio dos programas nesse momento é unir resistência e adaptação ao calor úmido, condição comum nos trópicos", enfatiza Katia.

Os coordenadores do Simpósio são os pesquisadores Emília Hamada e Wagner Bettiol, da Embrapa Meio Ambiente e Francislene Angelotti, da Embrapa Semiárido (Petrolina, PE).

A programação completa e o formulário para inscrições, gratuitas, podem ser acessadas no link.

Serviço
Local: Espaço Solos do Brasil – Instituto Agronômico – IAC
Av. Barão de Itapura, 1.481, Botafogo
Campinas – SP


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