A ciência aplicada no campo foi tema de Dia Do Algodão 2019

A boa fase por que passa a cotonicultura em Goiás mostrou seu reflexo no dia do Algodão 2019, realizado na sexta-feira, 14 de junho, pela Associação Goiana de Produtores de Algodão (Agopa)

17.06.2019 | 20:59 (UTC -3)
Brenno Sarques

A boa fase por que passa a cotonicultura em Goiás mostrou seu reflexo no dia do Algodão 2019, realizado na sexta-feira, 14 de junho, pela Associação Goiana de Produtores de Algodão (Agopa). Em um encontro de caráter científico, produtores e técnicos agrícolas puderam conhecer mais sobre os principais desafios para o aumento em produtividade e sustentabilidade no campo.

Pelo segundo ano, o Dia do Algodão foi realizado no Instituto Goiano de Agricultura (IGA), em Montividiu, região Sudoeste do estado. Os participantes formavam as turmas e partiam para o circuito de palestras, com quatro estações ao longo dos campos de algodão. As apresentações abordaram o Desempenho de Cultivares; Monitoramento e Manejo de Grandes Áreas em Nematoides; Saúde do solo e Sustentabilidade Agrícola; e Manejo do Algodoeiro para altas Produtividades e Qualidade da Fibra.

As novidades em sementes, equipamentos de monitoramento de lavouras, projetos de combate a pragas e sustentabilidade ficaram reunidas a feira preparada pelas empresas e instituições parceiras. Em Goiás, 83% da produção possui o certificado internacional de Sustentabilidade, emitido pela Better Cotton Iniciative (BCI), por meio do programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), o que contribui para fazer do Brasil o maior produtor de algodão sustentável do mundo.

Estações

O circuito técnico do Dia do Algodão apresentou as principais pesquisas acerca de validação de tecnologias, manejo do solo e combate a pragas. O consultor agrícola Wanderley Oishi apresentou dados sobre desempenho de plantas, com mais de dois anos de estudos com diferentes cultivares de algodão, relacionando a capacidade produtiva às condições ambientais e infestações na lavoura. “Após duas safras de pesquisas, os dados estão mais refinados sobre o potencial de cada variedade”, diz. Para Oishi, as novas variedades têm potencial altíssimo de produtividade, mas são muito sensíveis a adversidades climáticas e manejos mal conduzidos. “Cada variedade exige manejo específico, que varia de talhão para talhão, de fazenda para fazenda”, alerta.

A pesquisadora da Embrapa, Ieda de Carvalho Mendes, foi responsável por falar sobre a saúde do solo e sustentabilidade agrícola. A pesquisadora explica que a saúde do solo envolve aspectos ambientais e de saúde. Ieda de Carvalho adianta que a Embrapa vai lançar a tecnologia de bioanálise do solo, com o uso de duas enzimas (Beta-glicosidase e Arilsulfatase). “O produtor brasileiro será o primeiro no mundo a receber uma análise deste tipo e poderão ver o solo como um superorganismo, empoderando os agrônomos na tomada de decisões”, conclui.

A pesquisadora da Fundação Bahia, Carina Mariani, levou informações sobre monitoramento e manejo de grandes áreas em nematoides. Carina defende o uso o sensoriamento remoto para identificar onde há presença de nematoides e sistematizar a coleta. “Se o produtor não adotar estratégias de controle, os danos podem ser grandes. O importante é não deixar que a população dessas espécies cresça a ponto de prejudicar a lavoura”, resume.

A última estação tratou da qualidade da fibra, com o professor da Fesurv, Gustavo Pazzetti. Para ele, a qualidade da planta deriva da nutrição do solo e foliar. “O foco é o equilíbrio funcional da raiz ao fruto”, argumenta, ao mostrar que o sistema de defesa da planta se fortalece pela nutrição. “Respeitemos a planta e atendamos à sua fome”, conclui.

Para a coordenadora técnica do evento, Ana Luiza Borin, o momento da produção é espetacular e as palestras visam maior produtividade, mas também como usar uma base sustentável para enfrentar os desafios no cultivo. “Os nematoides são um exemplo de que ainda há muito trabalho a ser feito”, lembra.

Líderes avaliam cenário do algodão em Goiás

O Dia do Algodão é a maior oportunidade para reunir representantes da cadeia produtiva da fibra natural. Presidente do Instituto Brasileiro de Algodão (IBA), Haroldo Cunha destacou que o evento tem aporte financeiro da instituição, pois atende ao objetivo de trabalhar com foco em resultados.

Para o presidente da Associação Mato-grossense de Produtores de Algodão (Ampa), Alexandre Schenkel, o intercâmbio interestadual é a marca dos produtores de algodão, motivo de transformar o Brasil de importador para o segundo maior exportador de algodão do mundo. Por sua vez, o presidente da Associação dos Cotonicultores Paranaenses (Acopar), Almir Montecelli, ressalta a cooperação entre estados produtores: o Paraná está retomando sua produção e Goiás pode ajudar bastante”. Já para o presidente da Agrodefesa, José Essado, as instituições públicas e privadas possuem capital técnico que geram parcerias com resultados.

Para o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, o Dia do Algodão é um exemplo de que a agricultura brasileira dá certo, e lembra que o Plano Safra será lançado em junho, algo fundamental para os produtores. Presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz vê no algodão uma cultura que conseguiu se integrar a outras culturas. “A cadeia produtiva melhorou a técnica, inovou e ganhou em sustentabilidade”, diz.  Secretário de Agricultura de Goiás, Antônio Carlos Lima destacou que o algodão é uma das cadeias mais representativas da agricultura goiana, com benefícios que ultrapassam o campo.

Presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, o deputado estadual Lissauer Vieira afirma que o evento traz entusiasmo ao produtor. “Essas ações profissionalizam a produção. Goiás precisa disso”, diz. Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado federal Alceu Moreira declarou que o modelo de organização da cotonicultura goiana mostra que há cooperação empreendedora. “O produtor se sente protegido e confiante. A FPA vai trabalhar para mostrar a qualidade do algodão brasileiro ao mundo”, promete.

Diretor executivo da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa), Dulcimar Pessatto Filho diz que as temáticas abordadas são fruto de análise de todos os setores da cadeia produtiva. “Apresentamos aquilo que realmente seja prioridade para o produtor”, resume.

Para o presidente da Agopa Carlos Alberto Moresco, o Dia do Algodão é o fechamento de um ano de trabalho, quando o produtor pode entender um pouco mais sobre as opções de cultivares do mercado e seu manejo. “Estamos em um momento muito positivo para a cultura em Goiás, mas continuamos ativos frente aos desafios no campo e fora dele”, declarou.

O dia do Algodão antecede outro grande encontro da cadeia produtiva nacional. Nos dias 27 a 29 de agosto, Goiânia vai sediar o Congresso Brasileiro do Algodão, uma realização da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), com apoio da Agopa.

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