Um dos principais polos têxteis do país, o Ceará precisa importar algodão dos estados do Mato Grosso do Sul e da Bahia para atender à demanda interna. O estado, que já foi o segundo maior produtor de algodão do Brasil com 1,3 milhão de hectares no ano de 1976, hoje produz apenas cerca de 400 hectares, segundo dados da Conab. Para mudar essa realidade, o Governo do Estado, em parceria com a Embrapa e diversas entidades ligadas à cadeia produtiva do algodão oficializaram nesta semana, o Programa de modernização da cultura do algodão no Ceará.
O programa, elaborado por especialistas da Embrapa, Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (FAEC), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), Secretaria da Agricultura, Pesca e Aquicultura (Seapa), Agência do Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), foi apresentado ao governador Camilo Santana, no último dia 28, no Palácio da Abolição. O chefe-geral da Embrapa Algodão, Sebastião Barbosa, e o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Arlindo de Azevedo Moura, também participaram da solenidade de lançamento do programa.
Para a safra de 2018, a meta é cultivar 2 mil hectares de algodão nos municípios de Quixeramobim, Quixadá e Senador Pompeu, tradicionais produtores de algodão. “Vamos começar com uma área pequena, porque queremos trabalhar somente com agricultores capacitados para plantar algodão e, principalmente, realizar o manejo correto do bicudo do algodoeiro”, disse o pesquisador da Embrapa Raimundo Braga, responsável por coordenar as capacitações no Ceará. Cerca de 500 produtores devem integrar o programa no primeiro ano, com áreas que variam de três a 40 hectares. A produtividade esperada é de 1.800 a 2 mil quilos de algodão por hectare.
Entre os incentivos para os agricultores cadastrados no programa estão a semente, a capacitação para o cultivo do algodão, a articulação com a indústria de fiação para garantir mercado para toda a produção e com os bancos do Nordeste e do Brasil para o financiamento da produção.
Para o chefe-geral da Embrapa Algodão Sebastião Barbosa, o Ceará reúne condições de voltar a ser um grande produtor de algodão. “Grande parte da produção de algodão no mundo é obtida de zonas semiáridas e o estado do Ceará já foi um grande produtor. O que faltava era a articulação da cadeia produtiva e hoje nós temos esse esforço conjunto de instituições que é fundamental para fortalecimento da cadeia do algodão no Ceará”, afirmou.
A capacitação dos técnicos que prestarão assistência aos produtores do programa acontecerá neste mês, em Quixeramobim. Participarão do curso, técnicos da Ematerce, FAEC, prefeituras, Centec, Esplar e Senar.