Primeiro polo de agricultura irrigada de Mato Grosso do Sul abrange 26 municípios

O Polo de Agricultura Irrigada do Centro-Sul de MS já agrega cerca de 80 mil hectares de lavouras irrigadas

02.10.2024 | 15:16 (UTC -3)
João Prestes
Foto: Afrânio Pissini
Foto: Afrânio Pissini

O primeiro Polo de Agricultura Irrigada de Mato Grosso do Sul teve nome e área de abrangência definidos durante oficina técnica realizada nesta semana, no auditório da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados. Batizado de Polo de Agricultura Irrigada do Centro-Sul de Mato Grosso do Sul, abrange 26 municípios que já agregam cerca de 80 mil hectares de lavouras irrigadas.

Esse será o 14º Polo de Agricultura Irrigada do País, criado e coordenado pelo Ministério de Integração e Desenvolvimento Regional.  No evento de lançamento do Polo, esteve presente uma equipe técnica do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, além de técnicos da Embrapa, da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), o coordenador de Agricultura da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Fernando Nascimento, e agricultores que já utilizam ou que pretendem irrigar suas lavouras.

O Governo do Estado também lançou, em julho deste ano, o Programa Estadual de Irrigação (MS Irriga). O plano se configura como um propulsor para o desenvolvimento de uma agricultura tecnológica, estratégica e sustentável, impulsionando o Estado rumo a um futuro inclusivo, próspero, verde e digital, conforme definiu na época o secretário da Semadesc, Jaime Verruck. 

Agricultura irrigada em Mato Grosso do Sul

Até julho, o Estado já somava 320.304 hectares de agricultura irrigada, com aumento de 63% entre 2015 e 2024. Somente com pivôs centrais são irrigados 84 mil hectares (902 pivôs) em 53 municípios, com lavouras de soja, milho e pastagens.

Com a criação do Polo, os Governos Estadual e Federal concentram esforços nos municípios abrangidos para concretizar os projetos, que demandam sobretudo, investimentos, infraestrutura e energia elétrica. O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Denilton Flumignam, analisou a área que compreende o Polo e assegura que há segurança hídrica para suprir a demanda.

Ele citou números de experimentos feitos pela Embrapa demonstrando a importância da irrigação para elevar a produtividade. Num período de três anos, em área plantada pela Embrapa foram colhidas 172 sacas de soja com irrigação, enquanto que em espaço equivalente, sem irrigação, rendeu 134 sacas do mesmo produto. Já o rendimento do milho é ainda maior: 407 sacas com irrigação e 253 sacas sem irrigação.

O Governo Federal aposta na irrigação para potencializar a produtividade das lavouras e conseguir safras maiores sem ocupar novas áreas com a Agricultura. A diretora do Departamento de Irrigação do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, Larissa Rego, afirmou que o País tem um potencial gigante nessa perspectiva: cerca de 55 milhões de hectares aptos a receber irrigação. Atualmente, apenas 8,5 milhões de hectares são irrigados em nível nacional e o Brasil já ocupa a 6ª colocação entre os países que utilizam essa tecnologia de produção.

Mato Grosso do Sul tem cerca de 4,9 milhões de hectares que podem receber irrigação, todos localizados na Bacia do Rio Paraná, conforme explicou Nascimento. Desse total, 2,4 milhões de hectares são classificados com alta aptidão para receber irrigação, o que coloca o Estado em segundo lugar em nível nacional em ranking de competitividade.

Foto: Afrânio Pissini
Foto: Afrânio Pissini

A ideia é usar a estratégia da irrigação para ampliar o potencial das lavouras, tanto em produtividade quanto em capacidade, explicou a diretora executiva da Associação de Irrigantes do Estado (AIEMS), Daniele Coelho Marques. A irrigação das lavouras permite o cultivo de três safras ao ano. Além da soja e do milho, outra cultivar com ciclo mais rápido pode ocupar as lavouras no intervalo dessas safras.

A ideia do Governo do Estado é incentivar o cultivo de produtos que são importados dos estados vizinhos para abastecer o mercado interno, sobretudo frutas e hortaliças. A irrigação permite que se produza com eficiência essas variedades, com risco mínimo de perdas e alta produtividade, sendo uma alternativa muito importante para pequenos produtores.

Estudos apresentados durante a oficina demonstram que a Agricultura Irrigada pode gerar muitos empregos (a meta é 4,5 milhões de empregos diretos e indiretos em todo País), aumentar o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da localidade, que se traduz em melhores condições de vida para as famílias; diminuir o êxodo rural permitindo que os jovens permaneçam no campo e contribuir para uma gestão responsável dos recursos naturais e da conservação ambiental em geral, na medida em que se tem na água o principal insumo, sendo vital que as nascentes e mananciais sejam preservados.

Municípios

Os municípios que passam a integrar o Polo de Agricultura Irrigada do Centro-Sul de Mato Grosso do Sul são: Anaurilândia, Angélica, Antonio João, Batayporã, Caarapó, Deodápolis, Douradina, Dourados, Fátima do Sul, Glória de Dourados, Itaporã, Ivinhema, Jateí, Juti, Laguna Carapã, Maracaju, Naviraí, Nova Alvorada do Sul, Nova Andradina, Novo Horizonte do Sul, Ponta Porã, Rio Brilhante, Sidrolândia, Taquarussu, Vicentina e Ribas do Rio Pardo.

A oficina que formatou a seção estadual do programa estendeu-se durante todo o dia. Na parte da manhã, além das apresentações com dados da área irrigada de todo país, potencialidades e metas, foram escolhidos o nome do polo, abrangência e membros do Grupo Gestor. Na parte da tarde os participantes puderam opinar sobre as principais demandas e estratégias para superá-las.

O Polo de Agricultura Irrigada do Centro-Sul de Mato Grosso do Sul tem o apoio da Semadesc, da Embrapa e da Associação de Irrigantes.

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