Presidente executivo do Conselho Nacional do Café participa da 112ª Sessão do Conselho Internacional do Café

28.02.2014 | 20:59 (UTC -3)

O presidente executivo do Conselho Nacional do café (CNC), Silas Brasileiro, integrará a comitiva nacional que participará da 112ª Sessão do Conselho Internacional do Café da Organização Internacional do Café (OIC), que será realizada de 1º (reuniões prévias no sábado e domingo) a 7 de março, na sede da entidade, em Londres (ING). Na condição de principal representante do setor produtor, o CNC apresentará uma pauta de reivindicações que vem ao encontro das necessidades emergenciais e também das essenciais à cafeicultura brasileira e mundial, conforme descrevemos abaixo.

ESTATÍSTICAS — Entendemos que é fundamental a revisão do sistema de coleta, análise e divulgação de dados estatísticos do setor feita pela OIC, de maneira que se alcance a máxima transparência da economia mundial do café e se mitigue as especulações existentes sobre exportação, consumo e, em especial, safras. Para tanto, sugeriremos a redução dos diferenciais entre as estimativas divulgadas por entidades privadas e oficiais para que as nações produtoras possam planejar os investimentos em crescimento da oferta de acordo com as tendências do consumo. Além disso, solicitaremos maior agilidade na divulgação das informações e a construção de projeções tecnicamente fundamentadas, o que auxiliará na redução das incertezas que, muitas vezes, resultam no aviltamento dos preços recebidos pelos produtores.

PROMOÇÃO GLOBAL DO CAFÉ — Em função dos baixos investimentos, resposta do setor produtivo aos preços não remunerativos praticados em 2013, e do impacto das recentes adversidades climáticas, espera-se uma convergência entre os níveis de produção e consumo mundial de café a partir da temporada 2014/15. No entanto, a tendência nas nações produtoras é de retomada dos investimentos que gerarão novos incrementos da quantidade ofertada. Dessa forma, pensando em longo prazo e visando à redução de futuros excedentes na oferta mundial, o CNC entende como fundamental o desenvolvimento de estratégias de marketing que incrementem e fidelizem o consumo do café em mercados não tradicionais, a exemplo dos países asiáticos e do leste europeu.

Recordamos que a promoção global do café foi uma matéria amplamente debatida e considerada prioritária no seminário “Rumos da Política Cafeeira”, que organizamos, em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em Brasília (DF), nos dias 18 e 19 de dezembro de 2013. Na oportunidade, representantes dos diferentes segmentos da cadeia café anuíram sobre a necessidade de construção de uma estratégia de promoção mundial em conjunto com outras nações produtoras, ressaltando os benefícios da bebida para a saúde e sua interface com esportes e bem-estar.

Também foi consensual o fato de que o Brasil, como maior produtor do mercado, beneficiar-se-ia por campanhas genéricas promovidas pela Organização Internacional do Café para o aumento do consumo. Além disso, o CNC conduzirá essa discussão na OIC, pois, como principal organismo intergovernamental do setor, que congrega governos exportadores e importadores, a entidade é o fórum adequado para o encaminhamento desta demanda.

BRASIL, O PAÍS DO CAFÉ SUSTENTÁVEL — É crescente a valorização do critério “sustentabilidade da produção” nos mercados consumidores de café. Os grandes torrefadores têm se comprometido a aumentar a demanda por cafés certificados e/ou verificados, sendo que, em 2015, aproximadamente 25% das vendas mundiais serão de “cafés sustentáveis”. Por outro lado, notamos que as três dimensões da sustentabilidade – econômica, social e ambiental –, muitas vezes, não têm sido respeitadas nos processos de certificação e verificação.

As regiões produtoras têm suas economias locais dependentes da cafeicultura e, em termos nacionais, é significativo o peso do café no equilíbrio das balanças comerciais. Por isso, o CNC acredita que garantir um preço justo pelo café sustentável – a dimensão econômica – é essencial para que os processos produtivos continuem respeitando o meio ambiente e o ser humano, além de evitar “convulsões sociais” decorrentes do empobrecimento regional.

Em relação às dimensões social e ambiental, o setor produtivo brasileiro considera injusto que os diferentes processos de certificação e verificação coloquem em condições de igualdade as nações produtoras que possuem padrões e exigências tão diferenciadas em relação ao respeito do meio ambiente e às condições de trabalho. Nesse quesito, destacaremos que a cafeicultura nacional é uma das mais exigentes e responsáveis do mundo no que diz respeito às questões sociais e ambientais.

No Brasil, a atividade cafeeira é desenvolvida com base em rígidas legislações trabalhistas e ambientais impostas pelo Governo Federal. São leis que respeitam a biodiversidade e todas as pessoas envolvidas na cafeicultura e punem rigorosamente qualquer tipo de trabalho escravo e/ou infantil nas lavouras. Exporemos, ainda, que essa legislação é a mais rigorosa entre os países produtores de café.

Em um mercado consumidor mundial que valoriza cada vez mais o tema sustentabilidade, os cafés brasileiros precisam ser reconhecidos e premiados por sua realidade produtiva diferenciada. Mas, infelizmente, não é isso que observamos. Temos falhado na divulgação de nosso rígido arcabouço institucional, pois os setores brasileiros de café, madeira, carne e moda são reconhecidos como pouco sustentáveis em países estratégicos como Alemanha, França, Itália e Inglaterra, por exemplo.

Dessa forma, defenderemos a ampliação dos debates sobre os processos de certificação e verificação do café, de maneira que passem a valorizar os produtos das nações com rígidas estruturas institucionais para as relações trabalhistas e proteção do meio ambiente, sempre respeitando as três dimensões da sustentabilidade.

TRASFERÊNCIA DE TECNOLOGIA E COOPERAÇÃO INTERNACIONAL — O setor produtivo brasileiro também fará um alerta para a necessidade de cautela na condução da política de cooperação internacional do País, especialmente no tocante à transferência de tecnologia. O Brasil não deve incentivar e facilitar a transferência dos conhecimentos tecnológicos e científicos desenvolvidos com o empenho de valiosos recursos da nação aos concorrentes, sob a pena de sofrer as consequências do aumento da oferta desses países – baixos preços aos cafeicultores, com graves impactos econômicos e sociais nos municípios produtores.

Em Londres, aproveitaremos a oportunidade para apresentar um documento encaminhado pela Fundação Procafé ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e ao Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), em 2013, o qual expressa preocupação com as exportações de sementes certificadas de café aos países concorrentes. Ratificaremos, portanto, nossa posição contrária à exportação dos conhecimentos gerados pelas pesquisas brasileiras, principalmente das sementes certificadas das cultivares desenvolvidas pela Fundação Procafé e pelas demais instituições componentes do Consórcio Pesquisa Café.

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