Levantamento sobre tendências em agricultura digital segue até 31 de maio
Os resultados do levantamento vão orientar novas pesquisas e inovações, além de ajudar nas estratégias de fortalecimento de pequenos negócios que ofereçam soluções digitais
A pesquisadora da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que atua no Instituto Biológico (IB), da Agência Paulista de Pesquisa Agropecuária (APTA), Silvia Galleti, é a editora responsável, dentro da SciELO Preprints, pelos artigos das Ciências Agrárias, área do conhecimento que abriga 12% dos periódicos e 17% dos artigos indexados na base SciELO. "Por enquanto, estamos avaliando os artigos de ciências agrárias relacionados ao novo coronavírus. Essa grande área do conhecimento pode contribuir muito para o momento que estamos vivendo, já que trabalhamos em alimentação, algo fundamental para dar suporte à saúde. Além disso, esse é um setor com grande participação na economia nacional", explica Silvia, que é editora-chefe da revista Arquivos do Instituto Biológico (AIB), e, em 2019, foi eleita para representar os editores dos periódicos de Ciências Agrárias no Conselho Consultivo da SciELO.
O diretor do Programa SciELO, Abel L. Packer, também vê relevância dessa área do conhecimento no atual momento de pandemia, que traz impactos globais, nacionais e locais em todos os aspectos da sociedade, além da medicina, saúde mental, saúde pública e individual. "Temos impactos tremendos na economia, no modo de vida, nas atitudes e na alimentação. Então, a expectativa é que as Ciências Agrícolas e suas diferentes áreas temáticas e disciplinas contribuam decisivamente nas dimensões econômicas e sociais. Com a urgência de comunicação de novos conhecimentos, o preprint se consolida como o meio inicial do fluxo da comunicação científica", afirma.
Além da questão econômica e da produção de alimentos, as ciências agrárias podem contribuir de forma significativa para novos estudos relacionados à sanidade animal, que podem impactar a saúde humana, além de trazer respostas a novos hábitos e preocupações decorrentes da pandemia, como a questão das embalagens expostas em supermercados. "Vários estudos e pesquisas podem surgir. As Ciências Agrárias são uma área muito ampla e rica, que pode trazer contribuições significativas para o momento que estamos vivendo", afirma Silvia.
O uso da modalidade de publicação preprint não é algo novo. Silvia explica que ela surgiu há cerca de 30 anos no exterior. A grande novidade é os pesquisadores brasileiros terem uma plataforma nacional para a publicação deste tipo de artigo. "Antes, os pesquisadores do País que desejavam disponibilizar seus trabalhos em preprint lançavam mão de plataformas do exterior. Muitos cientistas, porém, por desconforto ou timidez, não faziam uso dessas plataformas internacionais; por isso, acreditamos que um servidor brasileiro vai facilitar o uso pelos cientistas do País", explica a pesquisadora do IB.
O servidor SciELO Preprints é o primeiro no Brasil a oferecer essa modalidade. De acordo com Packer, há alguns anos a biblioteca eletrônica trabalhava para iniciar as operações que estavam previstas para junho deste ano. "Ele se tornou uma necessidade essencial, por dotar os pesquisadores do Brasil com um meio de comunicação rápida das suas pesquisas relacionadas com a pandemia do novo coronavírus", afirma.
Segundo o diretor do Programa SciELO, o servidor inova no Brasil enriquecendo o modelo clássico de publicação científica pela inclusão do manuscrito na condição de preprint como objeto de comunicação e início formal do fluxo de editoração científica. Com isso, o pesquisador passa a ter maior controle sobre a divulgação dos resultados das suas pesquisas e já não depende da espera do processo de avaliação e edição dos periódicos.
A grande vantagem desse tipo de publicação, para Silvia, é que, de forma rápida, é possível compartilhar resultados alcançados pelos pesquisadores, que servem para estudos de outros cientistas. Além disso, é possível que o autor do preprint receba diversas contribuições antes da conclusão do estudo, trazendo mais qualidade aos trabalhos, que poderão ainda ser publicado na versão tradicional, revisada pelos pares.
"Há um avanço notável na rapidez de comunicação e os autores asseguram precedência de descobertas, ideias e propostas. Entretanto há o senão muito sério, pois preprints são manuscritos ainda não publicados por um periódico, ou seja, não é uma versão de registro reconhecido da pesquisa. Há preprints submetidos pelos autores, que não foram revisados por pares, e há preprints submetidos por periódicos, que foram revisados por pares, mas estão ainda em processo de editoração e publicação da versão final. Com o SciELO Preprints, a infraestrutura de pesquisa do Brasil enriquece sua capacidade de publicação e alinha-se com o estado da arte", explica Packer.
O SciELO Preprints faz parte de um conjunto de ações de transição dos periódicos de qualidade para a ciência aberta, um modelo de prática científica que visa à disponibilização das informações em rede, de forma oposta à pesquisa fechada dos laboratórios.
Além da publicação de preprints, faz parte desse conceito a necessidade de citação e referência dos dados, métodos, materiais e outros conteúdos subjacentes aos artigos científicos. A ideia da SciELO, segundo Packer, é estimular que as revistas científicas promovam a abertura progressiva do processo de avaliação dos artigos, com o objetivo de fortalecer e ampliar a transparência em todo o processo de comunicação científica, contribuir para melhorar a avaliação, a replicabilidade das pesquisas, preservação e reuso dos dados e outros materiais utilizados.
"O impacto da adoção ciência aberta é estrutural e, portanto, vai afetar as agências de pesquisa, as instituições, os projetos, os pesquisadores, os periódicos, os índices bibliográficos e os sistemas de avaliação. O preprint é, assim, um componente da renovação da maneira de pesquisar e comunicar", afirma.
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