​Pesquisadora do IAC apresenta recomendações gerais de conservação do solo para a cultura da cana

Palestra será na XX Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água, no Paraná

18.08.2016 | 20:59 (UTC -3)
Carla Gomes

Informações sobre a conservação do solo na cultura da cana-de-açúcar resultantes de estudos desenvolvidos no Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), serão apresentadas na XX Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água, que será realizada de 20 a 24 de novembro de 2016, em Foz do Iguaçu, no Paraná. O eventotem o objetivo de promover sistemas sustentáveis de uso de solo e água para todos os biomas brasileiros.

A pesquisadora da Secretaria que atua no IAC, Isabella Clerici De Maria, responsável por pesquisas em manejo e conservação do solo na canavicultura, fará a palestra “Análise de práticas e recomendações técnicas para a conservação do solo em cana-de-açúcar”, no dia 21 de novembro. Neste mesmo dia, a pesquisadora da SAA vinculada ao IAC, Sonia Carmela Falci Dechen, fará a palestra “A dificuldade de controle da erosão em solos agrícola em pleno século XXI”.

No IAC, os projetos de pesquisa nesta área estão voltados para a avaliação dos efeitos do manejo da cultura sobre a qualidade física do solo e para a análise de perdas de terra e de água por erosão, que são importantes para definir modelos voltados ao dimensionamento de práticas conservacionistas.

De acordo com Isabella, o principal desafio nessa área é adequar práticas conservacionistas e sistemas de manejo do solo e da cultura às mudanças do sistema de produção da cana-de-açúcar, por meio do desenvolvimento de novas tecnologias para o controle da erosão.

Isabella explica que o manejo totalmente mecanizado da cana-de-açúcar, do plantio à colheita, com trânsito intenso sobre solo, considerando que muitas operações mecanizadas e diferentes equipamentos são necessários, impacta significativamente o solo. “O principal problema na cultura atualmente é a compactação do solo, com prejuízo para a estrutura do solo e para a infiltração de água, o que pode levar ao aumento de processos erosivos. Em nenhuma outra cultura a pressão sobre o solo é tão grande”, afirma.

As recentes alterações no modo de produção da cana-de-açúcar resultaram em novos desafios na conservação do solo, segundo a pesquisadora. A flexibilidade da época do plantio, por exemplo, pode ser um problema se áreas com maior risco de erosão forem plantadas na época mais chuvosa, mas, em alguns solos, é possível realizar o plantio em período mais seco. Assim, o fator flexibilidade passou a integrar o planejamento conservacionista. “Mas as safras mais longas e as colheitas em épocas em que a umidade do solo está muito alta provocam compactação”, completa.

Outra ocorrência que pode prejudicar o solo é a retirada da palha para cogeração de energia. “O recolhimento da palha deve ser feito com critério, de forma que esse resíduo seja mantido em épocas e locais críticos para ajudar no controle da erosão”, orienta.

Para Isabella, as práticas conservacionistas ainda geram incertezas, pois vêm sendo adaptadas e nem sempre apresentam bons resultados. “Elas precisam ser avaliadas em diferentes condições para que possa ser feita uma recomendação segura”, afirma.

Na canavicultura, alguns conceitos conservacionistas já foram totalmente incorporados pelos técnicos. Por exemplo: ações de controle de enxurrada não devem ser utilizadas de forma isolada e precisam ser precedidas de práticas de manejo que aumentem a cobertura vegetal e a infiltração de água no solo. A pesquisadora explica que a conservação deve ser específica para cada local, com base na capacidade de uso do solo. “Entretanto, ainda é comum em grandes áreas, em que há variação de solo e relevo, só ser utilizado um único dimensionamento das práticas mecânicas e um mesmo sistema de manejo”, diz.

Para o secretário de Agricultura, Arnaldo Jardim, as pesquisas do IAC contribuem para elevar a competitividade e a sustentabilidade da atividade sucroenergética do Estado de São Paulo, além de reduzir riscos da degradação do solo e promover conservação dos recursos naturais. “A transferência de tecnologias é parte dessas ações e atendemos à orientação do governador Geraldo Alckmin de levar informações aos setores de produção”, disse.

Todas as informações sobre a XX Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água estão no site http://www.rbmcsa2016.com.br/ e a inscrição de trabalhos técnicos e científicos pode ser feita até 20 de agosto de 2016.

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