Períodos chuvosos são favoráveis para pinta preta e exigem proteção adequada dos pomares

Além de favorecer as infecções dos frutos pelo fungo causador da doença, esses períodos chuvosos mais intensos também podem comprometer a eficiência de controle, bem como o programa de proteção adotado nas fazendas de citros

17.02.2022 | 16:59 (UTC -3)
Fundecitrus
Além de favorecer as infecções dos frutos pelo fungo causador da doença, esses períodos chuvosos mais intensos também podem comprometer a eficiência de controle, bem como o programa de proteção adotado nas fazendas de citros. - Foto: Divulgação Fundecitrus
Além de favorecer as infecções dos frutos pelo fungo causador da doença, esses períodos chuvosos mais intensos também podem comprometer a eficiência de controle, bem como o programa de proteção adotado nas fazendas de citros. - Foto: Divulgação Fundecitrus

O início de 2022 foi marcado pela ocorrência de chuvas frequentes e intensas no parque citrícola paulista. Essa condição de umidade prolongada exige atenção à proteção dos pomares contra a pinta preta, doença que atinge os citros e é responsável por elevada queda prematura de frutos. Além de favorecer as infecções dos frutos pelo fungo causador da doença, esses períodos chuvosos mais intensos também podem comprometer a eficiência de controle, bem como o programa de proteção adotado nas fazendas de citros.

O pesquisador do Fundecitrus Geraldo Silva Jr ressalta que “no estado de São Paulo, as infecções dos frutos por pinta preta costumam ocorrer desde a queda de pétalas, em setembro/outubro, e podem se estender até o fim do período chuvoso, geralmente em abril. É nesse período que o manejo da doença tem sido realizado nos pomares paulistas”.

Impactos da doença

Além de provocar a queda de frutos, podendo reduzir em até 85% a produção das plantas, a pinta preta deixa a fruta com aparência manchada, prejudicando a sua comercialização no mercado in natura e também a exportação para outras regiões, como a Europa.

Na safra 2020/21, a pinta preta foi responsável pela queda de aproximadamente 3% dos frutos, cerca de 10,21 milhões de caixas. Os maiores danos da doença têm ocorrido em pomares mais velhos e de variedades de maturação tardia, principalmente em plantas mal nutridas ou afetadas por outras doenças.

Recomendações de manejo

O manejo da pinta preta se inicia com a adoção de medidas que previnam a entrada do fungo causador na área. Depois que a pinta preta está instalada em um pomar, não há medidas de controle que eliminem a doença. Assim, com a doença estabelecida, o manejo deve ser realizado com diferentes estratégias associadas, geralmente com os controles químico e cultural.

Os diferentes estudos conduzidos pelo Fundecitrus em parceria com a Esalq-USP têm demonstrado que o fungo causador da pinta preta pode ser produzido nos pomares paulistas de outubro a março, que consiste na época com maiores volumes e frequências de chuvas e períodos mais prolongados de molhamento das plantas. Além disso, os frutos nessa época estão verdes e na fase de maior suscetibilidade às infecções pelo fungo, principalmente entre novembro e janeiro. “Portanto, a atenção ao manejo da doença deve ser redobrada durante o período chuvoso e a proteção dos frutos deve ser realizada em todas as variedades de laranja com o uso de produtos mais eficientes, como as estrobilurinas”, enfatiza Silva Jr.

De março em diante, as chuvas tendem a reduzir e o manejo passa a ser prioritário em pomares mais velhos das variedades de maturação meia-estação e tardias. Como as variedades precoces são colhidas geralmente em junho e julho, não há tempo suficiente para a expressão significativa dos sintomas de pinta preta em infecções de frutos a partir de março. Alguns estudos mostraram que, embora a infecção possa ocorrer nas diferentes fases de desenvolvimento dos frutos, seja em verdes ou maduros, os sintomas relacionados com a queda prematura são expressos em maiores quantidades de 100 a 360 dias após a infecção.

O uso do óleo mineral ou vegetal também auxilia no controle da doença. Para as variedades precoces e em pomares jovens, é indicado pouco ou nenhum uso de óleo, enquanto para as variedades tardias e em pomares mais velhos, a recomendação é que seja utilizado óleo em dose de 0,25% (5 L/2000 L).

“É importante destacar que o sucesso do manejo está fortemente relacionado com a tecnologia de aplicação empregada”, finaliza Silva Jr. Os pulverizadores precisam estar regulados e calibrados, as doses dos produtos, a velocidade de aplicação e o volume de calda devem ser adequados, bem como os pomares devem ser podados para que os ramos das plantas não toquem nos bicos, o que pode comprometer a aplicação.

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