NASA aponta queda acentuada nos níveis de água doce global

Dados de satélites mostram redução drástica no armazenamento terrestre de água com implicações para o aumento do nível dos oceanos

18.11.2024 | 07:44 (UTC -3)
Revista Cultivar
Mapa mostra os anos em que o armazenamento de água terrestre atingiu um mínimo de 22 anos (ou seja, a terra estava mais seca) em cada local, com base em dados dos satélites GRACE e GRACE/FO - Imagem do Observatório da Terra da NASA/Wanmei Liang com dados de Mary Michael O’Neill
Mapa mostra os anos em que o armazenamento de água terrestre atingiu um mínimo de 22 anos (ou seja, a terra estava mais seca) em cada local, com base em dados dos satélites GRACE e GRACE/FO - Imagem do Observatório da Terra da NASA/Wanmei Liang com dados de Mary Michael O’Neill

Queda acentuada nos níveis de água doce global foi detectada entre 2014 e 2016. Até agora os níveis não se recuperaram, de acordo com dados de satélites da NASA. A queda foi acompanhada por uma série de secas em vários continentes e coincidiu com um aumento significativo no nível dos oceanos. A principal causa apontada para este fenômeno é uma sequência de eventos climáticos como El Niño, associados a uma possível contribuição do aquecimento global.

Os dados dos satélites GRACE e GRACE-FO, que monitoram a distribuição da água terrestre ao redor do planeta, indicam que o armazenamento terrestre de água (TWS, na sigla em inglês) caiu abruptamente entre maio de 2014 e março de 2016.

Desde então, a água terrestre não se recuperou aos níveis anteriores, mantendo-se cerca de 1 cm abaixo do nível equivalente em altura d'água em relação ao período anterior. A queda teve início com uma seca intensa no nordeste da América do Sul e foi seguida por secas em outros quatro continentes, o que impediu a recuperação dos níveis globais de água terrestre.

Embora as secas estejam ligadas principalmente às ocorrências consecutivas de eventos El Niño entre 2014 e 2016, o estudo levanta a hipótese de que o aquecimento global possa ter agravado a situação ao aumentar a evapotranspiração e a frequência de eventos de seca.

Além disso, desde 2015, a discrepância entre duas estimativas independentes do nível médio dos oceanos também vem sendo investigada: uma baseada nos dados do GRACE e outra a partir de dados de altimetria de satélites combinados com medições de temperatura do oceano obtidas por flutuadores Argo. Não há, contudo, evidências de que a divergência esteja relacionada diretamente com a queda no armazenamento terrestre de água.

O estudo destaca ainda a contribuição dos eventos de seca que ocorreram após a seca na América do Sul, indicando que eles tiveram papel crucial na manutenção dos baixos níveis de TWS.

A queda abrupta e o comportamento subsequente dos níveis de água terrestre são considerados eventos únicos dentro da série histórica dos dados do GRACE, que começou em 2002. A queda não foi acompanhada por uma recuperação significativa, diferentemente de eventos anteriores, que mostraram recuperação em poucos meses.

Mais informações podem ser obtidas em doi.org/10.1007/s10712-024-09860-w

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