Nanotecnologia e reciclagem de fósforo são destaque no terceiro dia do 16ºWFC

23.10.2014 | 21:59 (UTC -3)

No terceiro dia do 16th World Fertilizer Congress of CIEC (Congresso Mundial de Fertilizantes da CIEC), organizado pela Embrapa Solos, os temas de mais destaque foram reciclagem de fósforo e nanotecnologia em fertilizantes. O evento tem reunido 400 congressistas de várias partes do mundo, numa verdadeira babel em torno do mesmo tema: inovação tecnológica para uma agricultura tropical sustentável.

E é sustentabilidade exatamente o foco de pesquisa do cientista Philip White, do Instituto James Hutton, Reino Unido. Ele propõe a reciclagem do fósforo. "A agricultura do presente e do futuro precisa de fertilizantes e há expectativas de que o fósforo vá se extinguir nos próximos anos ou séculos. Seja como for, é um recurso limitado". Assim, para aumentar o tempo que o mineral poderá continuar sendo utilizado na agricultura, o cientista propõe que ele seja reaproveitado. "Se reciclarmos todas as fontes possíveis, teremos mais fósforo para a agricultura do que precisamos" , afirma White.

As fontes do mineral são as mais diversas possíveis: compostagem, sangue, ossos, resíduos de destilaria, gesso, cinza, resíduos da indústria de alimentos, etc. "Só dos resíduos das plantações de trigo seria possível extrair 11,1 toneladas de fósforo", contabilizou o cientista, que defende a extração deste mineral também da compostagem e do esgoto, após tratamento. "O Reino Unido queima 300 milhões de libras ao incinerar toneladas de carne. Essa carne poderia ser aproveitada para a geração de fósforo", enfatiza White.

Na palestra seguinte, Christian Dimkpa, pesquisador do Virtual Fertilizer Research Center (VFRC) mostrou como a nanotecnologia pode ser aplicada aos fertilizantes. Sua pesquisa tem demonstrado como metais tóxicos, como a prata por exemplo, se usadas em nanopartículas, podem ajudar no crescimento das plantas. "Hoje em dia já há no mercado 1.300 nano-produtos disponíveis no mercado, valendo 3 trilhões de dólares", disse Dimkpa, ponderando que a nanotecnologia apresenta riscos e benefícios para a agricultura, dependendo do tipo de material utilizado e a dosagem empregada.

Em seus experimentos com prata, por exemplo, o cientista obteve bons resultados no desenvolvimento de trigo e plantas ornamentais. Resultado semelhante ele obteve com o uso do zinco, ferro e do manganês. Segundo Dimkpa, a nanopartícula é capaz de entrar na célula do vegetal.

Nanotecnologia é estudada pela Embrapa

A Embrapa criou desde 2006 a Rede de Nanotecnologia Aplicada ao Agronegócio – Rede AgroNano – que se estabeleceu como uma geradora de conhecimentos e de novas aplicações na realidade brasileira para esta área de fronteira. Durante sua primeira fase (2006 – 2010) construiu bases para o conhecimento científico e incorporação das nanotecnologias às atividades da Embrapa, agregando número significativo de parceiros de elevada competência que garantiu o sucesso desta rede de pesquisa, revelado pela sua continuidade.

A Rede AgroNano surgiu com a proposta de avançar na fronteira do conhecimento em nanotecnologia, aplicado ao agronegócio, com uma abordagem diferenciada às linhas tradicionais de pesquisa em nanotecnologia. Desde seu início, integrou várias unidades da Embrapa com diversas universidades de reconhecida produção em nanotecnologia, permitindo explorar a aplicação da nanotecnologia para aumentar a competitividade e a sustentabilidade do agronegócio brasileiro, demandando esforços de coordenação para o estabelecimento apropriado de parcerias em busca da melhoria da qualidade de produtos e de processos, e do desenvolvimento de novos usos de produtos de origem agropecuária.

Hoje, a Rede AgroNano em sua segunda fase (2011 - 2015) conta com mais de 150 pesquisadores, especialistas de competência reconhecida em áreas essenciais para o desenvolvimento deste projeto, como física, química, bioquímica, biologia, agronomia, zootecnia e engenharias. Tal grupo permitiu que a Rede incorporasse, além daqueles desafios originais que a estabeleceram, novos horizontes como a avaliação de impactos das nanotecnologias aplicadas ao agronegócio e a incorporação sistemática de estratégias de transferência de tecnologia para a área.

Essas atividades, somadas ao intenso trabalho técnico que vem desde a primeira fase em áreas como sensores, filmes finos comestíveis e membranas, biopolímeros, nanopartículas de origem natural, embalagens funcionais para alimentos, novos materiais aplicados ao agronegócio, sistemas de liberação controlada, entre outros, resultaram num grupo de pesquisadores fazendo ciência e tecnologia de qualidade, verdadeiramente contextualizada às necessidades brasileiras.

O congresso termina hoje, dia 23, com apresentações de vários temas, como aproveitamento de rochas como fertilizantes, por exemplo.

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