Movimento Pró-logística é lançado em Mato Grosso

22.08.2009 | 20:59 (UTC -3)

Entidades dos setores da agropecuária, indústria, comércio e serviços e da sociedade de Mato Grosso assinaram Protocolo de Intenções para marcar o lançamento do Movimento Pró-Logística.

O event ocorreu na quinta-feira (20/08) no Auditório da Famato em Cuiabá e contou com a presença do Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Reinhold Stephanes . O objetivo é convergir agendas estratégicas para agilizar obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e inserir outros projetos no programa do governo federal.

As entidades querem sensibilizar todas as esferas do poder público e, para tanto, elaboraram um documento técnico que mostra que os investimentos em infraestrutura de logística provocam efeitos positivos que vão além dos resultados obtidos com a redução nos custos do frete de transporte. Os benefícios sociais vão desde a geração de emprego e renda até as áreas de educação e saúde.

A grande preocupação está no custo do frete, tanto na vinda de insumos e de produtos acabados que são consumidos no estado, quanto na saída da produção, seja ela agrícola ou industrial, que tornam os preços dos produtos e mercadorias mais caros em Mato Grosso.

Se o valor do frete em Mato Grosso for reduzido em US$ 20 por tonelada com a implantação de projetos de rodovias, hidrovias e ferrovias, apenas com o escoamento da soja e milho, significa R$ 1 bilhão circulando anualmente no estado e que, com certeza, provocará um efeito dominó sobre as atividades industriais, comerciais e de prestação de serviços.

As entidades parceiras do Movimento Pró-Logística elegeram projetos de importância máxima. São eles, a Hidrovia Teles Pires/Tapajós, a Ferrovia Centro-Oeste, a BR-163 e as BRs 242 e 158. O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) elaborou um estudo que mostra os impactos econômicos, sociais e ambientais que essas obras provocarão no estado.

Benefícios socioambientais

O fim dos gargalos logísticos em Mato Grosso não está ligado apenas aos ganhos econômicos para os setores que necessitam diretamente da adequação dos modais de transporte para mover a atividade. Os benefícios também chegam à população de várias maneiras.

A redução do fluxo de carga pesada será um dos resultados positivos alcançados com a utilização compartilhada dos modais de transportes em Mato Grosso. Essa diminuição contribuirá, por exemplo, para que ambulâncias gastem menos tempo ao transportar pacientes e reduzirá os acidentes de trânsito nas estradas.

Outro resultado positivo é a possibilidade de incremento no fluxo de veículos de passeio nas rodovias, o que abre espaço para o desenvolvimento do turismo intermunicipal e melhoria no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) nas cidades-pólos e circunvizinhas.

Na área ambiental, a redução do fluxo de cargas nas estradas impacta fortemente na diminuição da emissão de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Com a construção da Hidrovia Teles Pires/Tapajós, por exemplo, a emissão do CO2 será reduzida em 95% para transportar a produção de toda a área de abrangência desse modal.

Estudo sobre impactos de obras de infraestrutura e logística é apresentado

Os representantes das entidades parceiras que compõem o Movimento Pró-logística apresentaram quinta-feira (20/08) em coletiva, o estudo técnico que considera fatores e os benefícios socioeconômicos e ambientais por meio da viabilização dos projetos prioritários de infraestrutura de logística para Mato Grosso.

De acordo com o coordenador do Movimento e consultor da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Edeon Vaz Ferreira, as conversas com os Ministérios e as agências federais ligadas aos modais de transportes já foram iniciadas. A meta é acelerar em 2010 a disponibilização de recursos, acompanhar de perto o andamento de processos licitatórios e das licenças ambientais destes projetos. "No caso da Ferrovia Centro-Oeste (novo nome dado a Leste-Oeste), por exemplo, em conversa com o presidente da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A – vinculada ao Ministério dos Transportes -, José Francisco das Neves, foi confirmado que já existe recurso para viabilizar o traçado de Uruaçu (GO) até Lucas do Rio Verde (MT), e para chegar até Vilhena (RO). Faltará fazer o levantamento de reservas indígenas e de áreas de proteção ambiental", explica.

Para o coordenador da Comissão de Logística e vice-presidente Leste da Aprosoja/MT, Marcos da Rosa, as entidades integrantes do Movimento irão também assumir o papel de acompanhar o andamento e a execução das obras que constam no estudo técnico. "Iremos estar atentos à aplicação dos recursos e pressionar para que tudo aquilo que for acordado e aprovado saia do papel, e que acima de tudo, se tenha qualidade, já que estamos pleiteando tanto obras com previsão de conclusão em curto e médio prazos, quanto de obras que demandam tempo, em média de 10 a 15 anos, como é o caso da hidrovia Teles-Pires Tapajós. Por isto a necessidade de agenda e ações estratégicas".

O presidente da Aprosoja/MT Glauber Silveira, destaca que os investimentos em logística de transporte são cruciais para levar a produção agrícola do estado à competitividade frente aos grandes produtores mundiais. "Queremos chamar a atenção e propor soluções para deficiências logísticas e, ao mesmo tempo, para as oportunidades que podem surgir com a implantação de novos projetos nessa área. A logística precisa mais do que nunca avançar na mesma velocidade em que a demanda mundial por Mato Grosso avança. Não é possível esperar, pois logo, não haverá condições de dar vazão a um estado que pode ampliar em 50% a produção, sem derrubar uma árvore sequer, apenas reaproveitando áreas de pastagem degradadas e outras que hoje estão subutilizadas".

O diretor da Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (FIEMT), Gustavo de Oliveira, frisou o quanto o custo desembolsado em virtude da falta de investimentos em logística é oneroso para todos do setor produtivo. "Se já é uma situação impraticável para a exportação dos produtos estaduais, imagina para comprar insumos. Um dos graves problemas é que, em todo o país, a infraestrutura do governo chega depois das ações da iniciativa privada, e se Mato Grosso é hoje o sexto maior exportador do país, muito se deve à classe produtiva, à audácia e coragem dos empresários. Portanto, vejo como fundamental essa união de forças e o grande desafio é trazer o governo conosco. Com isso, além do desenvolvimento econômico, teremos também um amplo ganho social".

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, destacou a importância do investimento nas obras para a sociedade mato-grossense. "Quando tivermos um sistema de transporte eficiente, todos os setores serão beneficiados com a redução nos custos dos produtos, ocasionados pela diminuição do valor do frete. Isso beneficiará diretamente todos os cidadãos mato-grossenses que poderão adquirir produtos, como os eletrodomésticos, por um preço menor. Isso significará mais dinheiro no bolso dos trabalhadores, dos comerciantes, empresários, produtores rurais, em fim, toda comunidade será beneficiada".

Prado completou ao falar da importância da multimodalidade dos transportes, com a implantação de um sistema integrado de rodovias, ferrovias e hidrovias. "Há séculos atrás, países como Portugal se desenvolveram através da navegação. Aliás, foi navegando que eles chegaram ao Brasil. Nós precisamos trazer isso para a nossa realidade" frisou.

Já o presidente da Frente Parlamentar de Logística de Transportes e Armazenagem (Frenlog), deputado federal Homero Pereira (PR), afirmou que recursos não são o problema para impulsionar obras de infraestrutura estratégica para Mato Grosso. A dificuldade, segundo ele, é a legislação ambiental brasileira. A demora para se obter um licenciamento e enfrentar embargos judiciais tem sido um ônus muito caro pago pela sociedade. Um exemplo disso é o custo que o governo federal deverá desembolsar para escoar milho de Mato Grosso aos portos. Cerca de R$ 1,5 milhão para três milhões de toneladas por falta de armazenagem.

De acordo com o presidente da Frente, o movimento iniciado em Mato Grosso terá junto a Frenlog uma aliada forte politicamente. "Vamos acompanhar os processos e projetos, exercer a pressão legítima de cobrar do governo o cumprimento dos compromissos com a logística brasileira. E Mato Grosso sendo um fomentador desse movimento, que deverá refletir em outros estados como Pará, Acre, Goiás, Rondônia entre outros", observou.

"A Acrimat participa desse movimento pela sua importância para o desenvolvimento desse estado. Hoje não temos logística para escoar nossa produção. A carne produzida em Mato Grosso para ser exportada tem que chegar aos portos de Santos e Paranaguá, o que torna nosso produto menos competitivo. O setor produtivo evoluiu a 120 por hora, enquanto que a infraestrutura caminha a 10 por hora. É histórica a desvantagem que os produtos mato-grossenses levam pela falta de estrada e outros modais de transporte. Nossa expectativa é que com a união de todo setor produtivo o processo de implantação desses modais seja acelerado e essa desvantagem diminua. Por isso acredito que esse movimento é justo e legítimo", destacou o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Mário Candia de Figueiredo.

"O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Mato Grosso vai contribuir de forma ativa, fiscalizando essas obras pleiteadas por entender que possuem foco no social, econômico e no desenvolvimento de novos modais de escoamento. Até por que são do Sistema Confea/Crea os profissionais que desenvolverão esses estudos, projetos e construirão as obras. Atualmente, além da sede do Conselho em Cuiabá, temos 21 inspetorias e dois escritórios regionais espalhados pelo estado de Mato Grosso para realizar o serviço de fiscalização", disse Rubimar Barreto, vice-presidente do Crea-MT.

Conforme o presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Gilson Ferrúcio Pinesso, a intenção da cotonicultura é propor ações que certamente mudarão o cenário social, econômico e, principalmente ambiental de Mato Grosso, dos Estados vizinhos, e que nos fazem divisas, e do Brasil. "Queremos, acima de tudo, como empresários rurais, que os projetos para implantar os modais, que facilitem e reduzam os custos de fretes, tornando os produtos do Estado competitivos em nível nacional e internacional, sejam concretizados para garantir o fomento do desenvolvimento agrícola brasileiro".

Já o presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Pedro Ferreira de Souza, ressaltou a importância do Movimento Pró-Logística, que reúne entidades de vários segmentos e setores produtivos. "A união de forças objetiva o foco das discussões e a busca por soluções mais rápidas para os problemas que afetam o Estado, notadamente os municípios. Os gestores apóiam as iniciativas que estão de acordo com as necessidades dos munícipes. O movimento garante a mobilização para desenvolver ações conjuntas que visam a melhoria na infra-estrutura de transporte e no escoamento da produção agrícola de diferentes regiões de Mato Grosso".

"O desenvolvimento do estado de Mato Grosso, em face da sua dimensão territorial, está estreitamente relacionado à existência de uma infraestrutura logística multimodal moderna, condição importante de competitividade para a sua produção", afirma o diretor do Sistema Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Mato Grosso (Fecomércio/MT)

Stephanes elogia criação de movimento Pró-Logística em MT

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes elogiou, sexta-feira (21), a iniciativa da Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja) de criar um movimento Pró-Logística. A ação foi lançada na noite dessa quinta-feira (20), em Cuiabá, durante a 3ª Bienal dos Negócios da Agricultura. Além de Stephanes, representantes de entidades dos setores da agropecuária, indústria, comércio e serviços, além da sociedade civil, participaram do evento.

O ministrou lembrou que Mato Grosso é um dos maiores produtores agropecuários do País, embora afetado por uma infraestrutura que contribui para aumentar os custos de escoamento. “Em reunião recente com o presidente Lula, mostrei fotos de caminhões atolados nas estradas da região para ilustrar a gravidade da situação”, disse. Segundo Stephanes, o governo deve entender o problema e a importância do setor para a economia brasileira.

Fontes: Assessoria de imprensa do Movimento Pró-Logística e Mapa (

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Divulgação: Aprosoja/MT -

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