Embrapa investe na destoxificação do pinhão manso

21.08.2009 | 20:59 (UTC -3)

Destoxificar a torta do pinhão manso (Jatropha Curcas L) viabiliza economicamente a cultura, pois permite o uso como fonte protéica em ração animal. Esta é uma das ações que a Embrapa busca colocar em prática para responder aos anseios do setor produtivo.

Visando resolver o problema da toxidez e diminuir riscos de impactos ambientais e a valoração do co-produto na nutrição animal a Embrapa Agroenergia vem desenvolvendo pesquisas, em parcerias internas com outros centros da empresa e com instituições externas.

A torta, resultante da extração do óleo das sementes de pinhão manso, constitui excelente adubo orgânico, rico em nitrogênio, fósforo e potássio. No entanto, a sua destinação para ração animal está impossibilitada devido à presença de fatores limitantes de natureza tóxica, alergênica e antinutricional.

Testes realizados com diversos animais como bovinos, caprinos, peixes, entre outros, comprovaram a toxidez da torta. Os primeiros sinais foram de diarréia, dispnéia, desidratação, perda de condição geral e morte.

Os efeitos estão relacionados à presença da curcina e do ésteres de forbol nos grãos. Mais recentemente, foi identificada uma proteína com potencial alergênico semelhante à albumina 2S da mamona.

Destoxificação da torta

Uma das estratégias é desenvolver processos que destruam os componentes tóxicos presentes na torta. A cientista da Embrapa Agroenergia responsável por esta pesquisa, Simone Mendonça, salienta que a transformação da torta de pinhão manso em um produto atóxico despertou a atenção de diversos pesquisadores no mundo. Avanços nesta área já têm ocorrido, no entanto não existe nenhum processo comprovadamente eficiente publicado ou patenteado até o momento. Chegar a este estágio é o grande desafio de pesquisa da Embrapa, afirma a cientista.

Atualmente, as pesquisas são desenvolvidas na Embrapa Agroenergia (Brasília/DF) e Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro/RJ) com a parceria das Universidades Estadual Norte Fluminense, UENF, e a de Brasília, UnB. Para realizar os trabalhos a instituições contam com recursos do PAC Embrapa e do CNPq no valor de aproximadamente 400 mil reais. Iniciada em setembro do ano passado, esta etapa será concluída no final de 2010. No próximo ano, com liberação de recursos da Finep, as unidades da Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral/CE) e Pecuária Oeste (Dourados/MS) passarão a integrar o grupo de pesquisa visando a realização de testes em caprinos e peixes.

Estas pesquisas serão apresentadas no 6º Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel que acontece 24 a 28 de agosto em Montes Claros/MG. Nos dias 11 e 12 de novembro, em Brasília, o MAPA, a Embrapa Agroenergia e a Associação Brasileira dos Produtores de Pinhão Manso realizam o I Congresso Brasileiro de Pesquisa em Pinhão Manso. Informações sobre este Congresso podem ser obtidas no site

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Melhoramento genético

É importante frisar que o principal componente tóxico presente é o éster de forbol, esclarece a Simone Mendonça. Tal é a sua importância que ele funciona como indicador, ou seja, se não estiver presente na semente, a “variedade” passa a ser conhecida como não-tóxica, embora os outros fatores alergênicos e antinutricionais continuem presentes.

A Embrapa também tem como estratégia de resolução do problema da toxidez da torta do pinhão manso a prospecção e identificação de materiais genéticos cujos grãos não apresentem éster de forbol. Não há relatos da existência de variedades não-tóxicas no Brasil, havendo registros em apenas uma região do México.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Agroenergia, Bruno Laviola, através do melhoramento genético é possível incorporara característica, ausência de ester de forbol, em cultivares comerciais. Para isso, este Centro de Pesquisa implantou o Banco Ativo de Germoplasma de pinhão manso com cerca de 200 acessos originados de diferentes regiões do País.

Visando ampliar a base genética, a Embrapa está firmando parcerias com instituições do México e de outros países da América Central para a introdução de materiais genéticos que atendam os objetivos do programa de melhoramento, finalizou Laviola.

Daniela Garcia Collares

Embrapa Agroenergia

/ (61) 3448-4845

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